Você já cogitou se tornar um médico radiologista? Essa especialidade atua em conjunto com todas as áreas da Medicina na elaboração de diagnósticos por meio de imagens para detecção de problemas, inclusive em fase inicial. Se esse pode ser o seu caminho, você chegou ao lugar certo, porque hoje vamos falar sobre como é a residência em Radiologia na Unicamp, uma das instituições mais buscadas por quem deseja cursar essa especialidade.
A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp já conta com 57 anos e oferece, ao todo, programas de treinamento em serviço em 47 especialidades. Essa robustez da instituição, junto à tradição que carrega, a tornam muito visada pelos médicos que desejam ter uma residência de respeito no currículo e uma vivência que realmente prepare para a prática da Medicina.
No caso da residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, a duração é de 3 anos. Na Unicamp, essa não é uma especialidade das mais concorridas — mas nem por isso a prova dispensa um preparo de qualidade por parte dos candidatos. No processo seletivo para ingresso em 2021, 108 inscritos concorreram a somente 10 vagas, resultando em uma relação candidato/vaga de 10,8. Além disso, a prova prática não foi realizada nessa edição em função da pandemia de covid-19, mas não é possível saber se essa mudança vai se manter. Ou seja: na dúvida, esteja pronto.
Mas como é a residência em Radiologia na Unicamp quando o médico já está lá dentro? Como funciona, quais são os melhores estágios, como fazer pesquisa, como fazer plantões, o que se aprende? Todas essas perguntas foram respondidas pela Isabela, que é R3 por lá, e pelo Vinicius, que já se formou e hoje cursa uma subespecialização — ou seja, é R4. Se liga no que eles contaram pra gente!
Isabela: Para mim, é o PS laudo, no qual o residente terá amplo contato com os casos do pronto-socorro.
Vinicius: Neurorradiologia é um dos melhores estágios da residência, até por isso eu escolhi me subespecializar nesta área. Mas os estágios de abdome, PS e ultrassom também são muito fortes na Unicamp. Não tem como você sair da residência sem saber fazer ultrassom adequadamente, e você faz todos os exames.
Isabela: Para mim, é o Dr. André Meneghetti, sempre disposto a ensinar com humildade.
Vinicius: Dr. Fabiano e Dr. Nivaldo, além de ótimos profissionais, sabem muito de Neurorradiologia. Ambos são extremamente dedicados à residência e nos ensinam muito.
Isabela: Na residência em Radiologia na Unicamp, passamos, no R1, por Ultrassom geral, Contrastados, Mamografia, Tomografia Geral (abdome, músculo). No R2, rodamos em US Doppler, procedimentos (PAAF/Biópsias mama/próstata), Tomografia Geral (acrescentando Neurorradiologia), US geral e um pouco de RM. Por fim, no R3 temos Ultrassom geral, TC, e ficamos mais focados em RM.
Vinicius: Radiologia é, basicamente, laudar os exames do hospital, então a gente roda a maioria dos estágios no HC da Unicamp mesmo, cada mês em uma subespecialidade. O residente passa nas grandes áreas da Radiologia uma vez por ano, exceto o R1, que não passa em Neurorradiologia. No R1, os estágios diferentes nos quais residente passa são os de Urorradiologia, no qual ele aprende a fazer Uretrocistografia, e de Gastrorradiologia, em que aprende a fazer exames baritados do trato gastrointestinal. Os demais estágios do primeiro ano são Abdome, Pronto-socorro, Mama, Músculo-esquelético e Ultrassom. No R2, o residente passa pelos mesmos estágios, substituindo os de Urorradiologia e Gastrorradiologia por estágios no hospital Estadual de Sumaré e na Ultrassonografia Obstétrica, além de passar no estágio de Neurorradiologia. No R3, o residente passa duas vezes por cada uma das grandes áreas e uma vez pelo PS.
Isabela: Sim, no R3 temos um mês para fazer estágio fora.
Vinicius: No R3, o residente tem um mês em que pode fazer um estágio optativo onde quiser. O meu foi em Toulouse, na parte de Neurorradiologia Intervencionista. Mas você tem que ir atrás do lugar onde quer fazer o estágio por conta própria.
