Entenda a concentração e distribuição de médicos no Brasil

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Sabemos que existe um grande número de médicos no Brasil. A tendência é que continuem aumentando. Mas nem todos entendem como é a concentração e distribuição de médicos no Brasil.

O Brasil tem um extenso território e os profissionais de Medicina não estão distribuídos de forma regular pelas regiões, pelos estados e pelos municípios.

Esse é o tema de nosso artigo. Leia e compreenda como está a concentração e distribuição de médicos em nosso país. Essa é uma informação relevante para quem deseja fazer residência, pois mostra os locais de maior e menor concentração, onde a concorrência tende a ser mais intensa.

Quantos médicos têm no Brasil e como eles são distribuídos?

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou que existem aproximadamente 545,4 mil médicos ativos no Brasil. 

Isso representa que, de cada 1 mil habitantes, 2,56 são médicos — uma proporção que se aproxima à proporção de outros países, como os Estados Unidos, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em levantamento feito em 2021.

Porém, há desigualdade na concentração e distribuição de médicos no país: a maior parte (mais de 290 mil médicos) se concentra apenas nas capitais e atende a 24% da população, sendo que a Região Norte é a menos beneficiada, como veremos a seguir.

O aumento dos médicos vem acompanhando a expansão das escolas médicas e das vagas nos últimos 10 anos. Em 2010, existiam 1,76 médicos para cada 1 mil habitantes e havia 347,7 mil registros desses profissionais no Brasil.

No ano seguinte, os registros aumentaram para quase 600 mil. Vamos ressaltar que alguns médicos fazem mais de um registro para trabalhar em estados diferentes.

Quais regiões do país concentram mais médicos?

O Conselho Federal de Medicina (CFM) revela a distribuição de médicos por cada região, mostrando o percentual:

  • Sudeste: 58% dos médicos (3,22 médicos para cada 1 mil habitantes);
  • Sul: 15,7% dos médicos (2,82/1000 habitantes);
  • Centro-Oeste: 8,4% dos médicos (2,74/1000 habitantes);
  • Nordeste: 18,5% dos médicos (1,75/1000 habitantes);
  • Norte: 4,6% dos médicos (1,34/1000 habitantes).

Confira outros dados referentes à concentração e distribuição de médicos no Brasil segundo o Conselho Federal de Medicina:

  • 62% dos profissionais trabalham em 49 cidades com mais de 500 mil habitantes (juntas, essas cidades comportam 32% da população do país);
  • aproximadamente 205,5 mil médicos prestam atendimento nos outros 5.521 municípios do Brasil (68% de nossa população);
  • nos 4.890 municípios que contam com até 50 mil moradores, encontram-se concentrados mais de 8% dos médicos, o que equivale a aproximadamente 42 mil profissionais (população de 68,8 milhões de habitantes);
  • em 1.250 municípios de menor tamanho e com até 5 mil habitantes, a proporção de médicos é de 0,45/1000.

Qual é o problema da super concentração de médicos no país?

A distribuição desigual acaba desprivilegiando algumas regiões, alguns estados e alguns municípios. Considere que, diante dessa realidade, podemos visualizar o seguinte cenário:

  • uma região/estado/cidade concentra uma grande quantidade de profissionais, aumentando a concorrência e até limitando ou dificultando a expansão da carreira de médicos que atuam em determinadas especialidades;
  • outra região/estado/cidade não oferece a quantidade suficiente de médicos (de qualquer especialidade) para atender às necessidades dos habitantes, o que os obriga a se deslocar para outros locais onde se presta o atendimento.

Nesse último caso, é verdade que nem todos conseguem buscar auxílio médico em outros lugares, o que tende a gerar uma quantidade maior de pessoas sem atendimento e, consequentemente, o aumento de casos fatais, quando falamos em doenças e acidentes mais graves.

Podemos resumir, explicando que, em determinadas áreas do país, há uma oferta que ultrapassa a demanda enquanto, em outras áreas, existe uma demanda maior que a oferta. Esse desequilíbrio não é benéfico nem para os médicos nem para a população.

Como isso pode mudar nos próximos anos?

Conforme o CFM, a tendência é que, até 2028, nosso país apresente 3,63 médicos por cada 1 mil habitantes se o ritmo de crescimento demográfico se mantiver e as escolas médicas continuarem ofertando vagas em ritmo progressivo.

Ainda conforme o Conselho Federal de Medicina, a desigualdade na distribuição dos médicos enfrenta a ausência de atrativos e de mínimas condições de trabalho.

O país requer políticas públicas para direcionar médicos das capitais para as cidades do interior. E é muito importante fazer com que os médicos fiquem nessas cidades menores.  

Uma declaração de José Hiran Gallo, presidente do conselho, é pertinente e revela a realidade das instituições de saúde em nosso país: “Não adianta colocar só o profissional sem um mínimo de condições para exercer a medicina de qualidade, sem ter uma infraestrutura de trabalho, leitos, equipamentos, medicamentos, acesso a exames e uma equipe multiprofissional”.

A retomada do programa Mais Médicos, proposta pelo atual governo, tende a ser um caminho para suprir a escassez de médicos no interior do Brasil.

Gallo defende, contudo, que médicos que tenham se formado fora do país, sejam ou não brasileiros, se submetam ao Revalida para trabalhar no Brasil. Esse programa do governo federal subsidia o processo de revalidação dos diplomas dos médicos formados no exterior.

Já o programa Mais Médicos se propõe a levar médicos para locais onde eles são escassos ou não atuam, de modo a suprir as demandas da população dessas regiões.

Seja um médico também!

Agora que você conheceu mais a respeito da concentração e distribuição de médicos no Brasil, você pode tomar melhores decisões referentes à especialidade que pretende fazer e à instituição de saúde na qual pretende atuar como médico residente.

Considere que o programa Mais Médicos pode ajudar você e ajudar também as pessoas que carecem de assistência médica e ainda não têm.

Não desista de seu sonho! Permaneça estudando e seja um médico como tantos outros profissionais. Contribua para melhorar o quadro de saúde do Brasil, atuando em áreas que sejam favoráveis para sua carreira e, ao mesmo tempo, sejam carentes de atendimento médico de boa qualidade.

Como falamos, para modificar a realidade de concentração e distribuição de médicos no país, é fundamental um trabalho conjunto dos governos federal, estadual e municipal, das instituições de saúde e das faculdades de Medicina, bem como da classe médica. 

Não é um problema que será resolvido da noite para o dia, considerando a extensão do Brasil. Mas esperamos que as medidas nesse sentido continuem sendo tomadas (como o Mais Médicos) para que os resultados continuem aparecendo, sempre melhores.

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AlexandreRemor

Alexandre Remor

Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor