Fala, pessoal! Tudo bem? Hoje é dia de falar sobre um assunto um pouco incomum: o diagnóstico do volvo gástrico. E aí, se interessou e quer saber mais sobre o tema? Então, continue a leitura com a gente, porque vamos te contar tudo!
Uma pergunta que surge quando falamos de volvo gástrico é: “o que fazer depois que um paciente chegou ao plantão com dor epigástrica súbita e você já tirou todas as informações possíveis da anamnese, mas ainda não conseguiu fechar uma etiologia para o quadro?”
Após conseguirmos criar a suspeita de volvo gástrico, a melhor forma de confirmar o diagnóstico é através de exames de imagem.
Os exames laboratoriais têm pouca importância aqui, tá? Eles podem apenas indicar grau de lesão celular (elevação de DHL), ou inflamação (aumento de PCR), por exemplo, mas nada muito específico que ajude a bater o martelo na etiologia.
O exame inicial costuma ser um raio-x de tórax e abdome. Nesse caso, se volvo torácico, será possível visualizar o estômago intratorácico com nível hidroaéreo (geralmente, na porção retrocardíaca, visto que muitos volvos estão associados à hérnia paraesofágica). Se intra-abdominal, será vista uma distensão gástrica com nível hidroaéreo.
Podemos complementar o raio-x com bário, exame que permite boa visualização do volvo, pois o contraste não teria o fluxo normal esperado e nos mostraria a imagem da torção, sendo esse o exame preferido para diagnosticar volvo.
Porém, os tipos organoaxiais são bem difíceis de diagnosticar em raio-X, e um dos sinais que pode nos fazer suspeitar é a passagem lentificada do contraste pelo estômago.
A tomografia computadorizada e a ressonância magnética também podem ser exames solicitados, permitindo a visualização de sinais da torção gástrica tanto torácica quanto abdominal. São mais úteis em pacientes que não podem receber o contraste de bário para o raio-x contrastado.
Aliás, a maioria dos volvos gástricos crônicos são achados de tomografias feitas por outro motivo.
O ultrassom pode ser solicitado em pacientes sem condições de irem para tomografia ou ressonância, ou locais sem acesso a esses exames. O único ponto a ser reforçado é que a ultrassonografia tem baixa sensibilidade.
Um sinal que pode ser visto é o do amendoim, em que se visualiza uma parte dilatada superior, um ponto de obstrução, e uma segunda parte dilatada inferior do estômago, fazendo o formato do famoso amendoim americano.
Uma observação interessante que vale a pena ser ressaltada é que o avanço no diagnóstico e manejo dos pacientes com volvo gástrico fez com que a mortalidade dos quadros agudos caísse para 15-20%, e dos crônicos de 0-13%.
Isso mostra a importância de ter volvo gástrico como suspeita clínica e do auxílio dos exames de imagem para fechar diagnóstico.
Os principais diagnósticos diferenciais que devem ser levados em consideração costumam ser doenças mais comuns no nosso dia a dia, como: doença do refluxo esofágico, úlcera péptica, câncer de esôfago, doenças da motilidade do esôfago, divertículo esofágico, câncer gástrico e gastroparesia.
Claro que pela epidemiologia, deve-se primeiro excluir as causas mais comuns de dor súbita na região epigástrica antes de partir exames pensando em volvo.
Abaixo, você pode conferir algumas imagens para entender melhor o volvo e visualizar o exame para diagnóstico, que é o raio-x com bário.
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Pra cima!
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Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.