Fala, galera! Hoje vamos falar sobre a diarreia aguda, que são as que têm menos de 14 dias de duração. No entanto, também vamos dar uma pincelada nas diarreias crônicas (duração maior que 1 mês), beleza?
O assunto é muito importante, não só porque diarreias são motivo super frequente de busca ao pronto-socorro, mas também porque elas ainda contribuem com a mortalidade de nossas crianças.
Por isso,é extremamente importante que vocês saibam reconhecer a gravidade dessas crianças e tratem adequadamente cada uma delas. Vamos lá? Continue a leitura com a gente!
Diarreia pode ser definida como diminuição na consistência das fezes e/ou aumento da frequência de evacuações. Disenteria, por sua vez, é caracterizada por sangue nas fezes.
Bom, além dessa categorização, é importante conceituarmos também a base fisiopatológica por trás das gastroenterites, que são:
A principal causa de diarreia aguda é infecciosa, a famosa GECA, e na maior parte das vezes os agentes responsáveis são vírus (rotavírus, adenovírus, norovírus e até mesmo coronavírus – sazonal ou SARS-CoV 2).
Já as bactérias mais associadas à GECA são E. Coli, Shigella e Salmonella, e é importante lembrar que as duas primeiras estão associadas à Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU – anemia hemolítica não imune, plaquetopenia e lesão renal aguda).
Além delas, parasitas (Entamoeba histolytica, Giardia) e fungos (Candida) também são causadores de diarreia, beleza?
No geral, a pesquisa do agente etiológico não é necessária (imagina investigar todas as crianças que chegam no PS com GECA!), pois isso não impacta no tratamento.
A avaliação de fatores de risco para diarreia grave e persistente deve ser feita em todo atendimento. Por isso, listamos o que deve ser levado em consideração, baseado no Guideline de Manejo de GECA da ESPGHAN:
Parecem até considerações óbvias, mas é sempre importante recordá-las para prever uma possível evolução desfavorável do paciente, concordam?
Pessoal, aqui o papo é reto! Vocês já sabem que o mais importante na GECA é definir o grau de desidratação da criança, pois isso definirá o tratamento que vamos oferecer a ela, certo? Existem alguns scores sugeridos para fazermos essa avaliação. Abaixo, vamos deixar o proposto pelo Ministério da Saúde:
Além dos sinais indicados acima, há mais um que consideramos importante, descrito pela ESPGHAN como o achado que melhor se correlaciona com desidratação: a porcentagem de perda de peso.
E aqui, vamos considerar uma perda menor que 10% como desidratação leve a moderada e maior que 10% como desidratação grave, beleza?
Definido o grau de desidratação do paciente, o próximo passo vocês já sabem…
Sabemos que o assunto aqui é pesado, moçada, mas vamos tentar deixar o mais simples e direto possível, beleza? Então vamos com calma:
Plano A) Se o paciente não se apresenta desidratado no momento, a conduta definida pelo MS é:
– menores de 1 ano: oferecer de 50 a 100 ml após cada perda;
– de 1 a 10 anos: oferecer 100 a 200 ml após perdas;
– maiores que 10 anos: livre demanda.
Plano B) Aqui, há desidratação moderada, e portanto o paciente deve ser mantido no serviço de saúde até reidratação completa seguindo o fluxo abaixo:
Plano C) Criança desidratada gave, podendo haver inclusive sinais de choque:
Algumas abordagens diferentes podem ser encontradas a depender da referência; aqui, de novo, estamos considerando a orientação do Ministério da Saúde. O esquema é dividido em fase de expansão e fase de manutenção.
Assim que possível, a ingestão oral de líquidos deve ser iniciada, e o paciente deve ser reavaliado constantemente.
Por fim, além da hidratação, há outras medidas que podem ser consideradas e que têm eficácia comprovada em diminuir tempo de diarreia/vômitos e/ou tempo de internação. Vamos listar quais são elas;
A maioria dos pacientes não tem indicação de antibioticoterapia. No caso de disenteria associada a febre e comprometimento do estado geral, o uso de antibióticos está indicado e a nossa hipótese diagnóstica inicial é shigelose.
Também está indicada em pacientes imunossuprimidos, anemia falciforme, próteses ou sépticos. A droga de escolha em nosso meio é ciprofloxacino, podendo ser considerada também azitromicina como segunda opção (alguns guidelines colocam ela como antibiótico de escolha).
Pessoal, existem diversas causas para diarreia crônica, portanto, o tratamento vai ser direcionado para cada uma delas, beleza? Aqui, vamos citar alguns tratamentos possíveis, sem focar tanto na causa da diarreia.
No caso de diarreia associada a alimentos (APLV, Doença Celíaca), o tratamento é exclusão de leite de vaca ou de alimentos que contenham glúten da dieta.
Considerando ainda que há casos de diarreia crônica associados a alteração da microbiota intestinal, alguns estudos comprovam a eficácia dos probióticos, mesmo que etiologia infecciosa seja suspeitada mas não confirmada.
Por fim, assim como na diarreia aguda, aqui não está indicado o uso de antidiarreicos que diminuem a motilidade intestinal, pelos mesmos motivos já citados.
Há, ainda, causas mecânicas, cujo tratamento é cirúrgico; inflamatórias, que podemos lançar mão de corticoides e imunossupressores, e por aí vai.
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Nascido em 1995 no interior de São Paulo, médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) em 2020. Residência médica de pediatria da USP - SP. Apaixonado por compartilhar a medicina que aprendo com crianças.