Fala moçada, tudo certo? Se ajeita aí que tá na hora de resolver algumas questões! Alguns de vocês já devem conhecer nossa série de textos em que trazemos 5 questões de diferentes áreas médicas com comentários dos nossos professores para você testar seus conhecimentos e ainda receber aquela assistência para qualquer dúvida que surgir. E hoje é a vez de trazer 5 questões de Dermatologia comentadas!
Preparado? Então bora lá!
Unicamp 2021 (dissertativa) – Homem, 45a, queixa-se de lesões ulceradas em mucosa de orofaringe com seis meses de evolução, além de lesão ulcerada em membro superior há dois meses. Queixa-se de fadiga, tosse com expectoração mucoide, disfagia e odinofagia, perda ponderal de 6 kg. Exame físico: emagrecido, afebril, PA= 124×74 mmHg, FC= 94 bpm; linfonodos bem delimitados, móveis e pouco dolorosos em região cervical direita; cavidade oral: lesão ulcerada em lábio, com pontos hemorrágicos em fundo, granular; Pulmões: murmúrio vesicular presente com roncos difusos, estertores em bases. Lesão de dorso e radiograma de tórax abaixo.
A hipótese diagnóstica é:
Homem de 45 anos apresentando lesões ulceradas em mucosa de orofaringe há 6 meses e lesão ulcerada em membro superior há 2 meses. Queixa-se também de fadiga, tosse com expectoração mucóide, disfagia, odinofagia e perda ponderal. Ao exame físico, paciente emagrecido, afebril, com linfonodomegalia bem delimitada, pouco dolorosa e móvel em região cervical direita. À oroscopia, observamos lesão ulcerada em lábio, com pontos hemorrágicos e fundo granular. Ao exame do aparelho respiratório, MV com roncos difusos e estertores em bases.
Rx de tórax com lesão em asa de borboleta – opacidades bilaterais em terço médio. Essa lesão é típica de lesão pulmonar por paracoco!!
A banca também solicita que você identifique a hipótese diagnóstica para lesões ulcerovegetantes, lembre-se do acrônimo PLECT. P – paracoco, L – leishmania, E – esporotricose, C – Cromomicose, T – tuberculose.
Considerando as informações da questão, podemos inferir que se trata de um caso de paracoccidioidomicose, doença causada por um fungo adquirido pela via inalatória (Paracoccidioides brasiliensis). Se a infecção não for controlada pelo hospedeiro, a doença pode evoluir para um de dois padrões: a forma crônica, que representa a reativação da infecção primária e é a mais comum (90% dos casos), ou a forma aguda/subaguda (forma juvenil).
A forma crônica da doença geralmente se apresenta como infiltrados pulmonares e lesões da mucosa respiratória superior. Tosse seca e dispneia são os sintomas mais frequentes, mas podem ocorrer hemoptise e expectoração.
Em relação ao acometimento mucoso, a lesão característica é uma úlcera dolorosa com bordas irregulares e pequenos pontos de hemorragia, assim como a relatada na questão. Os pacientes se queixam de dor, sialorréia, rouquidão, odinofagia e disfagia. À microscopia, o aspecto típico da lesão biopsiada é uma imagem em “roda de leme“. O tratamento para doença leve a moderada é com itraconazol; para doença grave, usamos a anfotericina B.
Lembrando que paracoco e pbmicose são sinônimos…
Apesar de o quadro ser típico de paracoco, a banca teve a decência de incluir entre os diagnósticos diferenciais a opções de blastomicose (justamente porque o quadro clínico é muito similar e sem biópsia, avaliação de escarro, ou epidemiologia, fica difícil escolher entre um deles!).
A blastomicose é uma infecção, principalmente dos pulmões, causada pelo fungo Blastomyces dermatitidis.
Quando surgem sintomas eles são tipicamente pulmonares, estes podem começar abrupta ou gradualmente. Eles incluem febre, calafrios e sudorese profusa. Também pode ocorrer dor no peito, dificuldade em respirar e uma tosse persistente que pode ou não provocar expectoração. Quando a blastomicose se dissemina, ela pode afetar muitas áreas do corpo, mas os locais mais comuns são: pele, tecido ósseo, sistema genitourinário (incluindo glândula prostática) e sistema nervoso central. A infecção cutânea começa na forma de pequenas protuberâncias (pápulas) que podem conter pus. Posteriormente, surgem camadas verrugosas salientes, rodeadas de acúmulos minúsculos e indolores de pus (abscessos). Não é o típico da imagem, mas mais uma vez, não é possível descartar sem exame anatomopatológico.
Visão do aprovado: vamos focar em paracoco… doença muito importante na sua prova! Cai com frequência e você precisa saber reconhecer os sinais e sintomas típicos. Grave a seguinte imagem: paciente geralmente do sexo masculino, trabalhador de área rural, apresentando lesões ulcerovegetantes, especialmente em região de mucosa, associadas a disfagia odinofagia, sialorreia e sintomas respiratórios! Isso é paracoccidioidomicose!
Unicamp 2016 – Homem, 21a, trabalhador rural, procura unidade básica de saúde com queixa de bolhas que se rompem facilmente na face e no tronco há seis meses. Exame dermatológico: exulcerações e crostas em regiões malares e asas nasais; bolhas flácidas de conteúdo citrino e áreas de exulcerações e crosta na região esternal e no alto dorso. Sem lesões de mucosas. Sinal de Nikolsky positivo. O diagnóstico, o substrato histopatológico e a imunofluorescência direta são:
A. Pênfigo de Cazenave, bolha subepidérmica, ausência de depósito de imunoglobulinas.
B. Pênfigo vulgar, bolha suprabasal, depósito de IgG na zona da membrana basal.
C. Pênfigo foliáceo endêmico, bolha subcórnea, depósito de IgG intercelular na camada espinhosa.
D. Penfigoide bolhoso, bolha subepidérmica, depósito de IgA na zona da membrana basal.
Pessoal, aqui a gente tem um homem com bolhas que se rompem facilmente, em face e tronco! A questão ainda deixa claro as características dessas lesões: exulcerações e crostas nas regiões malares! Se você já tem uma bagagem sobre o pênfigo foliáceo endêmico, ou o famoso fogo selvagem, você já sabe que é sobre ele que a banca está querendo falar! Se você não sabe ainda, vamos aproveitar a questão para aprender!
O pênfigo foliáceo endêmico é uma dermatose vesicobolhosa intraepidérmica! As lesões, como são superficiais, se rompem facilmente, o que faz formar essas exulcerações e crostas que a questão nos trouxe! Além do mais, o acometimento mucoso é raro, e foi exatamente por isso que a já nos disseram que estava ausente!
É uma doença endêmica, muito prevalente na América Latina e que acomete principalmente, crianças, adolescentes e adultos jovens, moradores de zona rural – o que se encaixa perfeitamente no caso em tela (dicas epidemiológicas nunca estão no enunciado à toa!).
Agora indo para as outras perguntas da questão: qual seria o substrato histopatológico e como é a imunofluorescência direta nesses casos?
No pênfigo foliáceo, há uma deposição de IgG e C3 na superfície dos queratinócitos e na membrana basal (camada espinhosa da pele). Dessa forma, desencadeia-se um processo inflamatório nesta região, ocorrendo a formação de uma bolha subcornea e acantólise, que é a perda da adesão entre os queratinócitos!
E o que é esse Sinal de Nikolsky?
Ele aparece quando se faz uma digitopressão em uma região de pele íntegra, adjacente à lesão, resultando em um descolamento superficial da pele, ampliando-se então o tamanho da lesão inicial. Lembrem-se que houve acantólise, então não há nada “segurando” a camada superficial da pele nesta localidade, ela descola facilmente.
Vamos então às outras alternativas!
