Quando a vacina antitetânica deve ser aplicada?

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Além do calendário previsto para profilaxia contra o tétano na idade infantil, existem algumas situações de exposição a materiais contaminados que devem nos preocupar em relação à vacina antitetânica. Você sabe quais são essas situações? 

Nesse texto, nós vamos explicar como a doença do tétano ocorre, e o que devemos fazer para evitá-lo, principalmente quando há uma exposição de risco. Quais são as indicações das vacinas? Existem tipos diferentes de vacinas? Continue neste texto para descobrir! 

Como o tétano ocorre? 

O termo “tétano” vem do grego e significa “contrair e relaxar”. Causado pelos esporos da bactéria Clostridium tetani, o tétano constitui uma doença grave, infecciosa e não contagiosa. Quando atinge o sistema nervoso central, a bactéria provoca contraturas musculares generalizadas, as quais dão nome à doença. 

O C. tetani é um bacilo gram-positivo que pode sobreviver no meio ambiente por até anos. A partir da infecção, o período de incubação é curto: em média, de 5 a 15 dias, podendo variar de 3 a 21 dias. 

Os sintomas ocorrem, então, pela atuação no sistema nervoso central, causando rigidez muscular em todo o corpo, dificuldade para abrir a boca e engolir, até atingir a musculatura responsável pela respiração, o que leva à morte. Existem, também, outras causas de distonia que fazem diagnóstico diferencial com o tétano. 

Como falamos, o tétano não é transmissível de pessoa para pessoa, mas pode ocorrer de duas formas: tétano acidental e tétano neonatal. 

O tétano acidental

O tétano acidental ocorre pela contaminação de ferimentos externos. A descontinuidade da pele em contato com os itens a seguir pode levar à multiplicação dos esporos e à disseminação da doença no organismo: 

  • poeira;
  • terra;
  • ferrugem;
  • plantas, mordida de animais;
  • fezes de animais que contém os esporos.

O tétano neonatal

O tétano neonatal, por sua vez, ocorre pela contaminação do cordão umbilical. Essa contaminação se dá pela aplicação de substâncias no coto umbilical por familiares mal informados. Também é possível se contaminar em proporção menor, pelo corte do cordão umbilical através de instrumentos contaminados. 

Há pouco tempo, era comum se falar no “mal de sete dias”. Culturalmente, os cuidados com o cordão umbilical compreendiam colocar borra de café, teia de aranha e outras substâncias para cicatrização do cordão umbilical. Tais medidas provocaram contaminação do coto umbilical e infecção pelo tétano, associada à vacinação inadequada da mãe. O recém-nascido veio a óbito por volta do sétimo dia, tempo em que levava para a doença se disseminar e causar a morte. 

Os tipos de vacina antitetânica

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Bem, de acordo com a composição e preparação da vacina, as vacinas antitetânicas podem ter diferentes nomenclaturas e indicações:

  • DTPw-HB/Hib → (tríplice bacteriana de células inteiras combinada às vacinas hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPw → (tríplice bacteriana de células inteiras)
  • DTPa-VIP/Hib →  (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas inativada poliomielite e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa-VIP-HB/Hib → (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas inativada poliomielite, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
  • DTPa→  (tríplice bacteriana acelular)
  • dTpa → (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto)
  • dTpa-VIP →  (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina inativada poliomielite)
  • DT → dupla bacteriana infantil
  • dT →  dupla bacteriana do tipo adulto
vacina antitetânica
Saiba mais a respeito da vacina antitetânica

Perceba que o “a” se refere ao componente acelular. Em estados de hipersensibilidade, reações graves à vacina ou comprometimento da imunidade, essa vacina antitetânica é melhor indicada. 

Em relação à escrita, a letra “d”, em minúsculo, refere-se à preparação para crianças. A letra “D”, em maiúsculo, refere-se a preparação para adultos. Essas diferenças se dão pela concentração da substância a ser administrada. 

Devido a reações de hipersensibilidade por algum ou outro componente em vacinas combinadas, é necessária a preparação de diferentes combinações para atender um esquema de vacinação o mais completo possível, gerando diversas combinações diferentes.

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O esquema de vacinação 

A proteção da vacina antitetânica inicia-se antes mesmo do nascimento, durante a gestação. Todas as gestantes devem ter seu esquema de vacinação contra o tétano revisado. Se o esquema estiver incompleto, deve ser completado ainda na gestação, respeitando o intervalo entre as doses. Se estiver completo, devem receber a vacinação com uma dose de dtpa após as 20 semanas de gestação, com o objetivo de gerar anticorpos e transferi-los pela placenta ao recém-nascido, gerando imunidade pós-parto através de imunização passiva. Essa imunidade se estende até os 2 meses de idade. 

A partir dos dois meses, inicia-se o esquema de vacinação da criança contra o tétano. As doses contra o tétano são aplicadas através da pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo de 30 a 60 dias entre elas. Também se indicam duas doses de reforços com a vacina DTP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Se ocorrer atraso no esquema, essas vacinas podem ser aplicadas nas crianças com menos de 7 anos de idade (6 anos, 11 meses e 29 dias).

O reforço ocorre a cada 10 anos, inclusive para adolescentes, adultos e idosos. 

O que fazer quando há um acidente ou exposição a material potencialmente contaminado?

Primeiro, temos que determinar se o acidente foi de alto ou baixo risco: 

  • Ferimentos com risco mínimo de tétano: são ferimentos superficiais, sem corpos estranhos ou tecidos desvitalizados. 
  • Ferimentos com alto risco de tétano: são ferimentos profundos ou superficiais sujos; com corpos estranhos ou tecidos desvitalizados; queimaduras ou congelamento; feridas puntiformes ou por armas brancas e de fogo; mordeduras; esmagamento, politraumatismos e fraturas expostas.

Em ferimentos de baixo risco, realizamos limpeza e desinfecção, lavagem com soro

fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas. O foco deve ser desbridado quando possível. A situação vacinal deve ser atualizada e não está indicada imunoglobulina ou soro antitetânico. 

Em ferimentos de alto risco, a pessoa deve receber uma dose de reforço, ainda que esteja com o esquema atualizado, desde que tenha mais de 5 anos da última dose. Se a última dose tivesse sido há menos de 5 anos, não haveria necessidade de dose de reforço. Nesses casos, para o paciente imunodeprimido, desnutrido grave ou idoso, além do reforço com a vacina antitetânica, está também indicada IGHAT ou SAT.

Se o ferimento for de alto risco e a vacinação estiver incompleta ou incerta, a pessoa é candidata ao soro antitetânico ou à imunoglobulina.

Quando o ferimento é de alto risco, deve ser feita a desinfecção. O ferimento deve ser lavado com soro fisiológico e substância oxidantes ou antissépticas. Além disso, os corpos estranhos devem ser removidos, assim como os tecidos desvitalizados. 

Outros cuidados que devem ser tomados 

Se a prevenção e profilaxia falhou e a pessoa se infectou, no tratamento, são utilizados:

  • antibióticos;
  • relaxantes musculares;
  • sedativos;
  • imunoglobulina antitetânica e, na falta dela, soro antitetânico. 

Os antibióticos de escolha são a penicilina G cristalina (lembra-se de que é aquela que atinge o sistema nervoso central?) e o metronidazol. O tratamento é realizado durante 7 a 10 dias, sob esquema de internação. 

E atenção: a doença não confere imunidade. Se a pessoa já teve tétano, deve ter seu esquema vacinal completo seguindo as orientações para a população em geral. A imunidade conferida pelo soro antitetânico (SAT) dura cerca de duas semanas, enquanto aquela conferida pela imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) dura cerca de 3 semanas.

E mais um detalhe: quando está indicado o uso de vacina e SAT ou IGHAT, concomitantemente, a administração dessas substâncias deve ser aplicada em locais diferentes.

Mais sobre o assunto 

Neste texto, queríamos aprofundar o tópico da vacina antitetânica.

Sobre a aplicação da vacina antitetânica, é isso! 

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Bibliografia

Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de vigilância em saúde: volume único. 3a ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf.

Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Tétano acidental: ferimentos com destroços podem levar à infecção. Brasília, DF; 2016.  Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/tetano_acidental_ferimentos_destrocos_levar_infeccao.pdf

Sociedade Brasileira de Imunizações. Tétano, 07 Out 2020. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/doencas/tetano

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS (TelessaúdeRS-UFRGS). Quando e como realizar profilaxia de tétano após ferimentos? Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS; 5 Abr 2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/quando-e-como-realizar-profilaxia-de-tetano-apos-ferimentos .

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PollyannaCristine Dias Ferreira

Pollyanna Cristine Dias Ferreira

Mineira, nascida em Uberlândia em 1994, Formada pela Universidade Federal de Uberlândia em 2017, com residência em Medicina de Família e Comunidade pela Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto (conclusão em 2019). Experiência em USBF na cidade de Uberlândia. Por uma prática médica responsável e de qualidade.