Cara, você já viu alguma hipercalemia na vida acadêmica ou hospitalar? Não? Impossível! Certamente já viu e se importou com isso, mas pode ser que não saiba lidar com ela. Mas relaxa, que é exatamente sobre o tratamento da hipercalemia que vamos falar hoje, com base em um caso clínico! Bora lá?
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Voltando ao assunto, a hipercalemia é quando o nível de potássio na corrente sanguínea está acima do normal. Distúrbios ligado ao potássio são muito comuns em unidades de emergência, enfermarias e UTIs. A importância da hipercalemia, em específico, vem do fato de que ela é potencialmente fatal, mas possui tratamento amplamente disponível.
O potássio é um íon predominantemente intracelular e participa ativamente dos processos metabólicos, estabelecendo gradientes elétricos que são responsáveis por garantir a ordem nas células excitáveis. Adquirimos potássio em nossa dieta convencional. A manutenção de uma faixa normal na corrente sanguínea, geralmente entre 3,5 – 5 mmol/L, é vital para uma boa saúde.
No nosso e-book Desmistificando a gasometria: distúrbios hidroeletrolíticos falamos mais sobre esse e outros distúrbios hidroeletrolíticos, incluindo como identificá-los, suas etiologias e como manejá-los no dia a dia então, antes de seguirmos falando sobre os sintomas da hipercalemia, já faz download e fica com ele salvo para poder expandir seus conhecimentos depois, que tal?
Geralmente valores séricos acima de 6 mmol/L promovem efeito despolarizante no potencial de membrana de repouso e facilitam a condutância dos canais de potássio, levando a alterações eletrocardiográficas clássicas, como:
E o que a hipercalemia pode causar? Já entre alterações clínicas causadas pela hipercalemia, podemos destacar achados como:
Outra coisa importante: as células podem ser um “abrigo” deste íon ou mesmo uma “fonte”, em diferentes situações, sendo a sua redistribuição por estes compartimentos (intra e extracelular) a primeira linha de tratamento.
Antes de partirmos para a análise do nosso caso clínico, é importante que você saiba diferenciar a gravidade da hipercalemia.
Claro que o tratamento vai se adaptar à situação clínica de cada um, mas de forma geral, nos casos moderados a graves é necessário um tratamento mais agressivo. Mas relaxa, que a se a sua dúvida é justamente no tratamento da hipercalemia, você está no lugar certo. Vamos te explicar, com detalhes, qual conduta tomar em diferentes casos dessa doença.
E, antes de irmos para o caso clínico, temos uma dica de ouro para você: nosso curso de ECG que vai te levar do zero ao especialista nesse assunto. Com aulas e apostilas completas, flashcards específicos sobre o tema, questões para treinamento e discussões de caso clínico, você irá aprender a interpretar qualquer ECG!
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Imagine o seguinte: você está em seu Departamento de Emergência e chega um paciente com tremores, fraqueza muscular, ECG com onda T apiculada em parede anterior, QRS largo e intervalo PR de 220 ms. Queixa-se ainda de palpitações, eventualmente. Confirmada hipercalemia, K 7,1. Paciente está sem alteração de sinais vitais.
E aí? Estamos diante de uma hipercalemia sintomática e com manifestações eletrocardiográficas. Dá pra confiar que vai ficar tudo bem? NÃO. O paciente deve ser monitorizado e devemos agir com precisão.
A emergência hipercalêmica implica em maior atenção da nossa parte, além de conduta ágil e assertiva, como o uso do cálcio e da glicoinsulina em que abordaremos a seguir, sobre o tratamento da hipercalemia.
Hipercalemias, especialmente quando acima de 7 mmol/L, em associação a sintomas e sinais clínicos e/ou eletrocardiográficos devem ser manejadas com prioridade!
Da mesma forma, precisamos de atenção em relação a possíveis fatores causais e reversíveis de hipercalemia. Corrigir hipovolemia, suspender medicamentos que aumentam o potássio sérico – p. ex. AINE, IECA/BRA e Espironolactona – são medidas tanto quanto importantes.
Antes de falarmos sobre o tratamento da hipercalemia, temos mais uma dica: nosso “Manual para correção dos principais distúrbios eletrolíticos em pacientes internados”. Com esse e-book, você vai aprender a forma certa de repor os eletrólitos ou corrigir distúrbios no paciente internado. Baixe agora gratuitamente e ganhe tempo na hora de realizar cálculos no seu trabalho!
Temos duas formas de tratar a hipercalemia, ou seja, “abaixar” esse potássio: eliminando-o do organismo ou mobilizando-o para o meio intracelular.
Ufa! É muita informação, mesmo!
Lembra do nosso paciente? O que faltou como medida inicial e prioritária em relação ao tratamento da hipercalemia? Claro, o cálcio! A hipercalemia com manifestações eletrocardiográficas demanda o uso urgente da terapia para estabilizar os efeitos elétricos na excitação cardíaca.
Gluconato de Cálcio 10% – 10 ml em uma solução de glicose 5% – 100 ml ou Cloreto de Cálcio 10% – 3-4 ml em SG 5% – 100 ml, administrados em 3-5 minutos são as nossas opções. Gluconato de Cálcio sempre é preferível em relação ao Cloreto por ser mais bem tolerado em administração com veia periférica.
Este último possui 3x mais a quantidade de cálcio do que a nossa outra opção e pode induzir irritação local e necrose tecidual se ocorrer o extravasamento do acesso. Não custa lembrar: nenhum é eficaz em diminuir níveis de potássio, possuem efeito inicial breve — duram cerca de 30-60 minutos — e podem ser repetidos.
Viu?! Não é tããão difícil assim!
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Conhecendo e entendendo a dinâmica das medidas para tratamento da hipercalemia, reconhecimento eletrocardiográfico das anormalidades e a indicação precisa do cálcio, certamente fica muito mais fácil.
Agora você vai ficar mais confiante quando precisar fazer o tratamento da hipercalemia em um paciente como esse, que chega até você precisando da sua ajuda. Dessa forma, ele não vai evoluir mal.
Ah, e como nós vimos, a hipercalemia é causada quando o nível de potássio na corrente sanguínea está acima do normal. Se você quer conferir mais um conteúdo rico acerca de distúrbios de potássio, por que não confere o nosso canal do Youtube? Por lá, rolou um vídeo super interessante que trata desse assunto. Tá im-per-dí-vel!
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Paulista, nascido em 89. Médico graduado pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), formado em Clínica Médica pelo HCFMUSP, Cardiologista e especialista em Aterosclerose pelo InCor-FMUSP. Experiência como médico assistente do Pronto-Socorro do InCor-FMUSP.