A gente já falou aqui no blog sobre a importância — e eficácia — do estudo por questões na hora da preparação para a residência médica. Seus benefícios se destacam principalmente quando os objetivos são memorização de conteúdos e ganho de expertise sobre as provas das diferentes instituições. Por isso, hoje trouxemos 5 questões de Clínica Médica comentadas pra você testar seu conhecimento e ainda receber aquela ajudinha pra qualquer dúvida que surgir.
Vem conferir as 5 questões que separamos pra você!
SUS 2018 – Um paciente de 21 anos é admitido na sala de emergência sonolento e visivelmente desidratado. Segundo familiares, paciente apresenta diarreia e febre nos últimos 5 dias. Não há relato de comorbidades ou uso de medicações contínuas. Ao exame físico: REG, sonolento, Glasgow 11 (O3V3M5), desidratado IV+/IV+, pele fria. Taquicárdico, ausculta cardíaca em sopros. FC: 138 bpm e PA: 70 × 40 mmHg. Ausculta pulmonar sem achados. Taquipneico, FR: 27 irpm e saturação de 98% em ar ambiente. Abdome plano, normotenso, ruídos hiperativos e sem dor a palpação. Exames laboratoriais: hemograma com leucocitose, neutrofilia, desvio à esquerda e presença de granulações tóxicas. Contagem de plaquetas e coagulograma normais. Cr 2,8mg/dL e U 95 mg/dL. Na+ 148 mEq/L, K+ 3,0 mEq/L. Cl −120 mEq/L (VR 90-110 mEq/L). Albumina 4g/dL. Lactato 18 mg/dL (VR 18 mg/dL). Gasometria arterial: pH 7,0; HCO₃ de 5 mEq/L; pCO2 28 mmHg. Neste caso é correto afirmar que:
A. Há critérios para choque séptico segundo o estudo sepsis 3. Deve-se realizar expansão volêmica com coloides sintéticos; coleta de culturas; antibioticoterapia precoce.
B. Há critérios para choque séptico segundo o estudo sepsis 3. Deve-se realizar noradrenalina em acesso venoso periférico; coleta de culturas; antibioticoterapia precoce.
C. Não há critérios para sepse segundo o estudo sepsis 3. Deve-se realizar expansão volêmica com cristaloides balanceados; coleta de culturas e antibioticoterapia precoce.
D. Há critérios para sepse segundo o estudo sepsis 3. Deve-se realizar expansão volêmica com coloides sintéticos; coleta de culturas; antibioticoterapia precoce.
E. Há critérios para sepse segundo o estudo sepsis 3. Deve-se realizar expansão volêmica com cristaloides balanceados; coleta de culturas; antibioticoterapia precoce.
Galerinha, temos aqui um jovem de 21 anos, com um quadro abdominal agudo compatível com uma diarreia invasiva, que pela história de Febre e Leucocitose, podemos presumir se tratar de uma infecção.
Além disso, o paciente evolui com alterações de órgãos e sistemas à distância do sítio da infecção! Temos rebaixamento de nível de consciência, taquipneia, hipotensão arterial, disfunção renal Ora, intuitivamente, o que nosso paciente tem? Sepse, certo?
Mas precisamos dar um diagnóstico preciso, baseado em critérios!
E os critérios mais aceitos para definir Sepse são os que foram publicados em um documento de 2016 chamado de Sepsis – 3, cujo conhecimento é fundamental para as nossas provas!
O Sepsis – 3 define Sepse da seguinte forma:
Sepse é uma disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção!
Além dessa definição mais ampla, há a definição operacional:
Sepse = aumento de pelo menos 2 pontos no SOFA + Infecção
Já o SOFA, seria uma ferramenta para quantificar as disfunções orgânicas do paciente! Segue tabela demonstrando todos os seus critérios (não se preocupe em decorar valores, saiba apenas os itens que são avaliados!).
Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) score | |||||
Sistema | 0 | 1 | 2 | 3 | 4 |
Respiratório(Relação PaO2/FiO2) | > 400 | < 400 | < 300 | < 200 | < 100 |
Hematológico(Plaquetas) | > 150 | < 150 | < 100 | < 50 | < 20 |
Neurológico(Glasgow) | 15 | 13 – 14 | 10 – 12 | 6 – 9 | < 6 |
Hepático(Bilirrubinas) | < 1,2 | 1,2 – 1,9 | 2,0 – 5,9 | 6,0 – 11,9 | > 12 |
Hemodinâmico(Pressão Arterial Média) | > 70 | < 70 | Uso de Dopamina < 5 ou Dobutamina em qualquer dose | Dopamina 5 – 15 ou Adrenalina < 0,1 ou Noradrenalina < 0,1 | Dopamina > 15 ou Adrenalina > 0,1 ou Noradrenalina > 0,1 |
Renal(Creatinina ou diurese) | < 1,2 | 1,2 – 1,9 | 2 – 3,4 | 3,5 – 4,9, ou(< 500 mL/dia) | > 5, ou(< 200 mL/dia) |
Ora, por conta da infecção presumida, nosso paciente evoluiu com disfunção neurológica, hemodinâmica e renal, com aumento de mais de 2 pontos no SOFA!
Logo, Infecção + Aumento do SOFA = Sepse.
Outro conceito extremamente importante do Sepsis – 3 é o conceito de choque séptico.
Choque séptico é um subgrupo de pacientes sépticos que, mesmo após ressuscitação volêmica adequada, mantém PAM < 65, sendo necessário uso de vasopressores E apresentam lactato > 2 mmol/L (18 mg/dL).
E então, nosso jovem paciente tem Sepse ou Choque Séptico?
Ora, para dizer que o paciente tem Choque Séptico, primeiro precisamos fazer a ressuscitação volêmica, o que ainda não foi feito! Logo, por ora, estamos conceitualmente limitados ao diagnóstico de Sepse!
Ufa, a primeira parte já foi, galerinha. Agora vamos discutir como conduzir nosso paciente! São dois os pilares do tratamento da sepse: Ressuscitação Volêmica e Controle da Infecção.
A lógica da Ressuscitação Volêmica é que um dos componentes da Sepse é um estado de mal perfusão generalizado, em que a perda do tônus vascular causaria uma redução da resistência vascular periférica e, por consequência, a pressão arterial. Ao infundir volume no paciente, estaríamos agindo no sentido de restabelecer a perfusão, melhorando o aporte de oxigênio aos tecidos.
Outra pergunta que precisamos responder é: Qual solução iremos utilizar para esta ressuscitação volêmica?
Os dois grandes grupos de solução de reposição são os colóides e os cristalóides.
Colóides são soluções cujos solutos são grandes (exemplo: albumina), de forma que permaneceriam dentro dos vasos sanguíneos, onde atuariam como substâncias osmoticamente ativas, impedindo o extravasamento de fluido para o interstício, tendo portanto um benefício teórico.
Cristalóides são soluções mais simples, compostas por solutos muito menores, que seriam rapidamente captados pelas células, perdendo a atividade osmótica intravascular e permitindo extravasamento de fluido para o interstício. Aqui se enquadram nossos velhos conhecidos Soro Fisiológico e Soro Ringer Lactato. O termo balanceado se refere a cristaloides cuja composição é mais semelhante à composição do plasma, como é o caso do Soro Ringer Lactato.
Mas na prática, o que devemos usar?
Apesar do benefício teórico dos colóides, não há nenhuma evidência de que estes sejam clinicamente superiores. Como os cristalóides são muito mais baratos e disponíveis, a recomendação é que estes sejam a primeira escolha na ressuscitação volêmica dos doentes sépticos!
Vamos agora ao outro pilar no tratamento da Sepse!
Como vimos, a Sepse estaria associada a uma infecção, sendo fundamental o seu controle! Para isso, precisamos coletar hemoculturas e culturas do sítio que consideramos ser o foco da infecção. No nosso paciente, cujo foco parece ser abdominal, seria interessante realizar coprocultura, por exemplo. O ideal é que as culturas sejam coletadas antes do início da antibioticoterapia, para que tenham maior sensibilidade. No entanto, a coleta das culturas não deve atrasar o início do antibiótico.
E, para conseguir controlar a infecção, é fundamental o uso de antibioticoterapia com espectro adequado para os germes potencialmente culpados de acordo com o sítio primário da Sepse. Vamos checar as alternativas:
A. Incorreta. Não há critério para choque séptico, já que ainda não foi realizada ressuscitação volêmica, nem preferência por colóides, como exemplificado acima.
B. Incorreta. Não há critério para choque séptico. A Noradrenalina se torna uma opção quando o paciente se mantém hipotenso (PAM < 65 mmHg) apesar da Ressuscitação Volêmica. Não é o caso aqui, não ainda pelo menos.
