Você já se deparou com um caso de abscesso pulmonar e bateu aquela dúvida sobre como conduzir a situação? Se sim, fica tranquilo que vamos desvendar tudo sobre esse distúrbio: classificação, quadro clínico e sintomas, diagnóstico, tratamento — tudo! Dessa forma, você vai saber exatamente o que fazer quando se deparar com um caso desses.
Bora lá?
O abscesso pulmonar é uma lesão pulmonar necrótica, com mais de 2 centímetros de diâmetro e pus no seu interior, causada por bactérias. Quais são os patógenos mais comuns do abscesso pulmonar? As bactérias mais frequentes são bactérias anaeróbicas, como Peptostreptococcus, Prevotella e bacterioides.
Outros microorganismos envolvidos incluem Staphylococcus aureus e bactérias gram negativas, como Klebisiella pneumoniae. Em pacientes imunossuprimidos, podemos encontrar a Pseudomonas ou até fungos, também.
Um importante fator de risco é a microaspiração do conteúdo da cavidade oral, que pode acontecer em pacientes com estado mental alterado. Também é comum em pacientes com vício em álcool ou drogas, ou em pacientes que estavam desacordados, como sob anestesia geral ou em coma.
Isso, associado a infecções peridontais e dentes em mal estado de conservação estão frequentemente associados a formação de um abcesso pulmonar.
Os abscessos pulmonares podem ser classificados em agudos ou crônicos, de acordo com os sintomas e duração. São considerados crônicos quando têm mais de 30 dias de evolução e agudos quando têm menos.
Além disso, também podem ser classificados em por quantidade, como únicos ou múltiplos.
Podem ser classificados, ainda, em primários ou secundários.
Agora que já sabemos o que é e como se classifica um abscesso pulmonar, vamos para parte clínica: como esses pacientes vão chegar pra gente, como diagnosticar e principalmente, como tratar.
O quadro clínico desses pacientes é marcado por
Quando não tratado, em torno do fim da segunda semana ou na terceira semana de evolução da doença, uma grande quantidade de pus chega até a árvore brônquica e é eliminada pela tosse (vômica). A secreção tem extremo mau cheiro e geralmente é purulenta ou piosanguinolenta.
O diagnóstico do abscesso pulmonar pode ser feito com raio-X de tórax, que vai mostrar, na maioria das vezes, uma imagem arredondada, única, com nível líquido e frequentemente localizada nos segmentos pulmonares posteriores, como apontado na radiografia abaixo.
A tomografia computadorizada também é bastante útil, principalmente no caso de dúvida diagnóstica e para avaliação de diagnósticos diferenciais. Segue exemplo:
Além disso, o hemograma pode apresentar leucocitose, que algumas vezes vem acompanhada de um desvio à esquerda. A cultura de escarro e hemocultura são relevantes para identificação do patógeno. A broncoscopia é realizada na maioria das vezes para obtenção de material para cultura e exclusão de outras causas.
Portanto, os primeiros exames a serem solicitados são:
Outros exames que podem ser considerados:
No diagnóstico diferencial do abscesso pulmonar devem ser incluídos tuberculose úlcero-caseosa, carcinoma brônquico escavado, sequestro broncopulmonar intralobar e granulomatose de Wegener.
O tratamento inicial do abscesso pulmonar é quase sempre empírico e deve ser realizado com antibióticos com cobertura para os principais patógenos associados (como aneróbicos e S. aureus). Nos casos de falha do tratamento do abscesso pulmonar com antibióticos a drenagem percutânea ou cirúrgica é realizada.
Como opção terapêutica endovenosa temos a a clindamicina, 600 mg, IV a cada 8 horas, e como alternativa, a ampicilina-subactam ou um carbapenêmico (ex. meropenem). Em casos de menor gravidade ou para continuidade do tratamento domiciliar via oral temos como opção a Clindamicina 600 mg via oral a cada 6h ou Amoxicilina + Clavulanato 875/125 mg via oral a cada 12 h.
Em casos de febre persistente ou na ausência de melhora clínica após um período de 7 a 10 dias, deve-se avaliar a presença de patógenos resistentes, obstrução das vias respiratórias e causas não infecciosas de cavitação.
Se não pegou tudo de uma vez, calma! É normal, pois esse é um assunto que não é tão simples assim! Portanto, pode voltar aqui quantas vezes precisar para tirar todas as suas dúvidas. Assim, na hora que precisar lidar com um abscesso pulmonar no plantão, você vai saber exatamente o que fazer!
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Mas enfim, é isso! Até mais!
*Colaborou Emanuella Esteves Machado, graduanda do 5º ano de Medicina da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
Paulista, nascido em 89. Médico graduado pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), formado em Clínica Médica pelo HCFMUSP, Cardiologista e especialista em Aterosclerose pelo InCor-FMUSP. Experiência como médico assistente do Pronto-Socorro do InCor-FMUSP.
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