Sabemos que a cascata de coagulação é um assunto complexo e que você odiou estudar lá na fisiologia. No entanto ela é sim importante para a prática médica e o nosso foco hoje é falar justamente sobre a cascata de coagulação, com o foco no que realmente importa para o médico. Sem frescura com o que não importa na prática.
Vamos nessa?
Então, antes de falar sobre a cascata de coagulação em si, vamos falar sobre hemostasia.
A hemostasia é o processo fisiológico responsável por evitar sangramentos e hemorragias. Ela é dividida em:
Certo, a cascata de coagulação atua na hemostasia secundária. Mas o que é ela de fato?
Ela é formada pelos fatores de coagulação. Basicamente um fator de coagulação é uma proteína que ativa um outro fator que estava inativo, e este novo fator ativado irá ativar um próximo e assim sucessivamente. Formando uma cascata onde um fator ativa o próximo até o resultado final que é a formação de fibrina. Além disso, o Cálcio (Ca2+) tem um papel importante, atuando como cofator.
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Voltando ao nosso tópico, ela é dividida em via intrínseca e via extrínseca, sendo que ambas chegam num ponto em comum que é a via comum.
Agora que entendemos o básico sobre o funcionamento da cascata de coagulação, vamos seguir em frente e falar sobre a prática médica!
A hemofilia A é o tipo mais comum e, infelizmente, é mais grave que os demais. A hemofilia C é mais rara e tem quadro mais brando.
Hemofilia (A e B) acomete principalmente homens (casos raríssimos em mulheres), pois é uma doença hereditária ligada ao X recessiva. Enquanto que a hemofilia C pode acometer igualmente homens e mulheres (pois não tem relação com o cromossomo X, mas sim com o cromossomo autossômico 4).
O tratamento das hemofilias consiste basicamente em repor o fator deficiente.
A HNF tem ação inibitória sobre os seguintes fatores: trombina, Xa, XIIa, XIa e IXa, por conta disso quando usada em doses elevadas, principalmente, pode causar sangramentos. Seu acompanhamento se faz com a dosagem de KTTP (por conta da inibição da via intrínseca – fatores XIIa, XIa e IXa), objetivando um valor de KTTP 1,5 a 2,5x do normal.
Muito rara!
Antes de falarmos das próximas doenças, algumas considerações:
A varfarina é um antagonista da vitamina K, logo, reduz os fatores II / VII / IX / X e a consequência será principalmente na via extrínseca, com alargamento do TAP/RNI.
Ambos têm deficiência de vitamina K, já entendemos o que isso causa né? Problema na via extrínseca!
O fígado produz todos os fatores da coagulação (menos o fator VIII). E, se todos estão deficiêntes, qual irá causar problema antes? Isso mesmo, o fator VII.
A CIVD é uma síndrome caracterizada pela ativação e consumo dos fatores da coagulação. Logo, as consequências clínicas e laboratoriais são:
Para resumir de forma simples o que é a CIVD, pense assim:
Sobre o tratamento, não entrarei em detalhes porque não é o foco do artigo, mas algumas considerações:
Sabemos que falar sobre cascata de coagulação é denso, mas convenhamos, é um assunto importantíssimo e, se estudado de forma correta, priorizando o que de fato importa, dá sim para entender e colocar esse conhecimento na nossa prática médica.
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Gaúcho, de Pelotas, nascido em 1997 e graduado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Residente de Clínica Médica na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Filho de um médico e de uma professora, compartilha de ambas paixões: ser médico e ensinar.