Em 2016, o Journal of the American Medical Association, JAMA, publicou o terceiro consenso internacional de definições para sepse e choque séptico. A nova definição, conhecida como Sepsis 3 ou Sepse 3.0, classifica a sepse como “disfunção orgânica ameaçadora à vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção”. E, como sabemos, a sepse é um assunto de relevância extrema dentro da saúde pública e em todas as áreas da Medicina — afinal, a infecção que causa sepse pode ter qualquer origem no corpo humano. No Sepse 3.0 foi delimitado que essa tal disfunção orgânica deveria ser identificada a partir de uma modificação aguda em 2 ou mais pontos do escore SOFA, e é dele que falaremos hoje.
Vamos lá?
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O SOFA (abreviação para Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment), originalmente derivado de um estudo de coorte com 1449 pacientes internados em UTIs de 16 países nos anos 90, avalia objetivamente o avanço de uma disfunção orgânica em pacientes que apresentam alguma infecção, bem como a mortalidade diante de um estado de saúde crítico de um indivíduo. A tabela 1 demonstra a relação entre a pontuação no SOFA e a mortalidade:
PONTUAÇÃO SOFA | MORTALIDADE EM X% |
0–6 | <10% |
7–9 | 15–20% |
10–12 | 40–50% |
13–14 | 50–60% |
15 | >80% |
15–24 | >90% |
Esse score é baseado em seis diferentes variáveis, que avaliam os sistemas respiratório, cardiovascular, hepático, renal, neurológico e de coagulação. A cada sistema é atribuída uma pontuação de 0 (classificado como dentro dos parâmetros de normalidade) e 4 (alto grau de disfunção), totalizando um máximo de 24 pontos. A pontuação deve ser calculada 24 horas após a admissão e a cada 48 horas depois — justificando o termo “sequencial” do nome da pontuação.
A tabela 2, a seguir, traz a pontuação na íntegra.
Além do SOFA, existem outros scores que podem avaliar disfunções orgânicas, como o APACHE. No entanto, o JAMA delimita apenas o SOFA como critério de avaliação de sepse, sem citar outros estudos.
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O paciente candidato a realizar os exames preditos no SOFA, de acordo com o JAMA, é aquele com suspeita de infecção durante a internação. Mas como podemos fazer uma avaliação rápida a respeito do estado clínico de um paciente no intuito de predizer disfunções orgânicas? Com o qSOFA! Com três tópicos, a função do “quick” SOFA não é a mesma que o score que leva este nome originalmente, mas sim de realizar uma espécie de triagem de pacientes com chances de evoluir com disfunção orgânica, que são aqueles que apresentam pontuação maior ou igual a 2.
QUICK | SOFA |
Escala de coma de Glasgow | <15 |
Frequência respiratória | >22 incursões respiratórias |
Pressão arterial sistólica | <100mmHg |
A partir desta triagem, então, realizamos a análise de cada sistema do paciente suspeito de falência orgânica diante de uma infecção com o SOFA. Acompanhe a seguir cada uma das linhas da tabela do score para entender melhor como esta ferramenta tão importante funciona na prática:
UFA! É muita coisa para assimilar! Entretanto, na sua prática clínica você pode utilizar calculadoras para somar o SOFA ao invés de ver um por um na tabela. Mas o tema tem grande importância nas provas de residência médica, não necessariamente aplicando a tabela em si, mas entendendo o conceito geral da sepse e a aplicabilidade do SOFA. Algumas provas ainda pegam mais pesado com os valores de referência, mas só de entender a forma como as disfunções orgânicas são avaliadas, você já pode tirar algumas questões de letra.
Sobre escore SOFA, é tudo que tínhamos por hoje. Agora que você já tá mais informado, que tal dar uma conferida no nosso Guia de Prescrições? Trata-se de um conteúdo que preparamos especialmente para você, colega médico ou interno, contendo prescrições que resolvem as emergências com as quais você COM CERTEZA vai se deparar!
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E até a próxima!
*Colaborou Emilli Bertão
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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