E lá vamos nós falar mais um pouco de enxaqueca, a principal causa de dor de cabeça no PS. Porém, o foco desse artigo é de um sintoma diferente que acomete alguns pacientes com enxaqueca (afinal, enxaqueca não se resume apenas a cefaleia, como já mencionamos nos nossos artigos sobre cefaleias na emergência e tratamento de crise aguda de enxaqueca). Esse sintoma é a vertigem, e são atribuídos à famosa enxaqueca vestibular.
Alguns pacientes com enxaqueca apresentam episódios de vertigem ou outros sintomas decorrentes de disfunção do sistema vestibular. A enxaqueca vestibular é uma condição comum, que acomete cerca de 1% da população mundial. Bora lá?
A relação entre vertigem e enxaqueca é conhecida há muito tempo. Porém, até hoje a fisiopatologia de vertigem na enxaqueca e seu diagnóstico são debate com muito controvérsia. Nesse artigo tentamos resumir para você os principais pontos dessa condição: quando suspeitar e quando tratar.
Nos adultos, geralmente o início da enxaqueca vestibular acomete pacientes com longa história prévia de enxaqueca. Os principais sinais e sintomas são os seguintes:
O critério diagnóstico para enxaqueca vestibular é:
O grande “tendão de Aquiles” desse diagnóstico é o último item — a ausência de melhor explicação. Ora, há diversas causas de vertigem e, caso suspeite de alguma delas, especialmente num primeiro episódio vertiginoso, você deve investigar adequadamente. Os principais diagnósticos diferenciais são vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), doença de Meniere (audiometria pode ajudar) e causas vasculares ou estruturais (merecendo então estudo com RM e AngioRM para investigação, especialmente em idosos ou pacientes com fatores de risco cardiovasculares).
Já que um critério imprescindível para o diagnóstico de enxaqueca vestibular é o diagnóstico prévio de enxaqueca, seguem os seus critérios para relembrar:
Agora que você sabe identificar pacientes com enxaqueca vestibular, vamos discutir sobre manejo desses pacientes. Dividimos as condutas entre tratamento das crises e tratamento preventivo.
O foco aqui é aliviar os sintomas vertiginosos. A escolha são os supressores do aparelho vestibular. Há diversas opções, tanto por via oral ou via parenteral. Segue uma tabela com as principais medicações e doses que podem ser utilizados.
Medicamento | Dosagem |
Administrados oralmente: | |
Anti-histamínicos de primeira geração | |
Dimenidrinato | 50–100 mg a cada 4–6 horas |
Difenidramina | 25–50 mg a cada 4–6 horas |
Meclizina | 25–50 mg a cada 6–12 horas |
Benzodiazepínicos | |
Alprazolam | 0,5 mg lançamento imediato a cada 8 horas |
Clonazepam | 0,25–0,5 mg a cada 8–12 horas |
Diazepam | 1 mg a cada 12 horas |
Lorazepam | 1–2 mg a cada 8 horas |
Antieméticos | |
Domperidona | 10 mg a cada 8 horas |
Metoclopramida | 5–10 mg a cada 6 horas |
Ondansetrona | 4 mg a cada 8–12 horas |
Proclorperazina | 5–10 mg a cada 6 horas |
Prometazina | 12,5–25 mg a cada 4–6 horas |
Administrados por via parenteral para uso em enfermaria de emergência aguda: | |
Anti-histamínicos de primeira geração | |
Difenidramina | 10–50 mg IV |
Dimenidrinato | 50 mg IV |
Antieméticos | |
Metoclopramida | 10 mg IV |
Ondansetrona | 4–8 mg IV |
Caso a vertigem seja acompanhada ou preceda (como uma aura) os episódios de cefaleia, o uso de triptanos (sumatriptano, rizatriptano, etc) também é uma opção.
Este consiste em linhas de tratamento não-farmacológicas e farmacológicas.
Tratamento não-farmacológico:
Tratamento farmacológico profilático:
Classe | Medicamento | Dosagem (oral) |
Betabloqueadores | Metoprolol | 150 mg; 100–200 mg |
Propranolol | 160 mg; 40–160 mg; 40–160 mg | |
Agentes antiepiléticos | Ácido valproico | 600 mg; 600 mg |
Topiramato | 50 mg; 50–100 mg | |
Lamotrigina | 75mg; 100 mg | |
Antidepressivos | Amitriptilina | 100 mg; 10 mg |
Nortriptilina | 25–75 mg | |
Venlafaxina | 37,5–150 mg | |
Bloqueadores do canal de cálcio | Flunarizina | 5 mg; 5–10 mg; 5–10 mg |
Cinarizina | 37,5–75 mg | |
Outros | Magnésio | 400 mg |
Espero que tenhamos esclarecido tudo que você precisa saber sobre enxaqueca vestibular, uma condição ainda pouco estudada. Quer saber mais sobre enxaqueca? Clica nos links abaixo.
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Paranaense nascido em 1990. Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) de Curitiba em 2014. Residência em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Palo (HCFM-USP), concluída em 2019. No HCFM-USP, experiência como preceptor dos residentes entre 2019-2020. Concluiu um fellowship em Neuroimunologia em 2021. Experiência como médico assistente do departamento de Neuropsiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). "As doenças são da antiguidade e nada se altera sobre elas. Somos nós que mudamos na medida em que estudamos e aprendemos a reconhecer o que antes era imperceptível."
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