A. Incorreta. O Pênfigo de Cazenave, ou Pênfigo Foliáceo Clássico, é muuuito parecido com o Pênfigo Foliáceo Endêmico! A diferença é que o clássico não tem acometimento familiar e a sua ocorrência é universal e esporádica, acometendo geralmente pessoas com 50 anos ou mais. Poderia ser uma resposta até aqui? Até poderia, mesmo sendo bastante improvável pela epidemiologia — mas, para eliminar qualquer dúvida, o examinador coloca que a doença é caracterizada pela presença de bolha subepidérmica e ausência de depósito de imunoglobulinas. Porém, de maneira semelhante ao Pênfigo Foliáceo Endêmico, o Pênfigo de Cazenave caracteriza-se pela formação de bolha subcórnea, com depósito de IgG intercelular.
B. Incorreta. Aqui a fisiopatologia é bem parecida com o Pênfigo Foliáceo! A diferença é que as bolhas são generalizadas e frequentemente atingem a mucosa oral (metade dos pacientes têm apenas lesão na boca!), o que gera muita dor! Dessa forma, caracteriza-se por disfagia, redução de aceitação alimentar e instalação de infecções bacterianas secundárias. As bolhas, como descrito, são suprabasais, porém há deposição de IgG intercelular na camada espinhosa e não em membrana basal.
C. Correta. Exatamente por tudo que discutimos acima!
D. Incorreta. O penfigoide bolhoso ocorre mais em pacientes idosos e, menos frequentemente, em crianças. Não se tem comprovada nenhuma causa específica, mas parece haver alguns gatilhos, como uso de determinados medicamentos, traumas, e algumas doenças. Uma diferença dos outros pênfigos, é que geralmente existe o prurido antes de aparecerem as bolhas! As lesões geralmente ocorrem no tronco, em regiões flexurais, em dobras, e perto de eventuais gatilhos, como onde ocorreu um trauma, por exemplo. Geralmente, as bolhas são tensas e não se rompem facilmente. Aqui também ocorre depósito de IgG, porém ele ocorre na zona da membrana basal, gerando uma bolha subepidérmica, com Nikolsky negativo!
Visão do aprovado: questão chatinha, mas fácil de responder se você souber diferenciar os pênfigos! Não acertou a questão? Aproveita a oportunidade para aprender e fixar! Diferencial para você alcançar sua vaga tão esperada! Observe como a epidemiologia é fundamental — só com essa informação você poderia ir direto na alternativa C, sem saber nada de histopatologia ou imunofluorescência!
USP-RP 2021 – Mulher, 56 anos, relata que há 4 semanas surgiram lesões nodulares, eritematosas e levemente dolorosas em membro superior direito (fotografia). As lesões surgiram após trauma com espinho na mão direita, enquanto trabalhava com jardinagem. Nega doenças e uso de medicamentos. Habita a zona urbana e nega viagens recentes.
Considerando o diagnóstico mais provável, qual o tratamento mais adequado?
A. Sulfametoxazol + trimetoprim.
B. Cefalotina.
C. Itraconazol.
D. Antimoniato de N metilglucamina.
Estamos diante de um quadro de uma mulher de 56 anos que relata que, há 4 semanas, surgiram lesões nodulares, eritematosas e levemente dolorosas no membro superior direito (fotografia).
A primeira coisa que eu quero chamar a atenção de vocês para a imagem é a presença de nodulações em membros superiores. Isso porque a presença de hiperemia, lesões nodulares e dor poderia fazer você pensar em eritema nodoso. Mas o eritema nodoso classicamente acomete os membros inferiores e são lesões dolorosas e mais profundas, geralmente não tão bem delimitadas, precisam ser palpadas no subcutâneo.
Além disso, observe o trajeto peculiar em “colar de contas”. A lesão tem um trajeto bem linear, não está solta pelo braço.
Feito essas considerações, vamos a epidemiologia: as lesões surgiram após trauma com espinho na mão direita, enquanto trabalhava com jardinagem. Negava doenças e uso de medicamentos. Habita a zona urbana e nega viagens recentes.
Já matou a charada? A doença que tem manifestação linfocutânea na forma de nódulos dolorosos que podem ulcerar e seguem um cordão linfático (como na foto) é a esporotricose. Essa doença é causada principalmente pelo fungo Spotrothrix schenckii. Sporothrix schenckii é encontrado em arbustos de rosas ou bérberis, musgo de esfagno e outros adubos. Horticultores, jardineiros e pessoas que trabalham em fazendas e com madeira são infectados com frequência, tipicamente após traumas mínimos envolvendo material contaminado.
Para começo de conversa, muitos de nós nunca vimos nenhum caso de esporotricose, e você? Mas esse ano já caiu em duas grandes instituições de São Paulo.
Como dito, os sintomas consistem em nódulos subcutâneos que se disseminam por via linfática e evoluem para abscessos e úlceras. O diagnóstico é por cultura.
A transmissão ocorre pelo contato do fungo com a pele ou mucosa por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira — por isso é conhecida como “doença do jardineiro”. Outras formas de transmissão são contato com vegetais em decomposição; e arranhadura ou mordedura de animais doentes, sendo mais comum o gato. Só se contrai a doença pelo contato com meios ou animais contaminados, não havendo transmissão de pessoa para pessoa.
Uma lesão primária pode aparecer como uma pápula pequena e não sensível. Tipicamente, alguns dias ou semanas mais tarde, uma cadeia de linfonodos que drena a área afetada começa a aumentar de tamanho de forma vagarosa e progressiva, formando nódulos subcutâneos móveis. Se não tratada, a pele se torna avermelhada e pode, mais tarde, necrosar, ocasionando, algumas vezes, abscesso, ulceração e infecção secundária bacteriana. Sinais e sintomas sistêmicos de infecção são notavelmente ausentes.
Há uma série de medicamentos que podem ser prescritos no tratamento: iodeto de potássio, foi a primeira droga eficaz usada, mas pode causar inúmeros efeitos colaterais. Levando isso em conta, o medicamento mais receitado é o antifúngico itraconazol, inclusive para os animais. Além desses dois medicamentos, há a possibilidade do tratamento ser feito à base de terbinafina, fluconazol e anfotericina B.
Assim, qual o tratamento mais adequado?
A. Incorreta. Sulfametoxazol + trimetoprim são antibióticos não recomendados no tratamento dessa paciente.
B. Incorreta. Cefalotina é um antibiótico (cefalosporina) que não terá ação sobre o fungo. Poderia ser uma opção se estivéssemos pensando em abscessos cutâneos bacterianos. Mas a paciente não tem indícios de infecção bacteriana associada.
C. Correta. Itraconazol é o antifúngico de escolha para esporotricose linfocutânea.
D. Incorreta. Apesar de ser tratamento para leishmaniose, o Antimoniato de N metilglucamina não é opção de escolha para esporotricose.
Visão do aprovado: olha a importância de saber reconhecer imagens, não só para as provas de multimídia! Só era possível responder a questão quem prestasse atenção na forma como os nódulos estavam posicionados (de maneira linear) e na epidemiologia da doença (contato com plantas), feito o diagnóstico de esporotricose, era mais fácil porque só tinha que escolher entre a letra C e D (antifúngicos).
SCMSP 2021 – O câncer da pele é o mais comum no Brasil e no mundo. É classificado em câncer da pele melanoma e câncer da pele não melanoma, este último sendo representado, principalmente, pelos carcinomas basocelulares e espinocelulares.
Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a alternativa correta quanto a essa doença.
A. O melanoma apresenta maior risco por ter maior letalidade e ocorrer com maior frequência que os carcinomas.
B. O principal agente causal do câncer da pele é a radiação ultravioleta natural proveniente do Sol. A exposição solar crônica está associada, principalmente, ao câncer da pele espinocelular, enquanto as exposições durante a infância, com história de uma ou mais queimaduras solares, têm associação com os basocelulares e melanomas.
C. A regra do ABCDE auxilia na identificação de sinais sugestivos de melanoma, com base na observação das seguintes características das lesões: amplitude; bordas; cor; descamação; e espessura.
D. A prevenção do câncer da pele baseia-se, exclusivamente, no uso de filtro solar com fator de proteção solar (FPS) 15 ou mais.
E. São fatores que aumentam o risco de se ter câncer da pele, entre outros: cor clara de pele, olhos e cabelos; e história familiar ou pessoal de câncer de pele. Destaca-se, ainda, para os carcinomas, a presença de nevos (pintas) atípicos e numerosos, considerados como lesões pré-malignas.
Mais uma questão cheia de direcionamento: “sobre o câncer de pele” (haha).
Carcinoma basocelular (CBC): o mais prevalente dentre todos os tipos. O CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. O tipo mais encontrado é o CBC nódulo-ulcerativo, que se traduz como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade.
Carcinoma espinocelular (CEC): segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. A pele nessas regiões, normalmente, apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade. O CEC é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Assim como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a principal causa do CEC, mas não a única. Alguns casos da doença estão associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação. Normalmente, os CECs têm coloração avermelhada e se apresentam na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente.
Melanoma: tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de letalidade. Essas lesões podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente, embora sejam mais comuns nas pernas, em mulheres; nos troncos, nos homens; e pescoço e rosto em ambos os sexos.
Pessoas de pele clara e que se queimam com facilidade quando se expõem ao sol, com fototipos I e II, têm mais risco de desenvolver a doença, que também pode manifestar-se em indivíduos negros ou de fototipos mais altos, ainda que mais raramente. O melanoma tem origem nos melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele.
A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do melanoma. Atualmente, testes genéticos são capazes de determinar quais mutações levam ao desenvolvimento do melanoma avançado (como BRAF, cKIT, NRAS, CDKN2A, CDK4) e, assim, possibilitam a escolha do melhor tratamento para cada paciente. Apesar de ser raramente curável, já é possível viver com qualidade, controlando o melanoma metastático por longo prazo.
Vamos aprender com as alternativas?
A. Incorreta. Felizmente o melanoma não é o câncer mais frequente. Mas comparando o número de casos sua letalidade é, realmente, maior.
B. Correta. É isso mesmo!! A exposição solar crônica tem relação com o carcinoma espinocelular, aquele de agressão contínua. Enquanto os famosos “torrões” da praia, estão mais associados ao carcinoma basocelular e aos melanomas.
C. Incorreta. A regra ABCDE realmente é muito útil na identificação de sinais sugestivos de melanoma, mas com base na observação de outros parâmetros: Assimetria (ao invés de amplitude); Bordas irregulares; Cores (diferentes colorações no mesmo nevo); Diâmetro aumentado (geralmente > 6mm), ao invés de descamação; Evolução (mudança de aparência, cor, crescimento, progressão), ao invés de espessura.
Aproveito pra lembrar que a espessura tem relação com o Breslow (índice que mede a profundidade do melanoma e dá detalhes prognósticos importantes, incluindo indicação quanto ao tamanho da margem que deve ser ampliada).
D. Incorreta. Olhando pro “exclusivamente” você já deve ter suspeitado né? De fato, o uso de filtro celular é só uma das medidas de proteção para o desenvolvimento do câncer de pele.
Evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV são as melhores estratégias para prevenir o melanoma e outros tipos de tumores cutâneos. Mas isso inclui medidas comportamentais também como uso de chapéus, óculos escuros, cobertura de áreas expostas, evitar a exposição solar entre 10 e 16 horas.
Além disso, o filtro solar deve ter proteção contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) de 30, no mínimo.
Como prevenção secundária o diagnóstico precoce antes da presença de sintomas ou com a identificação de lesões precursoras também é importante, por isso, o acompanhamento médico regular é considerado uma medida preventiva.
E. Incorreta. Em relação aos fatores que aumentam o risco de câncer de pele nos grupos de maior risco são realmente os do fototipo I e II, ou seja: pessoas de pele clara, com sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, queimaduras solares, incapacidade para se bronzear e muitas pintas também devem ter atenção e cuidados redobrados.
No entanto, é o melanoma que tem relação com a presença de nevos atípicos e numerosos considerados como lesões pré-malignas e não os carcinomas.
Visão do aprovado: o mais frequente é o CBC; o mais letal é o melanoma. A regra do ABCDE é um clássico (assimetria, bordas irregulares, cores, diâmetro e evolução). E nunca caiam na pegadinha do “sempre, nunca, só e exclusivamente”.
USP-RP 2019 – Homem, 46 anos, hipertenso e diabético, apresenta lesões de pele (figura) há 6 anos, associadas a prurido local. Queixa-se também de dores articulares nas mãos pela manhã com melhora ao longo do dia. Qual é a propedêutica mais adequada para a confirmação do diagnóstico?
A. Pesquisa de células de Sèzary no sangue.
B. Curetagem metódica de Brocq.
C. Sorologia para sífilis.
D. Micológico direto e cultura para fungos.
Galera, lesões de pele com prurido local, eritemato-descamativas (escamas branco-prateadas, grosseiras), bem delimitadas, localizadas em dorso. Em associação, temos ainda dores articulares (informação que não foi colocada aqui de graça!). Qual é a suspeita? Estamos frente a um quadro clássico de psoríase!
A questão nos demanda a manobra propedêutica mais adequada para fazer o diagnóstico! Neste caso, procedemos à curetagem metódica de Brocq, que evidenciará o sinal da vela e do orvalho sangrante!
Mas vamos lá, como essa curetagem funciona?
O examinador vai pegar uma cureta (ou uma lâmina, algo que dê pra raspar), e vai passar firmemente sobre uma lesão branca. Se for psoríase, ela vai descamar, em múltiplas camadas, como se estivéssemos raspando uma vela (sinal da vela). Quando acabar a descamação, vamos chegar em uma parte da lesão de característica inflamatória, cheia de pequenos capilares frágeis (pela neo-angiogênese relacionada à liberação de fatores de crescimento locais) que, ao serem tocados, irão sangrar – isso produz várias pequenas gotas de sangue, o que chamamos de sinal do orvalho sangrante!
Vamos então às alternativas?
A. Incorreta. As células de Sézary são pesquisadas quando suspeitamos de Síndrome de Sézary, uma espécie de linfoma de células T. Nesses casos observamos lesões eritematosas difusas, algumas delas endurecidas e com presença de descamação, há ainda rachaduras em palmas de mãos e plantas dos pés e linfadenopatia leve a moderada. Em alguns casos observamos ainda febre, sudorese noturna e perda ponderal. Bem diferente do nosso caso clínico, concordam?
B. Correta. É isso que fazemos para fechar o diagnóstico de psoríase!
C. Incorreta. Temos diversas apresentações cutâneas da sífilis, a depender do estágio. A sífilis primária é caracterizada por aparecimento de pápula vermelha (normalmente em região genital) que evolui para úlcera única, indolor e de base firme. Na sífilis secundária temos lesões papulares ou maculares, eritematosas, difusas, com acometimento clássico de palmas de mãos e pés, assim como tronco. Lembrem-se que máculas e pápulas são lesões pequenas, as primeiras sem relevo e as segundas com.
D. Incorreta. Essa, até que dava para dar uma deslizada. Mas e aquela artrite? Como explicar? Uma micose de pele iria fazer ela aparecer? Não! Então, descarte!
Visão do aprovado: questão diretíssima! Vamos revisar psoríase? É muito simples! Bora levar esse conhecimento pra garantir mais um ponto na sua prova!
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Nascido em 1991, médico desde 2015, formado pela Faculdade de Medicina de Catanduva (FAMECA) e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) finalizada em 2018. "Nunca quis seguir o fluxo. Sempre acreditei que existe uma fórmula do sucesso para cada um de nós. Se puder conquistar sua mente, poderá conquistar o mundo." Siga no Instagram: @mica.medway
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