CFM suspende prescrição de anabolizantes para fins estéticos: entenda!

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A busca por um corpo perfeito, nos moldes clássicos gregos, é uma realidade de nossa sociedade moderna. Como esse objetivo não é alcançado em curto prazo, alguns homens procuram meios de chegar aos resultados com mais rapidez.

Nesse sentido, os anabolizantes sempre foram uma solução de alta demanda. Mas sempre houve discussões sobre o assunto. Recentemente, o Conselho Federal de Medicina suspendeu a prescrição de anabolizantes com finalidade estética. Saiba mais sobre o assunto, lendo nosso post!

O que são anabolizantes?

Antes de começar a falar sobre o assunto, eu tenho uma pergunta pra você, que está acabando a faculdade de Medicina ou que acabou de se formar: está a fim de ser o novo residente? Então, venha conhecer os nossos Extensivos, que darão todo suporte que você precisa para conseguir a tão sonhada aprovação. Teste o Extensivo Medway por 7 dias totalmente gratuitos e conheça todos os benefícios e as ferramentas que vão fazer a diferença nos seus estudos!

Agora, voltando ao assunto, vamos explicar o que são os famosos anabolizantes esteroides. Eles são drogas de uso injetável ou oral, semelhantes a andrógenos, que são hormônios masculinos. Desses hormônios, o mais conhecido é a testosterona. 

Por esse motivo, eles recebem também a denominação de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA).

Pessoas que sofrem com problemas na produção de testosterona (hipogonadismo masculino) e algumas que apresentam alguns tipos de câncer de mama podem receber tratamento com esteroides anabolizantes.

Porém, os EAA costumam ser usados, de forma indevida, para aumento de massa muscular. Essa prática, ainda que seja comum, não tem resultados comprovados cientificamente. Além disso, envolve muitos riscos.

Mas porque eles são tão famosos entre os atletas e praticantes de musculação em geral? Os anabolizantes realmente estimulam o crescimento e a divisão das células. Consequentemente, os músculos aumentam de tamanho. Porém, o uso de anabolizantes envolve sérios riscos, como lesões hepáticas que podem levar à morte. 

Os EAA estão sob controle especial, de acordo com a legislação do Brasil. Dessa forma, as farmácias e as drogarias só podem vendê-los com a apresentação de receita médica.

O que o CFM considerou para suspender a prescrição de anabolizantes para fins estéticos?

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou no dia 11/04/2023 no Diário Oficial da União (DOU) a Resolução nº 2.333/2023.

Essa resolução se posiciona contra a prescrição e o consumo de esteroides e anabolizantes para ganho de massa magra (músculos).

De acordo com o CFM, ainda não é seguro recomendar a hormonioterapia anabolizante com finalidade estética e esportiva.

O conselho revelou que existem possíveis efeitos colaterais perigosos. Além disso, não há estudos clínicos randomizados que mostrem qual é a magnitude dos riscos.

Nas palavras de Annelise Menegusso, conselheira federal do CFM: “O uso indiscriminado de terapias hormonais com EAA, incluindo a gestrinona, com objetivos estéticos ou para o ganho de desempenho esportivo, é hoje uma preocupação crescente na medicina e para a saúde pública, uma vez que, de acordo com as mais recentes evidências científicas, não existem benefícios notórios que justifiquem o aumento exponencial do risco de danos possivelmente permanentes ao corpo humano em diferentes órgãos e sistemas com sua utilização”.

O CFM tomou a decisão depois que seis sociedades médicas publicaram uma carta solicitando ao conselho que votasse uma regulamentação a respeito de esteroides anabolizantes e substâncias semelhantes cuja finalidade é otimizar a estética e o desempenho.

Vale lembrar ainda que a Anvisa proibiu a produção, a comercialização e a distribuição dos Moduladores Seletivos do Receptor Androgênico com essa finalidade, sendo que a Resolução nº 791/2021 dispõe a apreensão e a inutilização desses produtos.

O que diz a norma?

De acordo com a resolução: “É vedada a prescrição médica das substâncias para fins estéticos, ganho de massa muscular e melhora do desempenho esportivo”.

De acordo com a norma, a reposição com hormônios só é permitida em casos específicos de deficiência. O tratamento se restringe, portanto, às deficiências em que a reposição hormonal revela evidências de vantagens confirmadas cientificamente. A norma impede os médicos de aplicarem os procedimentos abaixo:

  • uso de qualquer fórmula de testosterona em pacientes em que não foi diagnosticada a escassez hormonal, excetuando-se os casos registrados nas outras normas;
  • uso de fórmulas de hormônios androgênicos ou esteroides anabolizantes cujo objetivo seja estético;
  • uso de fórmulas de hormônios androgênicos ou esteroides anabolizantes cujo objetivo seja otimizar a performance esportiva (não importa se os atletas são profissionais ou amadores);
  • prescrição de hormônios “bioidênticos” em fórmulas nano ou em nomenclaturas de natureza comercial, sem a adequada confirmação científica de superioridade clínica;
  • prescrição de SARMS (Moduladores Seletivos do Receptor Androgênico), não importa qual seja a recomendação, pois são proibidas a comercialização e a divulgação desses produtos em nosso país;
  • realização de eventos, cursos, publicidade com a finalidade de incentivar e fazer apologia a possíveis vantagens das terapias androgênicas com objetivos estéticos, para ganhos de massa muscular ou de melhoria do desempenho esportivo.

Houve aumento de casos com complicação?

A suspensão da prescrição de anabolizantes para finalidades estéticas está fundamentada em casos reais de complicação.

As sociedades médicas expressaram sua preocupação com o crescente aumento de casos de complicação pela utilização inadequada de hormônios.

Também demonstrou preocupação com a divulgação excessiva, nas redes sociais, de conteúdo que estimula a utilização dessas substâncias, propagando os efeitos benéficos que causam.

Conforme as sociedades médicas, a prescrição de anabolizantes é necessária porque: “Essa ação se faz necessária, por atingir não apenas a classe médica, mas por ter caráter pedagógico e de alerta ao público leigo, também amplamente atingido por informações deturpadas e inconsequentes a respeito desse assunto, mas comumente bem elaboradas e atraentes”. A carta de solicitação foi assinada pelas seguintes sociedades e federações:

  • Sociedade Brasileira de Cardiologia;
  • Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício;
  • Sociedade Brasileira de Urologia;
  • Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia;
  • Federação Brasileira de Gastroenterologia;
  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Na carta dirigida ao CFM, o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Sérgio Pessoa, assim se expressou: “O grande problema é que, para fins estéticos, essas substâncias costumam ser utilizadas em altas doses e têm uma procedência duvidosa na sua fabricação”.

A suspensão da prescrição de anabolizantes pelo Conselho Federal de Medicina tem como objetivo evitar complicações sérias dos usuários desses produtos. 

É uma medida de segurança que busca coibir informações duvidosas que circulam na internet e o uso inadequado de hormônios. Nesse mesmo contexto, há mais de 10 anos, o CFM proíbe, por meio da Resolução nº 1.999/2012, a utilização de produtos que retardam o envelhecimento.

Agora você sabe mais sobre a suspensão da prescrição de anabolizantes!

Agora que você se atualizou sobre a legislação que trata do uso de anabolizantes, não deixe de esclarecer outros leitores: compartilhe nosso conteúdo com seus amigos nas redes sociais!

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MicaelHamra

Micael Hamra

Nascido em 1991, médico desde 2015, formado pela Faculdade de Medicina de Catanduva (FAMECA) e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) finalizada em 2018. "Nunca quis seguir o fluxo. Sempre acreditei que existe uma fórmula do sucesso para cada um de nós. Se puder conquistar sua mente, poderá conquistar o mundo." Siga no Instagram: @mica.medway