Fala galera, como estão? O tema do nosso post de hoje aqui no blog é doença ulcerosa péptica, um tema bem frequente nos ambulatórios de gastro e muitos de vocês já tem certa intimidade! Bora organizar as ideias e deixar tudo fechadinho na cabeça?
As doenças ulcerosas pépticas são defeitos na mucosa gástrica ou duodenal, que podem se estender até a muscular. Elas se desenvolvem e se perpetuam devido a atividade ácida do suco gástrico, geralmente em uma área de mucosa inflamada. Esta inflamação, denominada gastrite, duodenite ou bulboduodenite, algumas vezes pode ser reconhecida durante uma endoscopia por meio de sinais de edema e eritema da mucosa, mas é necessária uma avaliação microscópica de biópsias de amostras obtidas por endoscopia para um diagnóstico definitivo de inflamação da mucosa.
A história natural da doença vai desde a cura sem nenhuma intervenção, até o desenvolvimento de complicações como sangramentos e perfurações, causando um pneumoperitônio.
A úlcera péptica é uma falha na mucosa com diâmetro de pelo menos 0,5 cm que penetra na muscular da mucosa. Falhas menores da mucosa são chamadas de erosões.
A predominância mundial de gastrite reflete a prevalência de H. pylori. A colonização por H. pylori geralmente ocorre na primeira década de vida, e é sempre virtualmente associada à gastrite ativa crônica, que persiste enquanto o indivíduo permanecer colonizado e desaparece lentamente após a erradicação do H. pylori.
Embora a úlcera péptica esteja fortemente relacionada à gastrite e à duodenite causada por H. pylori, a epidemiologia da úlcera tem demonstrado variações, como o aumento de úlceras relacionadas ao uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) em pessoas mais idosas, devido a inibição da enzima ciclo-oxigenase 1 e 2, que estão envolvidas na produção de prostaglandinas, que desempenham um papel na regulação normal da célula.
Dentro da epidemiologia, é importante a gente lembrar das úlceras de estresse, que acontecem após situações de trauma importante, sepse, queimaduras extensas, lesão cefálica ou insuficiência múltipla dos órgãos. Os principais fatores de risco para a ulceração por estresse em pacientes gravemente doentes incluem ventilação mecânica, coagulopatia e hipotensão, mas fatores como insuficiências hepática e renal e uso de medicação causadora de úlceras podem contribuir para o desenvolvimento de úlceras de estresse.
As úlceras de estresse podem ocorrer independentemente de colonização por H. pylori. As úlceras associadas à lesão cefálica são conhecidas como úlceras de Cushing, e as associadas a queimaduras extensas são conhecidas como úlceras de Curling.
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Voltando ao nosso tema, aproximadamente 70% dos pacientes são assintomáticos e só descobrem que têm uma úlcera quando apresentam alguma complicação.
No entanto, a apresentação típica da doença ácido-péptica ocorre com episódios recorrentes de dor. A dor é quase que invariavelmente localizada no epigástrio e pode irradiar para as costas ou, com menos frequência, para o tórax ou outras regiões do abdome.
Alguns pacientes descrevem a dor como uma queimação ou perfuração, enquanto outros a descrevem como uma sensação desconfortável de estômago vazio, chamada de dor de fome.
De fato, a dor pode melhorar com a ingestão de alimento, retornando apenas no período pós-prandial. A dor noturna epigástrica, que acorda pacientes várias horas após uma refeição tardia parece representar uma dor de úlcera.
Em pacientes não medicados, a dor pode durar semanas intercalando entre remissões e agudizações.
O exame físico do paciente com doença ulcerosa péptica é pouco expressivo. Nos casos de perfuração e sangramento, o paciente pode estar hipocorado, ou apresentar melena ou hematêmese. Além disso, é comum apresentar dor à palpação do abdome.
Em um paciente que apresenta sintomas compatíveis com úlcera, a avaliação diagnóstica pode seguir dois caminhos diferentes, mas complementares: a confirmação da anormalidade anatômica e a investigação da causa. Na maioria dos pacientes, é aconselhável seguir os dois caminhos diagnósticos simultaneamente.
A endoscopia digestiva alta (EDA) é o exame para visualização mais utilizado, já que permite a classificação endoscópica das lesões, sendo as principais as classificações de Sakita e de classificação de Forrest.
A classificação de Sakita avalia o grau de atividade da úlcera.
Já a classificação de Forrest é uma classificação endoscópica para lesões ulcerosas sangrantes/hemorrágicas, que se correlaciona com o risco de ressangramento, direcionando o tratamento e avaliando o prognóstico.
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O tratamento da doença ulcerosa péptica, ou DUP, como também é bastante conhecida, vai variar de acordo com a causa daquela úlcera:
O tratamento triplo é o mais utilizado na prática clinica e consiste no uso de omeprazol dose dobrada (20mg 2x/dia) por 28 dias, e amoxilina 1g 2x/dia + claritromicina 500mg 2x/dia por 14 dias.
Após a erradicação bem-sucedida do H. pylori, o risco de infecção recorrente na maioria das populações é pequeno. Em uma minoria de pacientes, as úlceras recorrem devido à reinfecção ou à presença de outro fator ulcerogênico, particularmente o uso de AINEs.
O primeiro passo nesse caso é suspender o medicamento que está causando a úlcera, e depois iniciar o uso de um inibidor de bomba de prótons por 8 semanas, por ex: omeprazol 20mg 2x/dia.
Naqueles pacientes em que a causa nao foi esclarecida, o tratamento empírico da H. pylori pode ser realizado. Caso não seja relacionada com a bactéria, tende a se resolver espontaneamente.
Ficou mais claro? Vai conseguir procurar os sintomas de úlcera péptica que te guiam para dar o diagnóstico? Espero do fundo do coração que sim! Bom, agora que você está mais informado sobre insuficiência adrenal, temos uma dica pra você. Confira mais conteúdos de Medicina de Emergência na Academia Medway. Por lá disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos! Por exemplo, o nosso e-book ECG Sem Mistérios ou o nosso minicurso Semana da Emergência são ótimas opções pra você estar preparado para qualquer plantão no país.
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Até mais, pessoal!
*Colaborou: Emanuella Esteves Machado
Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor