Etiologia da síncope: tudo que você precisa saber

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A etiologia da síncope é um tema bastante importante. Afinal, você sabe o que é síncope? Entender as causas, onde ela é desenvolvida e por que acontece ajuda a identificá-la e lidar com os casos no dia a dia da profissão. 

Hoje, além de descobrir o que é síncope, você vai entender se ela é sempre causada pelo sistema nervoso central (SNC) para estar pronto para encaminhar o paciente para o especialista certo, caso haja necessidade. 

O que é síncope?

Antes de aprofundar o assunto, vai uma curiosidade: a palavra “síncope” vem do grego antigo e significa “cortar em pedaços”. Conhecida popularmente como desmaio, a síncope é definida como a perda transitória de consciência secundária à hipoperfusão cerebral transitória. 

Por definição, a síncope é um evento autolimitado, com duração entre oito e dez segundos, recuperação completa e rápida. Geralmente, os episódios que duram mais de um minuto são raros. Quando acontecem, sugerem outra etiologia ou algum evento associado (por exemplo, traumatismo cranioencefálico secundário à queda).

Vale ressaltar que, em toda síncope, sempre há perda transitória de consciência, mas nem toda perda transitória de consciência é síncope. Muitas vezes, a síncope é tida como sinônimo de queda postural, entretanto, são coisas diferentes. Ainda assim, a perda do tônus muscular e a consequente queda são inevitáveis quando há perda da consciência. 

Causas da síncope

Ao saber o que é síncope, é possível definir o que resulta nos episódios. Há 3 grandes grupos de causas: mediada pelo SNC, cardíaca e hipotensão ortostática. Em jovens, as causas mediadas pelo SNC são mais comuns. Na população idosa, mais de 50% das causas são de origem cardíaca.

Etiologia da síncope 

Saiba mais sobre a etiologia da síncope

O primeiro passo na etiologia de síncope é excluir causas que mimetizam os episódios, como distúrbios do sono, distúrbios psiquiátricos, convulsões, etc. Dito isso, existem algumas breves explicações fisiopatológicas.

Síncope mediada por reflexo

A síncope mediada pelo sistema nervoso central acontece devido a mediadores neuronais que modificam a FC e/ou a PA e geram hipotensão arterial sistêmica por conta da bradicardia e/ou da vasodilatação periférica. 

A síncope devido a um reflexo vasovagal é a mais comum, mesmo em pacientes que possuem algum tipo de cardiopatia. Em atletas de alta performance, que possuem uma bradicardia fisiológica de base, esse é o tipo mais comum de todos, principalmente ao ocorrer durante o esforço. 

Por mais que essa seja a causa frequente, tais pacientes devem ser sempre investigados quanto a uma cardiopatia estrutural. Se presente, o risco de morte súbita é significativo. 

A síncope situacional, relacionada com cenários específicos, desencadeia um reflexo neural não muito bem explicado pela literatura ainda. O mais importante é evitar situações em que isto ocorre para prevenção. 

Etiologia cardíaca

As causas da síncope cardíaca mais comuns são as bradi/taqui arritmias que, devido à manutenção inadequada do débito cardíaco (DC), geram hipofluxo cerebral transitório e, consequentemente, síncope.

“A presença de doença cardíaca tem se mostrado um preditor independente de causa cardíaca de síncope, com sensibilidade de 95% e especificidade de 45%. Em contraste, a ausência de doença cardíaca exclui uma causa cardíaca de síncope em 97% dos pacientes”, segundo o artigo Síncope em adultos: epidemiologia, patogênese e etiologia

A explicação fisiopatológica para a síncope devido à doença cardíaca estrutural é a mesma das arritmias. Devido a uma estenose aórtica ou um tumor, o débito cardíaco apresenta-se inadequado e insuficiente de forma transitória, levando a um hipofluxo sanguíneo cerebral. 

Hipotensão ortostática

Também chamada de hipotensão postural, é definida como uma queda de pelo menos 20 mmHg na pressão arterial sistólica ou pelo menos 10 mmHg na pressão arterial diastólica quando em postura ereta. 

Disfunções no sistema nervoso autônomo e/ou depleção de volume intravascular (como desidratação) causam diminuição da pressão arterial ao assumir a posição ereta (ortostática). A diminuição da pressão arterial leva a uma incapacidade de manter o DC eficaz → hipofluxo cerebral transitório →  síncope.

A hipotensão ortostática também é um efeito colateral comum de inúmeros medicamentos, principalmente anti-hipertensivos.  Os mecanismos são vários: 

  • diminuição do volume intravascular (diuréticos de alça e tiazídicos); 
  • vasodilatação devido à inibição do sistema renina-angiotensina (ex: lisinopril, valsartan); 
  • vasodilatação via inibição central e periférica (ex: antidepressivos → trazodona, amitriptilina); 
  • diminuição do volume por diurese osmótica (ex: inib. do cotransportador de sódio-glicose 2 → empagliflozina, canagliflozina); 
  • ISRS (ex: paroxetina → mecanismo desconhecido). 

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FláviaTroiani

Flávia Troiani

Nascida em Santos em 1995 e formada pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2019. Residência em Clínica Médica pela Secretaria Municipal de Saúde (SUS - SMS) em São Paulo. Seu próximo passo é entrar em Cardiologia, inspirada pela sua mãe, médica da área.