Dicas de finanças para médicos recém-formados

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Fala, galera! Hoje a gente traz um resumão de mais um episódio do podcast Papo de Clínica. E o assunto da vez é importante para muita gente: dicas de finanças para médicos recém-formados!

Afinal, é fundamental saber exatamente como administrar seus recursos no começo da carreira. Isso faz uma diferença gigante lá na frente, quando seus ganhos aumentarem junto com a sua experiência e a demanda de trabalho.

Para compartilhar a experiência, o Dante convidou o Pedro Silveira, que é administrador de empresas e contador, além de ser um dos sócios da Alume. Em 2019, Pedro fundou a Alume, dedicada a estudantes de Medicina e médicos. Ou seja, pode confiar que o cara sabe o que está falando.

Você pode conferir a conversa completa do podcast aqui. E então, bora para o que interessa? Continue a leitura!

Dicas de finanças para médicos recém-formados

Vamos começar direto com as dicas de finanças para médicos recém-formados mais valiosas do momento. Sem elas, é impossível ter uma vida financeira saudável, então se liga!

Entenda os processos

Antes de assinar contratos ou aceitar compromissos, como plantões, é essencial ler atentamente e compreender os tipos de vínculos que você está formando. Em geral, os médicos podem ser contratados de duas formas principais:

·         como indivíduo (Pessoa Física – PF);

·         como empresa (Pessoa Jurídica – PJ).

A contratação como PJ envolve impostos e obrigações diferentes. É mais flexível, com menos exigências, e é regulada por um contrato entre a empresa do médico e o hospital.

A flexibilidade de horários ainda permite que o médico trabalhe em vários locais, o que pode ser uma vantagem significativa. Além disso, os impostos são geralmente menores, começando em cerca de 6%, dependendo do regime tributário da PJ, facilitando o acúmulo de patrimônio.

Quando contratado como PF sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), há obrigações tanto para o empregador quanto para o empregado. Esse tipo de contratação é mais rígido, envolvendo jornadas de trabalho, controle de ponto, horas extras, entre outros. No entanto, há benefícios regulados pela CLT, como 13º salário, férias remuneradas e fundo de garantia.

Outra forma de contratação como PF é como autônomo, onde o trabalho é mais avulso, sem compromisso mensal fixo, e pode envolver jornadas flexíveis. Contudo, a alíquota de impostos para PF é alta, seguindo a tabela de imposto de renda, que para rendimentos a partir de R$ 4.600,00, chega a 27,5%. Para médicos, que geralmente têm rendimentos elevados, isso pode comprometer uma parte significativa da renda.

Tenha cuidado com as formas de pagamento de salário

É essencial ter cautela com pagamentos sem nota fiscal, em caixa 2, ou métodos similares. Optar por esses tipos de práticas pode expô-lo a vários riscos, como:

·         não ser possível declarar a renda. Se você adquirir bens e registrá-los no imposto de renda, não haverá uma fonte de receita para justificar essas aquisições, aumentando o risco de cair na malha fina;

·         dificuldade em conseguir financiamentos, já que não é possível comprovar renda através de salários recebidos por caixa 2, sem nota fiscal, por Pix, etc;

·         ainda existe o risco de ser autuado pela Receita Federal, enfrentando multas e outras penalidades por sonegação de impostos.

Portanto, é fundamental optar por formas de pagamento que estejam em conformidade com a lei para evitar esses problemas. E até mesmo para assegurar um controle maior sobre as entradas e saídas de dinheiro da sua conta, concorda?

Descubra se vale a pena ser PJ

Essa é uma dúvida muito comum quando o assunto é finanças para médicos recém-formados, então vamos lá! Com a reforma trabalhista e a ampliação dos métodos de contratação por Pessoa Jurídica (PJ), atualmente, ser PJ pode ser mais vantajoso para plantonistas.

Muitas vezes, a escolha do regime de contratação não é dada ao médico, já que alguns hospitais exigem uma forma específica de contratação. Seja como CLT ou PJ, ambos oferecem segurança jurídica, desde que o contrato esteja bem redigido e os pagamentos sejam realizados corretamente. Os maiores riscos surgem ao se tornar sócio de alguém desconhecido ou de uma PJ com histórico problemático. Contudo, ao atuar com sua própria PJ ou com sócios confiáveis, há segurança fiscal e jurídica.

Sendo assim, para determinar o que é mais vantajoso, é necessário analisar cada caso individualmente. Procurar assessoria especializada ou um escritório de contabilidade pode ajudar a entender a melhor forma de otimizar os impostos. De maneira geral, a contratação como PJ é vantajosa para plantonistas devido à flexibilidade e aos benefícios fiscais mencionados anteriormente.

Qual é o melhor momento para abrir PJ médico?

De modo geral, o melhor momento para abrir um PJ médico é quando você identificar a necessidade dele. O processo de abertura é rápido, levando de 20 a 30 dias nas capitais, o que geralmente é compatível com o início do trabalho.

Atualmente, devido à grande competição por vagas, especialmente entre recém-formados, muitos preferem abrir a PJ ainda na faculdade. Durante a reta final do curso, após a formatura e a obtenção do CRM, eles já estão prontos para atuar em qualquer lugar que aceite esse tipo de vínculo empregatício. Para quem já sabe onde pode atuar e fez um mapeamento das oportunidades, essa antecipação costuma ser interessante.

Não seja imediatista

Não pense apenas nas despesas imediatas ao planejar seus plantões e economias. É crucial saber exatamente quanto você está ganhando e o prazo que os hospitais levam para pagar. De modo geral, mantenha uma organização financeira. Gastar menos do que ganha é fundamental, por isso, controle suas despesas rigorosamente.

Por exemplo, sabendo que o valor da bolsa de residência é baixo, é importante juntar dinheiro e economizar. Ou, antes de abrir um consultório, considerando o tempo que leva para que o retorno financeiro comece de fato, é prudente poupar para garantir sua segurança financeira.

Siga bons conselhos para a declaração de renda

Na declaração de imposto de renda, é possível até restituir o dinheiro pago ao longo do ano. Com o ajuste anual, alguns valores pagos podem ser restituídos, pois o governo permite deduzir despesas médicas, educacionais, entre outras. Portanto, vale a pena incluir até mesmo pequenos gastos na declaração.

O importante é se organizar ao longo do ano, guardando recibos e notas fiscais de cursos, consultas médicas, entre outros, para poder abater essas despesas. Inclusive hoje, no site gov.br, é possível acessar uma declaração pré-preenchida com informações de fontes pagadoras, contratantes, despesas médicas e mais, desde que essas informações já tenham sido lançadas por outras partes.

Isso facilita o processo, tornando a revisão a principal tarefa, e reduzindo as chances de erro que podem levar à malha fina e complicações. Lance todas as despesas no sistema, mesmo as pequenas, pois há duas opções de declaração: simplificada (que permite dedução de 20% da renda ou até cerca de 16 ou 17 mil reais) e completa (que considera todas as despesas lançadas para dar uma visão completa). Ao fazer ambas, é possível verificar qual é mais vantajosa.

Em muitos casos, pequenos gastos podem fazer uma diferença significativa. Se ainda assim você achar tudo meio complicado, para facilitar o processo, é válido procurar a ajuda de um contador.

Evite erros comuns na declaração de renda

Sim, não dá para ser perfeito o tempo todo. Às vezes, as finanças para médicos recém-formados podem causar certa confusão, mas com atenção é possível evitar muitos erros comuns na declaração de renda. Por exemplo:

Esquecer de lançar fontes pagadoras

O primeiro erro comum é esquecer de declarar todas as fontes pagadoras. Se você esquece de lançar um plantão que foi registrado pelo hospital, pode acabar caindo na malha fina. Portanto, é crucial organizar os serviços prestados e registrar todas as fontes de renda.

Esquecer de lançar atendimentos prestados

Para médicos com consultório ou que atendem pessoa física, um dos maiores problemas é a discrepância entre as despesas lançadas pelos pacientes e os rendimentos declarados pelo médico. Manter um livro-caixa atualizado e não esquecer de registrar cada atendimento é essencial para evitar divergências e problemas com a Receita Federal.

Não ter ajuda especializada

Para médicos que têm PJ, é fundamental contar com um contador especializado. Isso porque existe uma obrigação médica chamada DMED, na qual a PJ médica declara todas as consultas e atendimentos prestados a pessoas físicas. A Receita Federal usa essas informações para confrontar com a declaração de imposto de renda. Portanto, é importante que essa obrigação seja cumprida para evitar cair na malha fina e um especialista na área médica pode contribuir para fugir dessa dor de cabeça.

Resumindo…

Enfim, assim que você se forma e começa a pagar impostos e ter sua renda, é indispensável ser muito organizado, prestar atenção no que assina, nas cláusulas de contratos, nas formas de contratação de cada empresa ou hospital e em prazos. Somente assim você terá total controle a respeito de quanto ganha e das datas corretas de recebimento.

Mais uma vez, fica o reforço de que a contabilidade especializada pode ser uma excelente aliada na hora de administrar as finanças para médicos recém-formados. E não se esqueça: mesmo durante a faculdade, fique atento também aos lugares onde vai trabalhar. Mapeie bem onde quer trabalhar, as indicações que recebe, saiba a forma de contratação, não se lance em projetos desconhecidos e pense na possibilidade de se antecipar na abertura de seu CNPJ.

Todo esse cuidado vai valer a pena! No mais, a última dica que temos é: para iniciar sua vida médica com sucesso, venha estudar com a gente! O Extensivo 2 anos e meio já está aberto, é só se inscrever.

AlexandreRemor

Alexandre Remor

Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor