Fala galera, tudo certo? Já falamos aqui no blog, há alguns dias, sobre o tratamento da diverticulite aguda. Hoje, no entanto, vamos falar de uma outra parte desse tema que também causa dúvida em muita gente: a dieta para diverticulite. Você sabe qual a dieta correta a recomendar?
Bora lá dar uma olhada!
Chega no PS a Dona Maria do Carmo, de 75 anos, obesa, casada, moradora de Campinas, São Paulo. Ela chega no consultório relatando já ter o diagnóstico de diverticulite há um ano, dado por um outro médico. Trouxe consigo uma tomografia de abdome e relata estar sentindo muita dor abdominal há dois dias, além de dois episódios de diarreia e um de febre. Nega sangue nas fezes. Relata alto consumo de carne vermelha, gordura e açúcares, além de dieta pobre em fibras, frutas e vegetais. Nega outras comorbidades e febre.
Ao exame, houve sensibilidade à palpação do quadrante inferior esquerdo e ausência de sinais e sintomas de peritonite. Além disso, observou-se dor à descompressão. Restante do exame sem alterações.
E aí? Agora é com você! Manteria a dieta? Ou colocaria dieta zero? É necessária ingestão de fibras?
Meu amigo, vale lembrar que a diverticulose é a presença de divertículos no intestino. Já doença diverticular é a presença de sintomas relacionados aos divertículos, e diverticulite é um processo inflamatório dos mesmos.
Sendo assim, a dona Maria do Carmo deve manter seu padrão alimentar? A resposta é NÃO. “Então eu devo já indicar aumento no consumo fibras para ela?”. A resposta continua sendo NÃO.
Vamos lá: quando falamos em crise de diverticulite, temos uma paciente que está com dificuldades de digestão e, assim, deve ingerir alimentos de fácil digestão e com poucas fibras, além de também priorizar a ingestão de líquidos claros e chá de camomila, mantendo-se por 24 horas. Após esse período, começa a aparecer um alívio das crises, e assim, começamos a mudar a dieta para diverticulite, incluindo sopas com verduras, vegetais cozidos e frango. Pode ser consumido também arroz, iorgurte natural e gelatina sem açúcar. Conforme vai evoluindo bem, deve-se ir progredindo para arroz branco bem cozido, purê de batata, macarrão, biscoitos sem fibras, ovos, peixes e laticínios. Quando houver resolução da crise, ocorre o retorno da dieta completa, que inclui MUITA ingestão de fibras e líquidos. Vale ressaltar que o repouso é indicado nesses casos.
Durante as crises a paciente deve evitar também cascas de frutas, vegetais crus, carnes vermelhas, alimentos que provocam gases, leite, ovos, refrigerantes e feijão.
Agora eu tenho certeza que você está se perguntando o porquê de incluir as fibras no período assintomático, então vou te explicar: a ingestão de grandes quantidades de fibras e água evitam a famosa “prisão de ventre”, pois melhoram o trânsito do bolo fecal, tornando-o mais mole e de fácil locomoção. Se deixarmos as fezes duras, elas podem formar fecálitos e causar novas crises.
Outra questão que pode estar na sua cabeça martelando é: e se fosse uma diverticulite aguda complicada? nesse caso, internaríamos a dona Maria do Carmo e iniciaríamos jejum, para que conseguíssemos dar um descanso no seu intestino e hidratação parenteral e daríamos a mesma sequência da diverticulite não complicada.
Então a paciente está liberada para comer, desde que seja alimentos com baixa quantidade de fibras, além do aumento da ingestão de líquidos no primeiro dia, e seguir colocando gradualmente os alimentos já citados até voltar a dieta rica em fibras. A paciente deve ser muito bem instruída para a volta da ingestão dos mesmos e dos seus benefícios! Além de ser desencorajada no consumo de altas quantidades de carne vermelha, carboidratos e açucares, visto que são fatores de risco para novas crises.
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Pra cima, turma!
* Colaborou Nicole de Souza Bueno, graduanda de Medicina na FCMSJF
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.