C. Incorreta. Há sim critérios para Sepse! O SOFA é superior a dois e temos um foco infeccioso presumido. As demais condutas seriam apropriadas.
D. Incorreta. A preferência é por cristalóides, não colóides. Esse é o único erro dessa alternativa.
E. Correta. Exatamente! É o item que bate com a nossa discussão acima. A conduta está absolutamente perfeita!
Visão do aprovado: pessoal, esse tipo de questão é extremamente comum! Esse bate-bola Sepse x Choque Séptico tem que estar na ponta da língua de vocês!
Antes de seguirmos para a questão 2, sugiro dar uma olhada no nosso e-book gratuito sobre Sepse, que, além te ensinar a suspeitar e diagnosticar a sepse, também vai te ajudar a entender como realizar a propedêutica adequada e a tratar pacientes com sepse seguindo as guidelines mais atuais. Clique AQUI e baixe gratuitamente!
Unicamp 2018 – Homem, 63a, com diagnóstico de câncer em tratamento quimioterápico paliativo, tem dor de grande intensidade. Foi prescrito morfina 60 mg de 4/4h. Deve-se orientar os possíveis efeitos colaterais, incluindo:
A. Taquipneia.
B. Diarreia.
C. Poliúria.
D. Mioclonia.
Paciente com câncer avançado, com dor provavelmente refratária a analgésicos comuns, utilizando Morfina.
A questão então nos pede sobre os efeitos colaterais da medicação! Bora pras alternativas:
A. Incorreta. Pelo contrário! Um dos mais temidos efeitos colaterais da Morfina é a Bradipneia e Parada Respiratória! Esse é inclusive o mecanismo de morte na overdose por Morfina! Aqui cabe um lembrete: No caso de overdose por Morfina, qual o antídoto? Naloxona (Narcan®).
B. Incorreta. A Morfina é uma medicação muito constipante, de forma que muitos pacientes precisam de laxativos como Bisacodil após iniciarem uso de Morfina.
C. Incorreta. Também não! A Morfina é conhecida por ser associada a Retenção Urinária! Um de seus temidos efeitos colaterais.
D. Correta. Apesar de rara, a mioclonia é descrita como efeito colateral da Morfina.
Visão do aprovado: galera, a questão aqui foi feita para assustar o candidato! Quando nos perguntam dos efeitos colaterais da morfina, lembramos imediatamente de Bradipneia, Constipação e Retenção Urinária! Pouquíssimos vão falar de mioclonia! Mas percebam que, conhecendo esses três mais importantes, por eliminação a alternativa D se torna a nossa escolha!
Einstein 2021 – Paciente sexo feminino, 76 anos, está internada na UTI por quadro de influenza. Encontra-se sob sedação em ventilação mecânica. A paciente tem 160 cm, com peso predito de 52 kg. Os parâmetros do ventilador mecânico são: modo controlado a pressão, FR: 15, PEEP: 8, FiO2: 40%, tempo inspiratório de 1,0, pressão inspiratória de 15, volume corrente: 340 mL. A gasometria arterial: pH: 7,30, PO2: 75, PCO2: 52, SatO2: 92%, BIC: 26.
A melhor opção com ajustes no ventilador mecânico para diminuir a PCO2 e aumentar a PO2, respectivamente,
A. Aumentar a pressão inspiratória − diminuir FiO2.
B. Aumentar a frequência respiratória − aumentar a PEEP.
C. Diminuir o tempo inspiratório − aumentar FiO2.
D. Aumentar pressão inspiratória − diminuir a frequência respiratória.
E. Diminuir a pressão inspiratória − aumentar a PEEP.
Questão sobre ventilação mecânica (VM), um tema cada vez mais abordado em provas de residência, especialmente nas de São Paulo.
Bom, estamos frente a uma paciente intubada no contexto de insuficiência respiratória por pneumonia viral. A banca nos fornece altura e peso ideal para que possamos calcular o volume corrente que iremos ofertar à paciente.
Cuidado! Lembre que não utilizamos o peso real e sim o ideal. Existem tabelas que nos fornecem esses valores, baseados na altura do paciente – ou seja, é essencial saber a altura do doente intubado!
Pensando em uma ventilação protetora, o valor preconizado de volume corrente (Vt) é de 6-8 ml/kg, o que dá 312 – 412 ml para nossa paciente. Ela está fazendo 340ml, então esse parâmetro está adequado!
A VM está controlada a pressão (PCV) com uma freqüência respiratória de 15 irpm, FiO2 40%, PEEP 8, pressão inspiratória de 15 e tempo inspiratório de 1seg.
A gasometria arterial de controle mostra:
pH 7.30, PO2 75, PCO2 52, Saturação O2 92% e BIC 26
Qual o diagnóstico gasométrico?
Acidose (pH < 7.35) respiratória (PCO2 > 45 mmHg com BIC dentro da normalidade: 22-26 mEq/L), com uma discreta hipoxemia (P02 < 80 mmHg e SaO2 < 94%)
A banca nos pergunta como podemos reduzir PCO2 e aumentar PO2 através do ajuste de parâmetros ventilatórios. Gente, esse é o dia a dia das UTIs e Salas de Emergência!
Para reduzirmos a PCO2 (lavar CO2, como falamos no dia a dia), precisamos aumentar o volume minuto e, para isso, existem diversas estratégias. O volume minuto é o produto da Frequência respiratória (FR) pelo Volume Corrente (Vt), então se aumentarmos qualquer um desses, iremos corrigir a PCO2
Tá, aumentar FR no ventilador é fácil, e como faz pra aumentar o Vt no modo PCV? Aumentando a pressão inspiratória! Quanto maior a pressão que exercermos sobre as vias aéreas, maior será o volume de ar que adentrará o pulmão.
Beleza, resolvemos a hipercapnia, mas e a hipóxia? O que podemos fazer?
Existem várias estratégias e a melhor dentre elas vai depender de um conjunto de fatores (condição clínica do paciente, doença pulmonar, complicações, etc). Aumentar o volume minuto por si só ajuda – em parte – a resolver a hipoxemia. Como medidas adicionais podemos aumentar a FiO2 e aumentar a PEEP.
Aumentar a PEEP? Como que isso ajuda a melhorar a oxigenação?
Muitos pacientes fazem áreas de atelectasia / consolidação (pela condição de base ou pela própria VM), o que diminui a área disponível para troca gasosa e a eficiência pulmonar para extração de O2 do ar inspirado – cria-se um distúrbio de ventilação/perfusão, um efeito shunt! Ao aumentarmos a PEEP, recrutamos alvéolos fechados e aumentamos a área disponível para troca, elevando a PO2.
Certinho? Vamos às alternativas:
A. Incorreta. Aumentar a pressão inspiratória irá reduzir a PCO2, porém diminuir a FIO2 irá diminuir ainda mais a PO2
B. Correta. Como explicamos acima: Aumentar a pressão inspiratória aumentará o volume corrente, lavando mais CO2 e reduzindo a PCO2. Aumentar a PEEP recrutará mais alvéolos, aumentando a área disponível para troca e a eficiência da mesma, o que eleva a PO2
C. Incorreta. Diminuir o tempo inspiratório reduzirá o Vt e aumentará a PCO2. Aumentar a FIO2, por sua vez, irá aumentar a PO2
D. Incorreta. Aumentar a pressão inspiratória irá reduzir a PCO2. Reduzir a FR irá, pelo contrário, aumentar PCO2 e reduzir P02
E. Incorreta. Diminuir a pressão inspiratória reduzira o Vt e aumentará PCO2. Aumentar a PEEP, por sua vez, irá aumentar a P02, como explicado acima
Atenção: aumentar o tempo expiratório para lavar CO2 só faz sentido em pacientes com distúrbios obstrutivos, que apresentam resistência à saída de ar. Nesses casos, precisamos dar um tempo maior para a saída deste ar dos alvéolos – senão haverá aprisionamento e consequente auto-PEEP.
Visão do aprovado: galera, eu sei que VM é algo que é pouco abordado durante a faculdade, mas conceitos básicos são cada vez mais cobrados nas provas de residência. Foque no reconhecimento dos modos ventilatórios (PCV, VCV e PSV), parâmetros que podem ser setados em cada modo e como corrigir hipercapnia e hipóxia.
UFPR 2016 – Sobre a embolia pulmonar aguda, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas.
( ) A hipoxemia acentuada, principalmente na ausência de doença pulmonar prévia, é um marcador de gravidade da embolia pulmonar e importante elemento fisiopatológico na indução da vasoconstrição arterial pulmonar.
( ) A morte no caso de embolia pulmonar ocorre nas primeiras horas do evento inicial.
( ) A maior fonte de origem embólica para o pulmão são trombos localizados na porção distal de membros inferiores.
( ) Paciente com embolia pulmonar aguda não tratada apresenta mortalidade em torno de 30% e recorrência de até 50%. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
A. V – F – F – F.
B. F – V – V – V.
C. V – F – V – V.
D. F – V – V – F.
E. V – V – F – V.
Vamos analisar as assertivas uma a uma!
I – Correta. A gravidade da embolia pulmonar tem correlação direta com a importância da artéria obstruída, pois quanto maior a porcentagem pulmonar irrigada pela mesma, maior será a área em sofrimento. Quanto maior essa área, maior o prejuízo às trocas gasosas com consequente hipoxemia – o que justifica maior suspeição de gravidade principalmente em pacientes que deveriam apresentar uma saturação de O2 adequada como aqueles sem comorbidades.
II – Correta. A embolia pulmonar é um episódio agudo, com prejuízo imediato às trocas gasosas do paciente, podendo, inclusive, ocasionar morte súbita dependendo da magnitude do quadro. Simultaneamente, pode ser um quadro inespecífico com certo grau de dificuldade na abordagem diagnóstica, o que pode atrasar a intervenção terapêutica e que contribui para a elevação da morbimortalidade a curto prazo.
III – Incorreta. Quanto a maior fonte de embolia para os pulmões, o correto seria dizer que as principais localizações de origem dos trombos são nos vasos proximais de membros inferiores e vasos pélvicos, não nos vasos distais de MMII como muita gente imagina! Se você errou, guarde bem essa valiosa informação!
IV – Correta. Infelizmente apresenta um dado estatístico, que nesse caso estava certo! Se você não identificar e tratar os pacientes com embolia pulmonar, a mortalidade pode chegar a 30% e a recorrência do quadro a 50%
A. Incorreta.
B. Incorreta.
C. Incorreta.
D. Incorreta.
E. Correta
Visão do aprovado: aproveite questões como essa para guardar conceitos mais aprofundados sobre temas que você domina o básico. Vá por eliminação e você irá conseguir chegar à resposta correta!
Unicamp 2020 – Mulher, 71a, retorna ao Ambulatório para resultado de exames. Antecedente pessoal: tabagismo 40 maços/ano. Espirometria com teste com broncodilatador (salbutamol spray): baseado na espirometria, qual é o diagnóstico?
A. Distúrbio ventilatório restritivo grave com resposta ao broncodilatador.
B. Distúrbio ventilatório obstrutivo grave com resposta de fluxo e volume ao broncodilatador, CVF reduzida.
C. Distúrbio ventilatório misto (obstrutivo grave e restritivo grave) com resposta parcial ao broncodilatador.
D. Distúrbio ventilatório obstrutivo grave com resposta parcial ao broncodilatador.
Vamos lá, galera!
Questão de espirometria — um tema que sempre assusta e que, se você dominar, vai ser um grande diferencial dos seus concorrentes. Um dos principais parâmetros de uma espirometria é a relação VEF1/CVF, também chamada de Índice de Tiffeneau. Através dessa relação podemos inferir se estamos frente a um distúrbio obstrutivo ou restritivo.
Uma observação: pode haver associação de distúrbio restritivo e obstrutivo (distúrbio misto) e, para identificá-la, será necessário observar outros parâmetros. Porém isso é exceção! Abordaremos novamente o assunto no final do comentário, vamos destrinchar o arroz com feijão primeiro, que é o que costuma cair nas provas de acesso direto.
Vamos aprender a identificar distúrbios restritivos e obstrutivos simples?
Distúrbio restritivo: o distúrbio restritivo é caracterizado por um pulmão com volumes globalmente reduzidos, pouco complacente, “duro”. Teremos uma CVF e VEF1 reduzidas em uma mesma proporção. Se ambos os volumes reduzem de maneira semelhante, o que acontecerá com a relação VEF1/CVF? Permanecerá normal (> 0.7)
Distúrbio obstrutivo: nesses distúrbios haverá uma redução do calibre das vias aéreas, o que dificultará a entrada e — principalmente — a saída de ar dos pulmões. Dessa forma o VEF1 (volume expiratório forçado ao final de 1 segundo) irá se reduzir significativamente, enquanto que quase não teremos alteração da CVF. O que isso significa em termos práticos? A relação VEF1/CVF irá se alterar e encontraremos valores abaixo de 0.7!
