Você já sofreu com torcicolo, ficou com os olhos piscando de forma exagerada por muito tempo após um gatilho de estresse ou passou por um período de tremores ao pegar pesado na atividade física? Então, provavelmente, teve um distúrbio do movimento chamado distonia.
O nome é dado a um conjunto de doenças, com algumas variações de causas e sintomas. Geralmente, é estudado e tratado por neurologistas e fisiatras, mas pode envolver outros especialistas. Saiba mais sobre o que é distonia e como o funciona diagnóstico.
A distonia é um distúrbio do movimento que se caracteriza por contrações musculares sustentadas ou intermitentes. Assim, provoca posturas e movimentos atípicos, que são repetitivos em boa parte dos casos. É o caso das piscadas excessivas (repetição) e do torcicolo (postura anormal), por exemplo.
Esses movimentos anormais são chamados de movimentos distônicos e geralmente se manifestam como torção ou tremor. Na maioria das vezes, o problema é causado ou agravado por ação voluntária, como excesso de atividade muscular.
É comum confundir qualquer um desses tremores com sintomas de Parkinson, mas, como apontado acima, o distúrbio pode piorar com a movimentação voluntária, enquanto o Parkinsonismo fica mais evidente em repouso. Entenda melhor como a distonia se manifesta.
Os movimentos distônicos ou espasmos, sintomas de distonia mais comuns, são contrações musculares involuntárias sustentadas. Podemos entender que permanecem por um tempo na vida do paciente. Se você passou somente algumas horas com tremores ou piscadas, o problema não é distonia.
Em diversos casos, os sintomas são contínuos e não melhoram sozinhos ou há um período de melhora até que eles voltem a incomodar. Se o distúrbio não for tratado, os pacientes que tem distonia podem sentir dor e ter limitações, seja por alterações psicológicas e transtornos mentais decorrentes, como depressão, insônia e isolamento social. Então, a melhor coisa a fazer é não ignorar esses espasmos.
A distonia pode ser classificada de acordo com as áreas afetadas no corpo e se essas partes têm ligação contínua ou não. Entre as classificações do distúrbio, estão: distonia focal, segmentar, multifocal, hemicorporal ou generalizada.
Na distonia generalizada, mais de duas regiões são afetadas, como pescoço, membros superiores e inferiores. Já na hemicorporal, também chamada de hemidistonia, há alterações nos movimentos de metade do corpo.
O problema pode atingir de forma segmentar, quando há sintomas em partes do corpo que são próximas e ligadas, como rosto e pescoço, por exemplo. Outra forma é a distonia multifocal, quando afeta áreas que não são ligadas, como um braço e uma perna. Porém, a forma mais comum de distonia é a focal, que atinge somente uma área.
São exemplos de distonia focal o torcicolo espasmódico, o blefarospasmo (fechamento involuntário e forçado das pálpebras), a distonia oromandibular (que afeta a musculatura mastigatória) e a mão de escrivão (contração anormal e involuntária da mão, provocada por excesso de atividade repetitiva).
Além da classificação por áreas afetadas, podemos diferenciar as distonias pelas causas do problema. O distúrbio pode ser classificado como distonia hereditária, idiopática ou adquirida, de acordo com o que originou os sintomas.
Como o próprio nome evidencia, a distonia hereditária é causada por condições genéticas. Já a distonia adquirida é resultante de outros problemas, como sequelas de doenças, efeito colateral de medicações e acidentes. Por sua vez, a idiopática é chamada quando não é identificada uma causa específica.
Nessas classificações por causas, também podemos segmentar a distonia em primária ou secundária. A distonia primária ocorre quando é a única alteração significativa do quadro clínico e não está associada a outras doenças. Geralmente, é o caso da distonia hereditária.
A distonia secundária é outro nome dado à distonia adquirida. Isto é, quando os sintomas do distúrbio são desencadeados por doenças, traumas físicos e psicológicos, alterações químicas ou outros motivos externos, como o blefarospasmo causado por estresse.
Antes de tudo, é preciso diagnosticar a distonia de forma correta, diferenciando-a de outros distúrbios do movimento. Como dificilmente há marcadores laboratoriais, é preciso fazer o diagnóstico clínico. Por isso, é tão importante consultar um especialista que estude essa condição, como neurologista ou fisiatra.
O tratamento para distonia varia de acordo com a causa, mas uma das maneiras mais comuns e eficazes de amenizar o problema é com o uso de toxina botulínica. A aplicação da substância pode interromper a transmissão do impulso nervoso para o músculo, o que previne as contrações involuntárias.
Em casos mais graves, pode ser feita a estimulação cerebral profunda (deep brain stimulation) dos núcleos da base, por meio de intervenção cirúrgica. Se houve prejuízo nos movimentos por demora no diagnóstico, também é fundamental adotar a fisioterapia para recuperar a qualidade de vida do paciente.
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Sou médico e clínico geral formado pela UNIFESP. Gosto de ler, de conversar sobre política e de trabalhar com educação.