Hoje, vamos falar um pouco sobre a avaliação por ultrassonografia do aneurisma de aorta abdominal. Se você não conhece o papel do ultrassom na avaliação dessa condição, continue a leitura deste artigo.
Os estudos angiográficos, como a angiotomografia, a angiorressonância e a angiografia, são os melhores métodos para avaliar as dilatações aneurismáticas arteriais, desde os aneurismas saculares intracranianos até os aneurismas fusiformes toracoabdominais.
No entanto, todos os métodos mencionados acima possuem alto custo, o que limita a disponibilidade e o acesso aos pacientes. Além disso, a tomografia computadorizada e a angiografia utilizam radiação ionizante, outro fator limitante para o uso no acompanhamento dos pacientes.
Diante desse contexto, a avaliação pelo ultrassom assume posição de destaque, visto que o método tem baixo custo, não é invasivo, mas portátil, com ampla disponibilidade, sem radiação ionizante.
Antes de partir para a avaliação por imagem, vale saber um pouco sobre a definição do aneurisma abdominal. Um aneurisma é qualquer dilatação arterial maior que 50% do diâmetro.
Habitualmente, o calibre da aorta abdominal é de 2,0 cm, portanto, dilatações acima de 3,0 cm devem ser consideradas aneurismáticas. Entre 2,0 e 3,0 cm, são denominadas ectasias.
É importante destacar que os aneurismas verdadeiros representam a dilatação de todas as camadas que compõem a artéria, portando a parede é composta pelas camadas íntima, média e adventícia. Já os aneurismas falsos ou pseudoaneurismas ocorrem como consequência da dilatação de apenas parte da parede arterial.
O aneurisma fusiforme assume aspecto morfológico característico, de acordo com a etiologia e a localização, sendo classificado como sacular também. Na aorta abdominal, o principal tipo é o fusiforme.
A avaliação por ultrassonografia em aneurisma de aorta abdominal ultrassonografia pode ser usada para o rastreamento, o diagnóstico e o acompanhamento dos pacientes diagnosticados com essa condição.
É muito frequente que o diagnóstico seja realizado em pacientes assintomáticos, uma vez que a sintomatologia geralmente ocorre quando há alguma complicação associada, como compressão de estruturas adjacentes, dissecção arterial, trombose parietal e rotura aneurismática.
Além disso, pode ser realizado o acompanhamento ultrassonográfico desses pacientes, poupando a exposição repetida à radiação ionizante ou aos procedimentos invasivos.
O exame de ultrassom associado ao estudo Doppler é excelente para a avaliação morfológica e do fluxo arterial nos pacientes que apresentam “boa janela ultrassonográfica”, ou seja, magros e sem distensão gasosa das alças intestinais. Pacientes obesos e que apresentam acentuada distensão intestinal têm limitação na avaliação pelo ultrassom.
No ultrassom, as paredes dos segmentos arteriais apresentam-se hiperecoicas (mais claras), enquanto a luz arterial é hipoecoica (mais escura)O calibre do segmento arterial de interesse é facilmente visualizado.
Como dito, para ser considerado aneurisma de aorta abdominal, a dilatação deve possuir mais de 3,0 cm de diâmetro. Placas ateromatosas estão frequentemente associadas, visto que a aterosclerose é um dos principais fatores de risco.
Por vezes, é possível observar trombos aderidos às paredes aneurismáticas, que se apresentam como estruturas hipoecóicas (cinzas) em contato com a parede do aneurisma.
Dependendo das dimensões, o trombo parietal pode determinar redução da luz arterial, que pode ser facilmente caracterizada utilizando o estudo Doppler colorido.
A grande preocupação dos trombos parietais é o crescimento com consequente oclusão arterial e possibilidade de eliminar pequenos fragmentos que podem sofrer embolização distal para os membros inferiores.
A ultrassonografia é um excelente método utilizado em várias etapas da avaliação dos pacientes com aneurisma do segmento abdominal da aorta. O baixo custo, a ampla disponibilidade, a atuação não invasiva, a portabilidade e a não necessidade de radiação ionizante tornam-na uma excelente escolha, principalmente em estratégias populacionais.
É importante ressaltar que, em algum momento, os pacientes com aneurismas da aorta devem ser submetidos a um estudo angiográfico completo da aorta para melhor definição das características do aneurisma e para eventual planejamento cirúrgico.
Agora que você entendeu o papel da avaliação por ultrassonografia em aneurisma de aorta abdominal, aproveite para conhecer um pouco mais sobre a prática a partir do nosso e-book Guia de Ultrassonografia Point-Of-Care!
Capixaba raiz, nascido em 91. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com residência médica em Radiologia e especialização em Neurorradiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Fanático por filmes e apaixonado pela família. Siga no Instagram: @lorenzomarsolla