Então, frente a uma questão de espirometria, a primeira coisa que você vai fazer é bater o olho na relação VEF1/CVF! Se < 0.7, teremos um distúrbio obstrutivo (DPOC ou asma). Se > 0.7, teremos uma espirometria normal ou um distúrbio restritivo (teremos que analisar outros parâmetros — haverá redução global de volumes pulmonares)
E o distúrbio misto?
Para identificá-lo teríamos que olhar outros parâmetros, como: valor absoluto de CVF e CV lenta pré e pós-BD. Se ambas estiverem baixas, partimos para a avaliação das diferenças percentuais de CVF e VEF1 (CVF% – VEF1%):
· < 12 – Misto inferido
· 12-25 – Indefinido
· > 25 – Distúrbio obstrutivo com CVF reduzida
Em último caso, consideraremos a realização de uma pletismografia para elucidação do quadro clínico. No caso da nossa questão temos uma relação VEF1/CVF de 40 (= 0.4), ou seja, inferior a 0.7. Trata-se de um distúrbio obstrutivo, provável asma.
Identificamos um distúrbio obstrutivo, e agora, é asma ou DPOC? Qual a principal característica da asma, que o DPOC não possui? A hiperreeatividade brônquica e, consequentemente, a reversibilidade da obstrução! Ou seja, teremos que administrar um beta2 agonista, fazer um teste terapêutico com broncodilatador. Um teste positivo apresentará um aumento na VEF1 ou CVF > 200ml E percentual de 12%.
Cuidado! Para definir que o teste é positivo, precisamos de variação de 200ml no volume e 12% na relação entre o valor pré e pós-BD. Fique atento: Não é uma variação de 12% entre as porcentagens! As porcentagens pré e pós-BD dizem respeito a quanto do previsto, em cada momento, o paciente faz. Perceba que, no caso em tela, se você comparasse a porcentagem de VEF1 pré de 25% e a pós de 33%, a diferença seria inferior a 12%. No entanto, em termos de volume de ar pré e pós-BD, a variação foi de 33% (a banca foi “boazinha” e já nos deu esse valor na extrema direita da tabela).
Outro cuidado: Temos que ter VEF1 OU CVF com variação de 12% E 200mL (ou seja, basta a mudança de um dos volumens, mas nos dois parâmetros simultaneamente). No caso em tela temos uma variação de 210 ml E 33% da VEF1 após broncodilatador e de 350ml E 22% da CVF, portanto estamos frente a uma prova broncodilatadora positiva.
E, por último, como definimos gravidade?
Cuidado novamente! Os cortes são distintos para asma e DPOC!
Na asma, avaliando VEF1 pré-BD:
· < 40% – Grave
· 40-59% – Moderado
· > 60% – Leve
No DPOC, avaliando VEF1 pós-BD:
· < 30% – Muito grave
· 30-49% – Grave
· 50-79% – Moderada
· > 80 – Leve
O paciente da questão, já diagnosticado com distúrbio obstrutivo asmático, apresenta VEF1 pré-BD 28%, ou seja, é grave. Vamos às alternativas?
A. Incorreta. Temos um padrão obstrutivo, não restritivo.
B. Correta. Trata-se de um distúrbio ventilatório obstrutivo grave com resposta de fluxo e volume (VEF1 e CVF, respectivamente) ao broncodilatador. E essa CVF reduzida? Lembra que pode ser um distúrbio misto? Avaliando CVF% – VEF1% = 52% – 25% = 27%, ou seja, uma diferença superior a 25%, caracterizando um DVO isolado com CVF reduzida.
C. Incorreta. Como vimos acima não há distúrbio misto!
D. Incorreta. O distúrbio é obstrutivo e é grave, mas a resposta ao broncodilatador é completa.
Visão do aprovado: e aí moçada! Questão nível moderado/difícil. Claramente não é pra amadores! Fixem bem essa parte da espirometria, que às vezes assusta, mas se você parar pra analisar sossegado fica fácil e vai te diferenciar de muitos! É importante sistematizar a sua avaliação: Olha a relação VEF1/CVF. Se julgar que é DVO (<0,7), avalia a resposta a broncodilatação com VEF1 OU CVF apresentando uma variação de 12% E 200mL simultaneamente. Adicionalmente, classifique o DVO da espiro pelo VEF1 pré-BD (diferente da classificação de gravidade do DPOC). E observe CVF, se reduzida, faça uma subtração percentual para saber se é um distúrbio misto (<12) ou DVO simples (>25).
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É isso galera! Até a próxima!
Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar. Siga no Instagram: @joaovitorsfernando
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