Fala, galera! O tema da vez é uma das estrelas da radiologia pediátrica. A doença de Hirschsprung é uma doença congênita em que há uma ausência das células ganglionares entéricas distais, as quais são conhecidas como plexos de Auerbach e Meissner.
Apesar de incomum, a Doença de Hirschsprung está associada à importante morbidade e seu diagnóstico precoce é de extrema importância. Para isso, médicos generalistas e pediatras devem ficar atentos aos sinais clínicos, e precisam saber indicar o melhor exame para o diagnóstico e devem conhecer os principais achados radiológicos suspeitos.
Na doença de Hirschsprung (DH), há uma inibição da migração craniocaudal das células da crista neural durante o desenvolvimento embrionário. Isso resulta em uma ausência destas células ganglionares que formam os plexos de Auerbach e Meissner no reto (e demais segmentos acometidos), os quais são, justamente, responsáveis pelo peristaltismo normal intestinal.
Portanto, na doença de Hirschsprung, um segmento do intestino não conseguirá relaxar, ficando persistentemente reduzido de calibre por conta da contração tônica, o que causará uma obstrução intestinal funcional colônica.
A DH acomete 1 em cada 5.000 nascidos vivos e afeta mais crianças do sexo masculino, com proporção de 4 meninos para cada 1 menina acometida.
O quadro clínico começa desde o nascimento, com 99% dos recém-nascidos a termo apresentando retardo na passagem do mecônio em 48 horas após o nascimento. Nas primeiras 6 semanas de vida, alguns pacientes podem evoluir com sintomas de obstrução intestinal baixa, como distensão abdominal, vômitos e constipação. Outros pacientes podem não ter o diagnóstico estabelecido nos primeiros meses de vida, evoluindo com constipação crônica.
Pacientes com DH podem apresentar associação com outras doenças congênitas, como a síndrome de down e anomalias urogenitais.
A doença de Hirschsprung pode ser classificada com base na extensão do segmento aganglionótico.
No subtipo de segmento ultracurto (incidência de 13,4%), a zona acometida está confinada ao esfíncter anal ou se estende até 3-4 cm do reto distal. Devido ao seu acometimento muito curto, a manifestação desse tipo de DH não é tão proeminente quanto os outros tipos e pode ser detectado em idades mais avançadas.
O subtipo de segmento curto representa 75% e é o tipo mais comum de DH. Nesse subtipo, a zona agangliona alcança até o nível do retossigmóide. No subtipo de segmento longo, atinge-se a flexura esplênica.
Por fim, o subtipo de segmento ultralongo é o mais raro. Nessa submodalidade, a zona aganglionar acomete todo o cólon, podendo, inclusive, acometer segmentos de intestino delgado. Esse subtipo recebe o nome de doença de Zuelzer.
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O diagnóstico da doença de Hirschsprung é feito a partir de uma combinação de dados clínicos, radiológicos e histológicos, que são utilizados não só para confirmar a hipótese, mas também para avaliar sua extensão.
O enema opaco é o exame radiológico mais indicado e mais utilizado para a avaliação da doença. Ele é feito com a introdução de um cateter retal fino, pelo qual se injeta contraste radiopaco (bário), que preenche gradativamente todo o cólon. A contrastação do cólon é acompanhada por fluoroscopia e são feitas radiografias focadas. Os achados sugestivos de DH são:
A apresentação radiológica varia conforme o subtipo. Na doença que acomete o cólon total (ultralonga), esperamos observar um cólon difusamente pequeno (microcólon), já que ele é completamente aganglionótico.
A confirmação diagnóstica da DH é feita com análise histológica por biópsia retal, que demonstra a ausência de células ganglionares nos plexos de Auerbach e Meissner na parede intestinal.
Vale lembrar que uma complicação potencialmente grave da DH é a enterocolite necrotizante.
Bom pessoal, é isso! Revisamos um pouquinho da Doença de Hirschsprung focando nos achados radiológicos. Ficou com alguma dúvida acerca do assunto? Deixe um comentário aqui embaixo, será um prazer respondê-lo.
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Mineira, millennial e radiologista fanática. Formou-se em Radiologia pelo HCFMUSP na turma 2017-2020 e realizou fellow em Radiologia Torácica e Abdominal em 2020-2021 no mesmo instituto, além de ter sido preceptora da residência de Radiologia por 1 ano e meio. Apaixonada por pão de queijo, café e ensinar radiologia.
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