Fala galera, tudo certo? O papo reto de hoje será sobre diverticulite e sua abordagem cirúrgica, mais precisamente a colectomia. O nosso lance aqui é falar do tema de maneira prática, sem muita enrolação, agradando cirurgiões (práticos desde sempre) e clínicos (com ranço de cirurgia desde sempre!)
Vamos nessa então? Mas, antes de colocar o paciente na mesa nada mais justo do que entender o que fez ele chegar ate lá não é mesmo?
A diverticulite nada mais é do que a perfuração de um divertículo colônico (aquelas “bolsinhas” que se formam na parede do cólon). Ela acomete principalmente região de cólon esquerdo, mais especificamente o sigmoide.
Quando se trata de tratamento operatório para pacientes acometidos por essa comorbidade a colectomia é o procedimento que será realizado, podendo ser feito em caráter eletivo, ou de urgência nos casos complicados
Para entender quando operar o paciente com a doença complicada é preciso compreender antes o que seria um caso complicado.
Bom, tudo em cirurgia gira em torno de classificações e epônimos. Claro que com a diverticulite não poderia ser diferente. Aqui a bola da vez será a classificação de Hinchey que divide as diverticulites complicadas em:
CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY |
Estádio I: Abscesso pericólico ou mesentérico |
Estádio II: Abscesso pélvico bloqueado |
Estádio III: Peritonite difusa purulenta |
Estádio IV: Peritonite difusa fecal |
A classificação de Hinchey será fundamental para determinar o tratamento. Os estágios 1 e 2 poderão ter uma abordagem menos agressiva com antibióticos e drenagem. Já nos estágios 3 e 4 por se tratar de uma peritonite difusa, será necessário uma abordagem mais agressiva através da cirurgia de Hartman (olha os epônimos ai de novo!).
TRATAMENTO DE ACORDO A CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY |
Estádio I: abcesso < 4cm: antibiótico Abcesso > ou igual 4cm: antibiótico + drenagem |
Estádio II: antibiótico + drenagem |
Estádio III: Cirurgia a Hartman |
Estádio IV: Cirurgia a Hartman |
Ela consiste na ressecção do sigmoide doente, sutura da extremidade distal do reto como mostra a imagem abaixo:
Ué, mas como as fezes vão passar já que retirou um pedaço do colón? Calma, moçada! Cirurgia Geral também tem sua beleza, e aqui entra a boa e velha colostomia, feita utilizando o colon descendente que não esta inflamado.
Após cerca de 10 semanas a reconstrução será realizada, mas nem sempre será possível. Como nem tudo são belas flores, na reversão da colostomia pode haver significantes taxas de deiscência da anastomose e mortalidade. Por esse e outros motivos, em algumas situações o paciente ficará com a colostomia permanente.
Essa é uma pergunta em debate com crescentes atualizações.
O Sabiston na sua 19ª edição diz que o tratamento cirúrgico deve ser considerado caso o paciente sofra com crises recorrentes de diverticulite, se recomendando em geral a sigmoidectomia depois de 2 crises não complicadas como forma de evitar um futuro episódio complicado que pode vir a acarretar em operação de emergência ou colostomia. No entanto estudos recentes tem mostrado que a necessidade de uma colostomia é maior após a primeira crise de diverticulite, o que faz reconsiderar a sigmoidectomia após duas crises
Um guideline recente da Sociedade Americana de Cirurgia de Cólon e Reto também traz como evidencia 1B a cirurgia eletiva após o tratamento não operatório de um abcesso diverticular
Nem doeu tanto assim né moçada? Esperamos que tenham gostado do texto! Com certeza você também precisará medicar seus pacientes da melhor maneira possível, então aproveita e dá uma olhada no nosso Guia de Prescrições! Com ele, você estará muito mais preparado para encarar qualquer plantão do Brasil!
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Abraço e até mais!
* Colaborou Larissa Gusmão de Oliveira dos Anjos, aluna da faculdade UAM.
Até a próxima!
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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