Fala, pessoal! Hoje voltaremos a falar de eletrocardiograma, e o assunto será bloqueio de ramo esquerdo. E aí, bora conferir tudo que esse tema engloba?
Um bloqueio de ramo é qualquer obstrução ou retardo do fluxo de eletricidade ao longo das vias normais de condução elétrica. A incidência do bloqueio de ramo esquerdo (BRE) aumenta com a idade, tendo prognóstico benigno em indivíduos jovens; no entanto, está frequentemente associado à doença cardíaca estrutural na população idosa.
O coração possui um sistema especial para gerar impulsos elétricos responsáveis por contrações rítmicas do miocárdio e pela condução desses impulsos rapidamente por todo o coração. O caminho fisiológico de ativação ventricular ocorre da seguinte maneira:
Assim, quando ocorre a despolarização ventricular normal, o complexo QRS é estreito e o eixo elétrico se posiciona entre 0º e 90º. Tudo isso se altera no bloqueio dos ramos.
A sequência de ativação ventricular vai mudar na presença de BRE. Ocorre um atraso da ativação por conta da lenta difusão do impulso elétrico pelo ventrículo esquerdo. A despolarização ventricular se inicia pelo ventrículo direito por meio do sistema His-Purkinje, e o ventrículo esquerdo se despolariza por contiguidade e não pelo sistema de condução.
Com exceção dos casos de infarto agudo do miocárdio anterior, o BRE geralmente não será resultado de uma única entidade clínica, mas sim de uma doença degenerativa lentamente progressiva envolvendo o sistema de condução, como:
Principal ponto: o bloqueio de ramo é diagnosticado olhando a largura e a configuração dos complexos QRS. O complexo QRS em condições normais é estreito e tem duração de até 120 ms (3 quadradinhos).
Como o sistema de condução estará comprometido no BRE, é obrigatório que o complexo QRS esteja alargado, ou seja, terá duração > 120ms.
Além disso, é possível encontramos outros achados eletrocardiográficos:
Importante: Como o bloqueio de ramo afeta tanto o tamanho como o aspecto das ondas R, os critérios de hipertrofia ventricular não podem ser usados se houver bloqueio de ramo. O bloqueio de ramo esquerdo irá impedir o diagnóstico de hipertrofia ventricular esquerda.
A grande importância em identificar um bloqueio de ramo esquerdo no eletrocardiograma é que raramente irá ocorrer em corações normais, pois quase sempre se reflete doença cardíaca subjacente. Além disso, saber diferenciar uma alteração secundária da repolarização causada por um bloqueio de ramo de uma isquemia, por exemplo, faz toda diferença na conduta com o paciente.
Curtiu saber mais sobre o bloqueio do ramo esquerdo? Está pronto pra identificá-lo no eletrocardiograma? Então, continue acompanhando o nosso blog, porque tem muito conteúdo de qualidade por aqui!
Agora, temos uma dica de ouro para quem quer ficar por dentro de tudo sobre o eletrocardiograma: que tal dar uma olhada no nosso curso gratuito de ECG? Ele vai te ajudar a interpretar e detectar as principais doenças que aparecem no seu dia a dia como médico. E se você vai prestar as provas de residência médica, pode apostar que vai ficar muito mais fácil acertar as questões de ECG que caem nos exames! Para ser avisado das próximas vagas do curso, basta se inscrever AQUI. Corre lá!
Ah, e só mais uma coisa: quer ver conteúdos 100% gratuitos de medicina de emergência? Confira a Academia Medway! Por lá, disponibilizamos diversos e-books e minicursos. Enquanto isso, que tal dar uma olhada no nosso Guia de Prescrições? Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil!
ECG Essencial – 7ed
Recomendações da AHA/ACCF/HRS para a padronização e interpretação do eletrocardiograma: parte III: distúrbios de condução intraventricular: uma declaração científica do Comitê de Eletrocardiografia e Arritmias da American Heart Association, Conselho de Cardiologia Clínica; a Fundação do Colégio Americano de Cardiologia; e a Sociedade do Ritmo Cardíaco. Aprovado pela Sociedade Internacional de Eletrocardiologia Computadorizada.
Eletrocardiografia com exercícios comentados – UNIFESP (2012)
Uptodate
Formação em Medicina na Universidade Nove de Julho pelo FIES. Pesquisa no Instituto do Coração de São Paulo da Faculdade de Medicina da USP.