Como erradicar a sarna: o tratamento da escabiose é suficiente?

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Fala galera! Aposto que todo mundo já ouviu falar da escabiose e do tratamento da escabiose, ou da sarna, como é popularmente conhecida! Existem diferentes modalidades de tratamento, mas será que só as medicações tópicas ou por via oral são o suficiente?

A escabiose é uma parasitose humana causada pelo ácaro Sarcoptes scabei variedade hominis. A transmissão ocorre somente entre humanos, seja por contato direto com o indivíduo infectado ou com fômites contaminados, como roupas ou outros objetos.

Sendo assim, já dá para perceber que o tratamento da escabiose vai além do cuidado com o caso índice, né?

Vem com a gente que vamos te mostrar o o passo-a-passo da abordagem terapêutica dessa doença!

Antes do tratamento da escabiose, vamos diagnosticar a doença?

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Voltando ao nosso tópico, para que seja realizado o tratamento da escabiose adequadamente, é fundamental que a doença seja diagnosticada de forma correta e o mais precoce possível, a fim de evitar complicações decorrentes desta condição.

O principal sintoma da escabiose é a coceira generalizada, tipicamente pior no período da noite. Clinicamente, notamos túneis com pápulas avermelhadas nas extremidades e/ou nódulos inflamatórios, eventualmente escoriados e com sinais de infecção bacteriana secundária.

A distribuição das lesões é típica e pode ser facilmente visualizada na figura a seguir:

A distribuição das lesões é típica no quadro de escabiose tratamento.
Na imagem: distribuição das lesões de escabiose em adultos e crianças.

O diagnóstico é primordialmente clínico, porém o exame de dermatoscopia pode auxiliar no diagnóstico (sinal da asa delta) e a visualização direta do ácaro, dos ovos ou das fezes do Sarcoptes scabei por microscopia ótica corresponde ao exame diagnóstico confirmatório.

Tratamento da escabiose

Ótimo, diagnosticamos o nosso paciente com a sarna! Mas como será que vamos tratar? Com medicação tópica? Com medicação por via oral? Eis a questão! O tratamento da escabiose é amplo e pode ser realizado de forma tópica ou por via oral.

Os tratamentos tópicos mais comumente utilizados são:

  • Permetrina: corresponde à terapêutica de primeira escolha para o tratamento da escabiose. É empregado na forma de creme ou loção a 5%. Nos adultos, deve-se aplicar a loção do pescoço para baixo, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés, regiões interdigitais, periumbilical, genital e áreas sob as unhas. O uso deve ser feito à noite e o paciente deve tomar banho pela manhã após 8 a 12 horas. Aplicar duas noites consecutivas. No terceiro dia pela manhã, toda a roupa de cama deve ser removida e lavada. Uma segunda aplicação deve ser realizada após 7 dias. Em crianças menores de 2 anos, idosos e imunodeprimidos, é necessário incluir o couro cabeludo, a face (exceto as regiões periocular e perilabial), o pescoço, as orelhas e os sulcos retroauriculares. Seu uso é seguro na gestação, durante a amamentação e em crianças a partir de 2 meses de vida.
  • Enxofre precipitado: medicamento de escolha em crianças menores de 2 meses. É empregado a 5 ou 10% em vaselina. Deve-se aplicar em todo o corpo, por um período de quatro noites consecutivas, e removido durante o dia. É necessário que se repita o tratamento após uma semana. As principais desvantagens são o odor e a cosmética desagradáveis.
  • Benzoato de benzila: é utilizado sob forma de loção a 25%. Deve ser aplicado em todo o corpo durante quatro noites consecutivas. Uma nova aplicação deve ser realizada após 7 a 14 dias. Comumente causa irritação da pele e sensação de queimação após a aplicação. Para reduzir a irritação, o produto deve ser diluído a 12,5% quando utilizado em crianças e a 6,25% em lactentes. No entanto, a diluição reduz a eficácia do tratamento da escabiose.
  • Monossulfiram: o monossulfato de tetraetiltiuram é utilizado diluído em água: duas partes para os adultos e três para as crianças. Deve ser aplicado durante quatro noites consecutivas e removido pela manhã.
  • Creme de crotamiton a 10%: alternativa segura em lactentes, mas requer múltiplos tratamentos. Deve ser aplicado em todo o corpo por 24 horas, lavado e reaplicado por 3 a 5 dias. Alguns estudos sugerem que a eficácia do tratamento da escabiose pode ser melhorada com a aplicação diária por 10 a 14 dias.

Existem outros tratamentos tópicos pouco utilizados, mas que vale a pena conhecer:

  • Ivermectina tópica: a loção tópica de ivermectina a 1% em propilenoglicol na dose de 400 mcg/kg é relatada como segura e tão eficaz quanto a ivermectina oral para o tratamento da escabiose em estudos preliminares. Deve ser usada em todo o corpo e repetida a aplicação após uma semana. Não é usada rotineiramente devido ao alto custo, baixa disponibilidade e falta de evidências de sua utilidade em larga escala.
  • Lindano: foi retirado da maioria dos mercados internacionais devido a sua absorção sistêmica significativa e subsequente toxicidade do sistema nervoso central. O lindano é acessível em alguns países em desenvolvimento, porém deve ser evitado em lactentes, mulheres grávidas e pacientes imunocomprometidos devido ao risco de convulsões, paralisia e morte.
  • Malation 0,5%: existem poucas evidências que demonstrem a sua eficácia no tratamento da escabiose.

Já o tratamento oral com agentes antiparasitários sistêmicos é baseado, nada mais nada menos, na tão falada:

  • Ivermectina oral: o tratamento de escabiose simples consiste em uma dose de 200 mcg/kg seguida por uma dose repetida após 1 semana. Pode ser usada para adultos e crianças com mais de 5 anos. Deve ser evitado em gestantes, sendo o tratamento tópico considerado como primeira escolha.

Outra medicação por via oral promissora, com eficácia comprovada contra a sarna é a:

  • Moxidectina oral: tem sido estudada como um derivado alternativo de avermectina. Atualmente, a moxidectina é usada por veterinários como um agente antiparasitário de dose única. É um tratamento de escabiose promissor que permite melhor adesão, uma vez que os regimes multidose são uma barreira aos tratamentos atuais. Testes em humanos estão em andamento.

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Após realizado o tratamento da escabiose, qual é o próximo passo?

Calma lá que o trabalho ainda não acabou! A propagação da sarna sem contato direto interpessoal é incomum, sendo a principal via de transmissão da doença pele a pele. Porém, como os ácaros sobrevivem a curto prazo fora do hospedeiro, fômites contaminados também podem propagar a sarna. Sendo assim, a descontaminação ambiental deve ser realizada junto ao tratamento da escabiose individual.

“Então eu vou precisar dedetizar a casa inteira?” Nada disso, existem opções muito mais simples! Se liga na imagem a seguir e observe as alternativas existentes:

A descontaminação ambiental deve ser realizada junto ao tratamento da escabiose individual
Na imagem: alternativas para a descontaminação ambiental da escabiose.

Além disso, devido ao risco do ácaro infectar outros membros da família e, assim, re-infectar o caso índice, é recomendado que todos os habitantes do domicílio sejam submetidos ao tratamento da escabiose, ainda que sem sintomas.

Esse é o recado de hoje, pessoal! Nada de tratar o paciente somente e se dar por satisfeito! Vamos sempre lembrar de descontaminar os fômites e de tratar os habitantes da mesma casa! Combinado?

É isso!

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NatáliaSuzuki

Natália Suzuki

Nascida em São Paulo e criada em Guarulhos até o momento de cortar o cordão umbilical para se aventurar na maravilhosa Campinas, onde se formou médica, dermatologista e mestre pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Fellowship em Cirurgia Dermatológica em Campinas e exercício da Dermatologia em São Paulo.