Fala, pessoal, beleza? Neste texto, vamos revisar os achados radiológicos que sugerem enterocolite necrotizante, uma condição grave, mas muito presente no dia-a-dia do pediatra.
Saber interpretar a radiografia de abdome, identificando sinais radiológicos sugestivos desta condição permitem diagnóstico precoce, tratamento oportuno e melhor desfecho para o bebê. Então, bora?
Pessoal, antes de começar a leitura, temos um recado importante pra dar: embora exames como TC e UCG estejam se tornando mais comuns, a gente sabe que, em grande parte dos serviços, o raio-x continua sendo o único método de imagem disponível.
Mas e aí, você tem dificuldade em interpretar as radiografias simples de tórax e abdome? Então, deixa que a gente te ajuda! Com o e-book “ABC da radiologia”, você vai aprender:
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Agora, vamos voltar a falar sobre a Enterocolite Necrotizante, pra você não deixar nada passar em branco e se tornar um craque no assunto.
A enterocolite necrotizante é uma condição abdominal aguda, a qual acomete o recém-nascido e é caracterizada por sofrimento isquêmico intestinal.
Acontece, principalmente, com recém-nascidos pré-termo (a prematuridade é o principal fator de risco), mas pode ocorrer em RN a termo submetidos a estresse intenso (cirurgia cardíaca, por exemplo).
A etiopatogenia ainda permanece controversa, provavelmente, envolvendo múltiplos fatores que culminam em dano à mucosa intestinal, isquemia e necrose. Dentre os fatores que levam à lesão mucosa, destacam-se:
A perda da integridade da mucosa intestinal permite a passagem de bactérias e suas toxinas para a parede intestinal, e depois para a circulação sistêmica, resultando em uma resposta inflamatória generalizada nas formas graves da doença.
Em casos mais graves, a parede intestinal isquêmica evolui com necrose, que pode ser tão grave a ponto de ocorrer descamação da parede intestinal, resultando em adelgaçamento da parede e, eventualmente, em perfuração intestinal.
A radiografia de abdome é o método de escolha para o diagnóstico, muitas vezes sendo o único método necessário para o diagnóstico e para a detecção de complicações.
Os achados de imagem acompanham o espectro de gravidade da doença:
Em fases iniciais, observamos distensão gasosa difusa e perda do padrão poligonal normal das alças intestinais do RN, as quais adquirem um aspecto arredondado devido à distensão e espessamento das paredes.
Com a evolução do quadro, podem surgir sinais que já indicam sofrimento isquêmico mais avançado com translocação de gás para a parede intestinal e até perfuração.
Indica que o sofrimento isquêmico foi capaz de lesar a parede da alça com translocação de gás do seu interior para suas paredes. Indica sofrimento isquêmico grave. Na radiografia, aparece como múltiplas pequenas bolhas gasosas agrupadas (bubbly pattern) ou imagens gasosas lineares paralelas à luz intestinal.
Indica que o sofrimento isquêmico foi intenso ao ponto de determinar translocação de gás para as paredes da alças e para o sistema venoso portal. É identificada como imagens gasosas arredondadas ou lineares na projeção do fígado.
Indica que o sofrimento isquêmico determinou necrose da parede da alça com perfuração intestinal. Na radiografia em decúbito dorsal (obtida nas UTI), o diagnóstico de pneumoperitônio é difícil. Nesses casos, a obtenção de radiografia com raios horizontais ajuda muito no diagnóstico, já que conseguimos identificar o gás que sobe e se acumula na porção superior do abdome.
Legenda: Complicações da enterocolite necrotizante – pneumoperitônio.
Fonte: Necrotizing Enterocolitis: Review of State-of- the-Art Imaging Find- ings with Pathologic Correlation. DOI 10.1148/rg.272055098
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Mineira, millennial e radiologista fanática. Formou-se em Radiologia pelo HCFMUSP na turma 2017-2020 e realizou fellow em Radiologia Torácica e Abdominal em 2020-2021 no mesmo instituto, além de ter sido preceptora da residência de Radiologia por 1 ano e meio. Apaixonada por pão de queijo, café e ensinar radiologia.
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