Conheça o programa de residência médica da USP

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A residência médica USP é uma das mais procuradas e concorridas em São Paulo. Pela ampla opção de áreas ou pela qualidade dos programas, a concorrência aumenta todo ano, e os futuros residentes devem estar preparados. 

Para você estar pronto e saber mais detalhes, separamos os principais pontos levantados em nossa live do Instagram. O bate-papo contou com a presença de três médicas residentes na USP: Natália Carvalhinho (Clínica Médica), Daniele Duarte (Ginecologia e Obstetrícia) e Isabelle Stefan (Cirurgia Geral).

Também trouxemos alguns cortes do episódio 8 da temporada 5 do podcast Finalmente Residente, que contou com a participação de Felipe Reis, ex-residente de ortopedia da USP-SP.

A seguir, confira tudo sobre a residência médica na Universidade de São Paulo, incluindo as vantagens e as desvantagens. Assim, você tira suas dúvidas e se prepara para o processo seletivo.

Como a pandemia de COVID-19 afetou a residência médica?

A pandemia impactou a vida de todas as pessoas. Isso também aconteceu na residência médica USP e no ambiente hospitalar, bastante sobrecarregado com o aumento dos casos de COVID-19. 

Segundo a residente de Cirurgia, Isabelle Stefan, “todas as especialidades ficaram divididas em duas áreas: uma destinada para o atendimento de quem apresentava sintomas ou já estava diagnosticado com a doença e outra para demais pacientes”. 

Com isso, os residentes que ficavam em uma área não podiam transitar para outros locais. Era uma espécie de quarentena para prevenir o contágio entre alunos. “Os residentes direcionados para o atendimento de COVID no Instituto Central não podiam ser redirecionados para outros institutos”, comenta Isabelle.

Apesar dos resultados positivos para a contenção da doença, nem todas as consequências da estrutura adotada foram boas. Para a médica, essa divisão afetou os ciclos do programa, já que alguns residentes tiveram formação desigual, com estágios de meses apenas nos institutos de COVID, e outros só em pronto-socorro. 

Vantagens e desvantagens da residência médica

A primeira vantagem levantada por Daniele Duarte, representante da residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, é a quantidade de verba que a USP-SP possui. Por ser um patrimônio do estado e ter grande prestígio social, ela conta com quantidade considerável de recursos. 

Ao falar em prestígio, outro aspecto positivo atrelado é a visibilidade dos serviços da instituição. Dessa forma, as possibilidades de intercâmbio, com estágios no exterior, costumam ser maiores. Apesar dessa facilidade, segundo Daniele, “a desvantagem é a falta de tempo para trabalhar fora”.

No programa de residência médica da USP, especificamente em Ginecologia, a carga horária dos plantões é a mesma em cada ciclo. Segundo Daniele, “o número é o mesmo no R1, R2 e R3”, o que pode ser um empecilho para quem pensa em trabalhar por conta própria, por exemplo.  

Em relação às vantagens gerais, a Isabelle também cita o networking e a oportunidade de estar perto de chefes que sabem operar. Ambos são relevantes no desenvolvimento de um bom profissional. 

Lados positivos de cada residência

Quanto aos pontos específicos das residências, Isabelle destaca a possibilidade de aprender a manejar doentes críticos no pré e no pós-operatório em Cirurgia Geral. Já a desvantagem, para ela, é a “curva de aprendizado longa”, já que procedimentos complexos ficam para pessoas mais experientes, e o número de cirurgias é reduzido. 

Para Natália, residente em Clínica Médica, o lado positivo é que nenhum estágio ultrapassa 60 horas semanais. O ponto negativo seria que, mesmo no pronto-socorro, não há muito procedimento prático, e o foco é a didática. “A gente tem discussões muito boas, mas os procedimentos nem se comparam com residências como a do SUS”, relata.

Já o Felipe Reis, comenta que no programa de ortopedia da USP, apesar do R1 ser bastante puxado, no R2 e R3 a carga diminui e o ritmo melhora. “Sim, é puxado, mas passa, melhora muito de ano a ano”, explica. 

Saúde mental, receptividade nos serviços e adaptação

Saúde mental é um tema destacado cada vez mais pelos estudantes de Medicina que pretendem fazer residência. Os programas de especialização, como os da USP, podem ser bastante exigentes e gerar alto nível de estresse, dependendo de outros fatores externos também.

