As cardiopatias congênitas tratam de assuntos complexos tanto na prática médica diária quanto nas provas de residência. Sendo assim, você sabe o que é a comunicação interatrial?
Entre as cardiopatias abordadas, podemos citar a comunicação interatrial e interventricular — a segunda também pode ser conferida aqui, no blog. Assim, você fica por dentro de todos os detalhes que envolvem esses assuntos tão importantes para a prática médica
Neste texto, vamos revisar os achados de imagem que podem ser observados em pacientes com comunicação interatrial. O objetivo é que você tenha mais uma ferramenta na hora de avaliar uma radiografia de tórax.
Afinal, o que é comunicação interatrial? A CIA é uma abertura anormal no septo atrial, permitindo uma comunicação entre os átrios direito e esquerdo. Devido à menor pressão do lado direito, é possível notar uma passagem do sangue do átrio esquerdo para o átrio direito, com sobrecarga das câmaras direitas.
Essa cardiopatia comumente persiste assintomática até a idade adulta, apesar do aumento do fluxo sanguíneo pulmonar. Gradualmente, há o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar e arritmias atriais. Em geral, ela se torna sintomática por volta de 30 anos.
Também chamada defeito do septo atrial (DSA), a comunicação interatrial é relativamente comum e corresponde a cerca de 10% de todas as cardiopatias congênitas.
A maioria é isolada e esporádica, mas pode fazer parte de uma síndrome genética (por exemplo, mutações do cromossomo 5, síndrome de Holt-Oram, etc). O diagnóstico da comunicação interatrial é realizado por meio do ecocardiograma, exame que produz imagens do coração.
A radiografia de tórax é um exame secundário, que não é capaz de identificar a CIA, mas pode demonstrar as consequências dela. Sendo assim, é útil como um exame de triagem inicial, aumentando ou reduzindo a suspeita da anomalia.
Inclusive, em casos de comunicação interatrial, a radiografia pode ser normal em estágios iniciais ou quando o defeito é pequeno. Confira os principais achados na radiografia com as características de cada um deles baseados nos quadros clínicos abaixo.
Vasos mais proeminentes nos campos superiores (cefalização da trama vascular);
Vasos visíveis na periferia do pulmão.
Gostou de saber mais sobre a comunicação interatrial? Esse achado clássico ajuda bastante na avaliação de imagens de radiografias na prática diária. Caso os contornos e a anatomia mediastinal não tenham ficado claros para você, que tal ler o texto sobre anatomia do coração e vasos de base?
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Mineira, millennial e radiologista fanática. Formou-se em Radiologia pelo HCFMUSP na turma 2017-2020 e realizou fellow em Radiologia Torácica e Abdominal em 2020-2021 no mesmo instituto, além de ter sido preceptora da residência de Radiologia por 1 ano e meio. Apaixonada por pão de queijo, café e ensinar radiologia.