Abscesso pulmonar: o que é, diagnósticos e tratamento

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Você já se deparou com um caso de abscesso pulmonar e bateu aquela dúvida sobre como conduzir a situação? Se sim, fica tranquilo que vamos desvendar tudo sobre esse distúrbio: classificação, quadro clínico e sintomas, diagnóstico, tratamento — tudo! Dessa forma, você vai saber exatamente o que fazer quando se deparar com um caso desses.

Bora lá?

Tudo sobre o abscesso pulmonar: classificação, quadro clínico e sintomas, diagnóstico, tratamento.
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O que é abscesso pulmonar?

O abscesso pulmonar é uma lesão pulmonar necrótica, com mais de 2 centímetros de diâmetro e pus no seu interior, causada por bactérias. Quais são os patógenos mais comuns do abscesso pulmonar? As bactérias mais frequentes são bactérias anaeróbicas, como Peptostreptococcus, Prevotella e bacterioides.

Outros microorganismos envolvidos incluem Staphylococcus aureus e bactérias gram negativas, como Klebisiella pneumoniae. Em pacientes imunossuprimidos, podemos encontrar a Pseudomonas ou até fungos, também. 

Seção sagital do pulmão com abscesso pulmonar
Seção sagital do pulmão com abscesso (cavidade no segmento superior do lobo inferior contendo líquido e circundada por tecido fibroso e manchas pneumônicas). Além disso, presença de espessamento pleural sobre o abscesso (Créditos: StudFiles)

Quais as possíveis causas (etiologia)?

Um importante fator de risco é a microaspiração do conteúdo da cavidade oral, que pode acontecer em pacientes com estado mental alterado. Também é comum em pacientes com vício em álcool ou drogas, ou em pacientes que estavam desacordados, como sob anestesia geral ou em coma.

Isso, associado a infecções peridontais e dentes em mal estado de conservação estão frequentemente associados a formação de um abcesso pulmonar.  

Classificação de um abscesso pulmonar

Os abscessos pulmonares podem ser classificados em agudos ou crônicos, de acordo com os sintomas e duração. São considerados crônicos quando têm mais de 30 dias de evolução e agudos quando têm menos

Além disso, também podem ser classificados em por quantidade, como únicos ou múltiplos

  • Abscessos únicos: os mais comuns. Geralmente se encontram nos segmentos posteriores do pulmão, e são causados por aspiração de material da orofaringe.
  • Abscessos múltiplos: mais raros e, sua causa principal é a embolia séptica. 

Podem ser classificados, ainda, em primários ou secundários. 

  • Primários: aqueles causados por aspiração de material da orofaringe.
  • Secundários: aqueles associados à obstrução brônquica por carcinoma broncogênico, corpo estranho, ou doenças causadoras de imunodeficiência como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), transplante de órgãos ou quimioterapia. 

Agora que já sabemos o que é e como se classifica um abscesso pulmonar, vamos para parte clínica: como esses pacientes vão chegar pra gente, como diagnosticar e principalmente, como tratar.

Quadro clínico e sintomas do abscesso pulmonar

O quadro clínico desses pacientes é marcado por

  • tosse;
  • febre;
  • dispneia;
  • dor pleurítica;
  • expectoração purulenta, com ou sem hemoptise.

Quando não tratado, em torno do fim da segunda semana ou na terceira semana de evolução da doença, uma grande quantidade de pus chega até a árvore brônquica e é eliminada pela tosse (vômica). A secreção tem extremo mau cheiro e geralmente é purulenta ou piosanguinolenta.

Diagnóstico

O diagnóstico do abscesso pulmonar pode ser feito com raio-X de tórax, que vai mostrar, na maioria das vezes, uma imagem arredondada, única, com nível líquido e frequentemente localizada nos segmentos pulmonares posteriores, como apontado na radiografia abaixo. 

Raio-X de tórax mostrando abscesso pulmonar
Raio-X de tórax apontando um caso de abscesso pulmonar (Créditos: CEP)

A tomografia computadorizada também é bastante útil, principalmente no caso de dúvida diagnóstica e para avaliação de diagnósticos diferenciais. Segue exemplo:

Além disso, o hemograma pode apresentar leucocitose, que algumas vezes vem acompanhada de um desvio à esquerda. A cultura de escarro e hemocultura são relevantes para identificação do patógeno. A broncoscopia é realizada na maioria das vezes para obtenção de material para cultura e exclusão de outras causas.

Portanto, os primeiros exames a serem solicitados são:

  • Hemograma completo;
  • Radiografia torácica;
  • Cultura de escarro com coloração de Gram.

Outros exames que podem ser considerados:

  • Tomografia computadorizada;
  • Broncoscopia.

No diagnóstico diferencial do abscesso pulmonar devem ser incluídos tuberculose úlcero-caseosa, carcinoma brônquico escavado, sequestro broncopulmonar intralobar e granulomatose de Wegener.

Tratamento do abscesso pulmonar

O tratamento inicial do abscesso pulmonar é quase sempre empírico e deve ser realizado com antibióticos com cobertura para os principais patógenos associados (como aneróbicos e S. aureus). Nos casos de falha do tratamento do abscesso pulmonar com antibióticos a drenagem percutânea ou cirúrgica é realizada. 

Como opção terapêutica endovenosa temos a a clindamicina, 600 mg, IV a cada 8 horas, e como alternativa, a ampicilina-subactam ou um carbapenêmico (ex. meropenem). Em casos de menor gravidade ou para continuidade do tratamento domiciliar via oral temos como opção a Clindamicina 600 mg via oral a cada 6h ou Amoxicilina + Clavulanato 875/125 mg via oral a cada 12 h. 

Em casos de febre persistente ou na ausência de melhora clínica após um período de 7 a 10 dias, deve-se avaliar a presença de patógenos resistentes, obstrução das vias respiratórias e causas não infecciosas de cavitação.

É isso! Pegou tudo?

Se não pegou tudo de uma vez, calma! É normal, pois esse é um assunto que não é tão simples assim! Portanto, pode voltar aqui quantas vezes precisar para tirar todas as suas dúvidas. Assim, na hora que precisar lidar com um abscesso pulmonar no plantão, você vai saber exatamente o que fazer!

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Mas enfim, é isso! Até mais!

*Colaborou Emanuella Esteves Machado, graduanda do 5º ano de Medicina da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

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JoséRoberto

José Roberto

Paulista, nascido em 89. Médico graduado pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), formado em Clínica Médica pelo HCFMUSP, Cardiologista e especialista em Aterosclerose pelo InCor-FMUSP. Experiência como médico assistente do Pronto-Socorro do InCor-FMUSP.