Existem panelas montadas em cada turma de residentes para amenizar a rotina. Ao dividir os alunos em grupos de quatro pessoas, de forma aleatória ou selecionada, esse sistema ajuda na adaptação ao novo ambiente. 

“O ponto positivo disso é que sobrecarrega menos em caso de desistências e há mais contato com pessoas diferentes da turma. Por outro lado, a desvantagem é ter que lidar com mudanças de ambiente, pessoas e rotina enquanto faz uma residência com cargas horárias intensas”, comenta Isabelle. 

“Para mim, foi muito difícil trocar de panela todo mês e não me apegar a ninguém. Eu acho que isso reflete um pouco o número de desistências. A minha turma, primeira sem panela, tem mais desistências”, completa.

Já na Clínica Médica, para ter mais receptividade e diálogo com os residentes, há entrevistas semestrais com a coordenadora e reuniões de grupo mensais para falar sobre todos os assuntos. Segundo Natália, os responsáveis pela residência se preocupam bastante com a situação dos alunos.

Para o Felipe, mentalizar que em algum momento aquilo iria acabar o ajudava a relaxar. Além disso, ele comentou que no Hospital das Clínicas tudo era muito organizado, “a gente sabia o que iria ser cobrado e discutido no ano inteiro, então era possível ir dando um check conforme ia passando”, destaca.

Quais são os benefícios da residência médica da USP?

Conforme relatado pelas médicas residentes, quem participa dos programas pode fazer as refeições no restaurante do hospital. O almoço e o jantar são gratuitos. Caso você queira comer em outro local, a faixa de preço gira em torno de R$ 5 a R$ 20. 

Em relação à moradia, o benefício não vem em forma de auxílio, como acontece em algumas instituições. O HCFMUSP oferece um quarto compartilhado para duas pessoas, que dá acesso ao café da manhã no restaurante da universidade. Vale ressaltar que visitas não são permitidas no quarto. 

Por fim, para quem mora mais longe, há o auxílio metrô. Se a casa fica a partir de dois quilômetros de distância do prédio da residência na USP, o benefício é liberado para meia passagem no transporte público.

Como foi o último processo seletivo de residência médica da USP? 

O último processo seletivo de residência médica da USP-SP contou com prova objetiva e análise curricular. A primeira etapa ocorreu no dia 10 de dezembro de 2023 e o resultado final foi divulgado no dia 31 de janeiro de 2024. Você pode acompanhar como foi essa edição no Medway Radar. Por lá, você encontra a cobertura dos principais editais de residência médica! 

Vagas e nota de corte de residência médica da USP-SP 2024

Agora vamos conferir quais foram as especialidades ofertadas, além da concorrência e nota de corte: 

EspecialidadesVagasConcorrência Nota de corte 
Radioterapia 5350
Radiologia e Diagnóstico por Imagem 2114,4887
Psiquiatria 174093
Pediatria 3810,1883
Patologia Clínica e Medicina Laboratorial 2773
Patologia9773
Otorrinolaringologia 449,2592
Ortopedia e Traumatologia 1023,883
Oftalmologia 1229,4293
Neurologia 1224,5892
Neurocirurgia 63191
Medicina Preventiva e Social 516,682
Medicina Nuclear 5253
Medicina Legal e Perícia Médica 57,867
Medicina Intensiva1011,770
Medicina Física e Reabilitação 97,2270
Medicina Esportiva 62283
Medicina do Trabalho21066
Medicina de Família e Comunidade 1010,774
Medicina de Emergência 236,8377
Infectologia 712,8684
Ginecologia e Obstetrícia 1536,6791
Genética Médica 410,2571
Dermatologia 1044,193
Clínica Médica 5219,593
Cirurgia Geral 1646,5693
Cirurgia Cardiovascular 616,33
Anestesiologia 3318,7990
Acupuntura 22,552

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Ana KarolineBittencourt Alves

Ana Karoline Bittencourt Alves

Catarinense nascida em 1995, criada em Imbituba e apaixonada por uma praia. Formada pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2018, com residência em Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (USP-SP 2019-2021) e professora de Clínica na Medway. "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender" - Paulo Freire. Siga no Instagram: @anakabittencourt