Fala, galera! Beleza? Hoje a gente vai falar um pouco sobre as causas de um tema muito prevalente em gastroenterologia, tanto nas provas quanto na vida! É ela: a diverticulite! Mais especificamente, as causas da diverticulite.
Bora lá?
Sendo associada a uma alta mobimortalidade, e gerando altos gastos em saúde, a diverticulite tem diversas causas (o intestino não tem um minuto de paz, não é mesmo?).
Primeiramente, vamos analisar o grosso do grosso (trocadilho não intencional). Essa entidade está associada a diversos fatores de risco, muitas das vezes modificáveis, como a obesidade, a dieta, e o nível de atividade física. Esses dois últimos podem afetar esse risco uma vez que pode ter efeitos sobre a nossa microbiota intestinal, e a inflamação intestinal. Alguns estudos, inclusive, evidenciaram uma diferença entre a composição e a função dessa microbiota entre pessoas com e sem diverticulite. Doido, né?
Além do mais, assim como diversas outras doenças por aí, a gente tem o dedinho da genética no meio. Ela, de mãos dadas com o já dito acima, pode encontrar uma alteração na neuromusculatura do cólon, e propiciar o desenvolvimento de diverticulite.
Resumindo, a fisiopatologia é bem incompleta ainda no nosso entendimento, temos um pouco de chão ainda pra correr (cadê os cientistas da Medway, no único lugar possível, logo menos?). Apesar disso, algumas teorias dizem que a diverticulite surge por meio de uma obstrução e um trauma no divertículo, com uma consequente isquemia, microperfuração, e infecção.
Bora começar a entender as principais causas da diverticulite?
Vários estudos têm associado a diverticulite com uma inflamação crônica intestinal. O que mais se tem evidência, atualmente, é que os fatores de risco estão relacionados a inflamações sistêmicas crônicas. Esses fatores incluem a obesidade, a atividade física, e a dieta ocidental, que aumentam os níveis de biomarcadores inflamatórios.
Em um estudo de séries de casos, indicou que os pacientes com diverticulose, particularmente aqueles com doença diverticular, apresentam inflamações intestinais microscópicas.
Apesar disso, a diverticulose, por si só, não parece estar associada à inflamação da mucosa; e os sintomas funcionais dos pacientes com diverticulose também não aparentam estar relacionados à inflamação, nem à diverticulose em si. Porém, os estudos realizados não investigaram se os pacientes que desenvolveram diverticulite, ou que tinham diverticulite recorrente, tiveram alguma inflamação mucosa subclínica ou sistêmica.
É aqui que a famosa flora intestinal entra em ação! Ou será que vai atrapalhar tudo?
Quando o paciente tem uma dieta ou um estilo de vida diferentes do que seria o normal, a nossa microbiota é alterada de forma que gera diversas patogêneses de distúrbios intestinais, dentre elas, a inflamação da mucosa na diverticulite.
Tem-se que a flora intestinal alterada ajudam na fisiopatologia da diverticulite, podendo, inclusive, levar a micro e macro perfurações do divertículo, movendo bactérias comensais do nosso intestino pela barreira mucosa do cólon, o que pode promover o desenvolvimento de infecções graves, incluindo abcessos e peritonite.
Tanto é verdade o fato de que a dieta e os estilos de vida alteram a flora intestinal, que é clara a diferença da doença diverticular de país para país. A dieta ocidental, por exemplo, está associada à menor diversidade da flora intestinal, e mudança na sua composição e na sua função.
Por outro lado, a alta ingestão de fibras aumenta a diversidade e riqueza da microbiota intestinal, já que elas servem de fonte de energia para que esses micróbios metabolizem carboidratos complexos em ácidos graxos de cadeia curta. Esses ácidos graxos ajudam na produção de muco e pepitídeos e homeostase imuno mediadas por antimicrobianos, melhoram a função de barreira intestinal, e propicia uma boa proliferação celular.
Alguns estudos indicam que a composição da flora intestinal difere entre pessoas com e pessoas sem doença diverticular. No geral, esses estudos falam que há uma redução no número daquelas bactérias que produzem os ácidos graxos de cadeia curta, e de uma bactéria chamada Akkermansia muciniphila, que degrada mucina e promove a integridade da barreira epitelial, e suprime processos inflamatórios.
Daqui, a genética não podia fugir. Dois estudos escandinavos com gêmeos ou com estudos familiares, evidenciaram que fatores genéticos afetam o risco de doença diverticular. Neles, quando observados gêmeos, havia uma chance maior de desenvolver doença diverticular em monozigóticos, quando comparados com dizigóticos. Além disso, tinha mais chance de ocorrer a doença quando há um irmão não gêmeo afetado, que quando comparado com a população geral. Colocando em números, as estatísticas mostram um risco de 40-50% para doença diverticular, quando presente o fator genético. É muita coisa para deixar o seu paciente com histórico familiar se descuidar, não? Não vamos comer bola!
A fim de se ter um “extra”, os três principais genes identificados que estão envolvidos no desenvolvimento de doença diverticular são: ARHGAP15, COLQ, e FAM155A. Não precisa esquentar a cabeça com esses nomes, só deem uma namorada neles pra CASO alguma prova te pergunte.
A útlima na nossa lista de causas da diverticulite! Acredita-se que pontos de fraqueza da parede muscular do cólon, associados com zonas de alta pressão localizadas estejam associadas à formação de divertículos. Imagina segurar uma bexiga vazia dentro das suas mãos, com um espaço entre os dedos. Se você soprar até só encostar nos dedos, vai continuar na sua forma “padrão”. Mas se você aplicar mais pressão, ela vai fazer uma “bolsinha” para fora nesse espaço entre os dedos. Deu pra entender?
Essa hipótese é gerada pelo fato de que a diverticulose aparece geralmente no colo sigmoide, que é menos distensível que o colo proximal e o reto. Inclusive, não são encontrados divertículos no reto, que é um reservatório com alta capacidade distensiva. Coincidência? Acho que não.
Além do mais, alterações do sistema nervoso entérico, no tecido conectivo, no músculo liso, e na motilidade intestinal devem contribuir para o desenvolvimento de diverticulose, e para os seus sintomas funcionais. Porém ainda não é muito claro se essas alterações neuromotoras estão associadas com o desenvolvimento, ou não.
Agora que você aprendeu um pouco mais sobre o tema, tenho certeza de que será um médico diferenciado por não menosprezar um assunto importante desses. Afinal suas complicações são consideradas graves problemas de saúde pública e devemos estar atentos, tanto com a morbimortalidade quanto com a perda de qualidade de vida dos nossos pacientes.
Te ajudei a clarear o tema? Espero que sim. Anota tudo aí que com certeza você vai se deparar com casos de doença diverticular dos cólons e suas complicações não serão mais um problema para você e nem para o paciente.
Esperamos que tenham gostado! Se quiser ver mais algum conteúdo, que tal dar uma olhada no nosso Guia de Prescrições? Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil!
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Pra cima, turma!
* Colaborou Igor Félix Miziara, graduanda de Medicina na UEMG
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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