Causas da diabetes gestacional: confira com a gente!

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Fala galera, hoje vamos dar uma revisada em um tema super relevante para nossa prática clínica, que são as causas da diabetes gestacional. Estima-se que 15% das gestantes em todo o mundo serão diagnosticadas com diabetes durante a gestação, e esse número no Brasil chega a 18%, sendo, portanto, a alteração metabólica mais comum da gestação.

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Mas afinal, o que é DMG?

Definimos DMG como a presença de resistência insulínica iniciada na gestação e que não preenche critérios de diabetes mellitus fora da gestação. 

Além de valores diferentes para o diagnóstico, o DM prévio e o DMG se diferenciam pelo impacto sobre o feto, sendo que o diabetes prévio, quando não controlado, além de complicações como vasculopatias, pode levar à malformações fetais, enquanto no DMG temos um risco muito reduzido, porém com impacto em morbidade materno-fetal importante. 

Vamos conferir as diferenças no seu diagnóstico:

E por que algumas gestantes desenvolvem diabetes gestacional? 

Numa gestação normal, o metabolismo energético pode ser dividido em duas grandes fases distintas:

  1. Fase anabólica — principalmente, no primeiro trimestre de gestação — nesta fase a glicemia da mulher tende a diminuir, em especial quando ocorre jejum prolongado (níveis de glicose em jejum são 15 a 20 mg/dl mais baixos do que em mulheres não grávidas). 

Isso ocorre, pois a gestante passa a utilizar mais ácidos graxos como fonte de energia, poupando a glicose para uso fetal. Assim, há uma menor necessidade de insulina por parte da gestante;

  1. Fase catabólica  — no segundo e terceiro trimestres de gestação — nesta fase há aumento na resistência periférica à insulina em virtude da secreção placentária de alguns hormônios considerados diabetogênicos, como hormônio do crescimento, cortisol e, principalmente, o hormônio lactogênio placentário (hPL), na tentativa de aumentar o aporte de glicose por meio de difusão facilitada para o feto. 

Como vimos, estamos diante de uma resistência à insulina. Compensatoriamente, o pâncreas produz mais insulina na tentativa de evitar cetose e cetoacidose, gerando o que chamamos hiperinsulinismo fisiológico da gestação. 

Contudo, se o pâncreas não for capaz de produzir toda a insulina necessária, a gestante desenvolve intolerância à glicose e diabetes. 

Todo esse processo é um teste de reserva pancreática materna, caso a mãe “não passe no teste”, podemos considerá-lo um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus do tipo 2 no futuro. 

Já no puerpério, há uma redução abrupta dos hormônios contrainsulínicos produzidos pela placenta. Com isso, ocorre uma queda abrupta na necessidade de insulina materna. 

Saber o metabolismo dos carboidratos na gestação é essencial para realizar o tratamento  com insulina durante a gravidez, pois a partir disso  sabemos que no segundo e no terceiro trimestre, há um acréscimo da demanda de insulina e no puerpério há um decrescimento da necessidade importante.

Durante a gestação, todo o metabolismo de carboidratos é alterado na tentativa de preservar e aumentar o aporte de glicose para o feto.

Por fim, quem e como rastrear?

Para início de conversa, a primeira oportunidade que temos para fazer o diagnóstico de DMG ou diabetes prévia à gestação, é por meio da glicemia de jejum solicitada na primeira consulta de pré-natal. 

Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dL faz o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2. Quando o resultado está  entre 92 e 125 mg/dL concluímos que a paciente possui  diabetes mellitus gestacional e quando for menor que 92 mg/dL  será considerado adequado. 

Pacientes com valores inferiores a 92 mg/dL deverão realizar, de forma universal, o Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO ou TOTG) de 75 g (jejum, 1 e 2 horas) entre 24–28 semanas de gestação.

Fluxograma: Avaliação da glicemia de jejum na primeira consulta de pré-natal. Fonte: Zugaib Obstetrícia, 4.ª Edição, 2020.

O TTGO ou curva glicêmica é o exame onde a paciente tem sua glicemia medida no jejum, depois toma 75g de glicose anidra diluída em 100 a 200 mL de água e a glicemia é verificada após uma e duas horas. Solicitado entre 24 0– 28 semanas para as pacientes que ainda não tiveram o diagnóstico de diabetes mellitus (gestacional ou não) e onde temos viabilidade para ser realizado..

De acordo com os protocolos, os valores de corte para diagnóstico de DMG são:

  • jejum: 92 a 125 mg/dl; 
  • 1 hora após ingestão de 75g de glicose: ≥ 180 mg/dl;
  • 2 horas após ingestão de 75g de glicose: 153 a 199 mg/dl.

Para o diagnóstico de DM2, segundo o protocolo do MS, os valores são:

  • Jejum: ≥ 126 mg/dl; 
  • 2 horas após ingestão de 75g de glicose: ≥ 200 mg/dl.
Fluxograma: Diagnóstico de DMG ou DM2. Fonte: Zugaib Obstetrícia, 4.ª Edição, 2020.

E aí, curtiu saber mais sobre diabetes gestacional?

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