Fala, pessoal! Hoje é dia de falar sobre o diagnóstico de pólipo endometrial. Antes de falarmos precisamente disso, precisamos lembrar rapidinho do famoso Sangramento Uterino Anormal (SUA), principal sintomatologia do pólipo endometrial.
O SUA é uma queixa que frequentemente faz as mulheres procurarem o ginecologista. É fundamental relembrarmos que sangramento uterino fisiológico é variável, principalmente de acordo com a fase da vida da mulher. Atente-se para os parâmetros normais dos ciclos menstruais na menacme:
Fonte: acervo Medway
Tudo que não se encaixar nesse padrão de sangramento é atualmente caracterizado por sangramento uterino anormal. Algumas vezes, o quadro de sangramento uterino pode ser realmente intenso e causar um choque hipovolêmico hemorrágico, aumentando a frequência cardíaca e reduzindo a pressão arterial da paciente.
Aproveite esse momento para revisar sobre choque hipovolêmico – leia o blog Choque hipovolêmico: saiba como identificar e manejar.
Felizmente, na maioria das vezes, o sangramento uterino anormal não é tão volumoso e não causa instabilidade hemodinâmica nas mulheres, porém é algo muito desagradável e incômodo para as pacientes, portanto temos que saber as causas e como tratar cada condição que pode causar esse quadro.
Para facilitar nossa vida, existe o famoso PALM-COEIN, que divide as causas de sangramento uterino anormal em estruturais e não estruturais:
Os pólipos endometriais são projeções digitiformes com hipertrofia do tecido glandular endometrial, nutridas por um pedículo vascular. Os pólipos endometriais são alongamentos da mucosa do endométrio, podendo ser pediculados ou com base larga. Eles podem ser múltiplos ou únicos e podem ser milimétricos ou possuir alguns centímetros de extensão.
Os pólipos uterinos geralmente são benignos, sendo baixa a prevalência de malignidade nessa condição. Eles podem afetar cerca de 25% das mulheres e são mais comuns na pós-menopausa.
Na maioria das vezes, os pólipos endometriais são assintomáticos e são descobertos como achados de exames de rotina, principalmente em ultrassonografias pélvicas ou transvaginais.
Entretanto, em alguns casos os pólipos endometriais podem ser sintomáticos e causar sangramento uterino anormal. Em pacientes com quadro de SUA, os pólipos endometriais podem ser responsáveis por 13 a 50% dos casos.
O sangramento que ocorre no pólipo do endométrio é decorrente da congestão estromal e necrose apical do pólipo. A característica mais comum do pólipo é o sangramento intermenstrual, em pequena quantidade, podendo ser apenas spottings.
Além disso, os pólipos do endométrio podem estar relacionados com infertilidade quando distorcem a cavidade uterina ou quando bloqueiam o canal endocervical, agindo como barreira a subida dos espermatozoides. Menos frequentemente, em cerca de 0,5 a 3% dos casos eles estão associados às lesões endometriais malignas.
Os pólipos do endométrio podem ocorrer por hiperplasia monoclonal endometrial, expressão exagerada de aromatase endometrial e alterações gênicas. Eles expressam receptores hormonais de estrógeno e progesterona e os receptores de progesterona podem ter função proliferativa, assim como no endométrio normal.
Portanto, os principais fatores de risco para pólipos endometriais são obesidade, uso de terapia hormonal na pós-menopauda e uso de Tamoxifeno.
O Tamoxifeno é muito utilizado no tratamento adjuvante do câncer de mama. Ele é um antagonista seletivo do receptor de estrogênio na mama e agonista do receptor de estrogênio no endométrio, portanto até 36% das usuárias dessa medicação podem desenvolver pólipos endometriais. Nesses casos os pólipos podem ser maiores e múltiplos.
Como comentamos anteriormente, os pólipos endometriais muitas vezes são achados de exames. Eles dificilmente alteram o exame físico, exceto se eles se tornarem prolapsados, quando eles podem ser sentidos no toque vaginal e visualizados no exame especular como estruturar globulares, friáveis e pedunculadas.
A ultrassonografia transvaginal pode identificar um espessamento endometrial focal e possui alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de pólipos endometriais, principalmente quando o doppler colorido é utilizado, pois ele consegue identificar um vaso único nutrindo a lesão, característico de pólipo endometrial.
A aparência ultrassonográfica típica de um pólipo endometrial é uma lesão polipóide bem definida, homogênea e isoecóica ao endométrio com preservação da interface endométrio-miométrio.
A histeroscopia é considerada o método padrão ouro para o diagnóstico de pólipos endometriais. Ela é capaz de identificar o pólipo e avaliá-lo como um todo, determinando sua forma, seu tamanho, sua base e sua localização. Durante o exame é possível realizar biópsia e, em alguns casos, exérese da lesão.
Agora você conhece mais sobre como fazer o diagnóstico dos pólipos endometriais! Então, confira outros conteúdos que publicamos aqui no blog. Eles foram feitos especialmente para você mandar bem no seu plantão e vida profissional, além de ficar por dentro dos mais variados assuntos.
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Paulista, nascido em Americana em 1995. Formado pela Universidade de Brasília em 2019. Residência em Ginecologia e Obstetrícia no HC-FMUSP. Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços repetidos dia a dia. Siga no Instagram: @danielgodamedway