Isabela: Sim.
Vinicius: Sim.
Isabela: São no máximo 6 plantões por mês, com direito a pós-plantão no período vespertino do dia seguinte.
Vinicius: Sinceramente, eu não lembro quantos plantões foram ao longo da residência, mas você começa a dar plantão 6 meses após entrar na residência e termina os plantões 6 meses antes de concluí-la. Como somos em 10 residentes, isso dá um pouco mais de 30 plantões por ano. No dia após o plantão, o residente tem direito a descanso no período da tarde.
Isabela: Minha nota é 8. No R1, temos aulas diárias de física, Raio-X, Cabeça e Pescoço, Neurorradiologia e participamos de discussão de casos do Abdome.
Vinicius: A nota da parte teórica na residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem na Unicamp é, na minha opinião, 8. Temos aulas toda semana de Cabeça e Pescoço, Abdome, Neurorradiologia, Tórax e Músculo-esquelético.
Isabela: Dou nota 8. O lado acadêmico depende do residente. Não há imposição nesse sentido. A pessoa pode ficar três anos sem publicações, mas, se quiser, consegue publicar bastante também, pois alguns chefes têm esse interesse.
Vinicius: Minha nota é 8. Na Unicamp, existem muitos projetos de pesquisa em andamento e muitos dos chefes são pesquisadores, mas parte do residente o interesse em fazer projetos científicos. Se você quiser fazer, será muito legal e você terá muitas oportunidades, mas se não tiver interesse, não será importunado também.
Isabela: Os casos são muito ricos. A pessoa verá de tudo e isso acho fundamental na Radiologia. Saímos muito preparados para o mercado de trabalho. Conseguimos trabalhar fora desde o R2 e os casos dificilmente nos assustam, pois estamos acostumados com casos bem complexos.
Vinicius: O residente pega muita mão de tudo e o mercado e os hospitais públicos e particulares valorizam muito o médico formado na Unicamp.
Vinicius: A nossa parte de músculo-esquelético está em processo de melhora.
Isabela: Sim, muitos trabalham com plantões de clínica no R1 e, a partir do R2, começamos a dar plantões de Radiologia. Acho isso um diferencial daqui, pois como existem muitas cidades vizinhas, temos esse espaço.
Vinicius: Dá sim, tendo como foco que a residência é seu maior compromisso. Não pode perder isso de vista. Todos fazem plantões externos durante a residência em Radiologia na Unicamp.
Isabela: Temos direito a almoço e jantar no refeitório.
Vinicius: Oferece auxílio-moradia em dinheiro e refeição gratuita no restaurante do hospital.
Isabela: Sim.
Vinicius: Não.
Isabela: Conheço algumas pessoas que voltaram sim, inclusive para a minha própria cidade, e estão muito bem colocadas por lá.
Vinicius: Conheço sim. É perfeitamente possível, e diria que o que conta mais é a subespecialidade, digo, é mais fácil você se inserir no mercado da cidade em que você se subespecializou.
Isabela: Acho que a residência em Radiologia na Unicamp prepara muito bem o profissional. Os radiologistas saem muito bons. Como em todos os locais, existem seus defeitos. Os residentes se frustram muitas vezes por quererem mais chefes na retaguarda. Mas acho que o que ensina muito são os casos daqui, os próprios pacientes.
Vinicius: Radiologia é uma área muito rica, com muita oportunidade, uma vez que hoje em dia toda consulta médica gera pelo menos um pedido de exame. Para aqueles que gostam de anatomia e de patologia e querem uma vida mais tranquila dentro da Medicina, é uma ótima área.
Haja informação, hein? Tudo isso ajuda muito no momento de escolher onde cursar a residência. A Isabela e o Vinicius passaram uma boa ideia do que eles mesmos gostariam de saber antes de serem R1. Espero, de verdade, que essas entrevistas tenham clareado um pouco as coisas por aí!
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Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar. Siga no Instagram: @joaovitorsfernando
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