Fasceíte necrotizante: tudo que você deve saber

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E ai, pessoal! Tudo bem com vocês? Hoje vamos falar sobre a fisiopatologia da fasceíte necrotizante. Qual a relevância do assunto? Saber a fisiopatologia das doenças é MUITO importante por alguns motivos:

  • entender como funciona e manejar melhor o tratamento;
  • poder explicar para o paciente PORQUE a doença ocorreu;
  • aproximar a relação médico-paciente e aumentar a adesão ao tratamento;
  • manejar melhor a solicitação de exames (quando houver). 

Dito isso, pegue seu café e vamos lá!  

Para começar a falar sobre a fasceíte necrotizante…

Repare na imagem que a doença se apresenta de forma heterogênea. Podemos ver áreas de inflamação (com presença de eritema apenas), área de vesículas e bolhas com presença de líquido amarelado dentro e áreas de necrose (morte tecidual). Toda a área afetada está edemaciada e, com certeza, bastante dolorosa.

A causa da doença é uma bactéria produtora de toxina que infecta partes moles**, causando inflamação, infecção e necrose da fáscia. Acontece uma destruição tecidual fulminante com alta mortalidade.

**Entre as infecções necrotizantes dos tecidos moles (NSTIs – em inglês) temos a fasceíte necrotizante, celulite e miosite. 

Fisiopatologia da fasceíte necrotizante

Através de uma descontinuidade da pele aparente ou não, há a entrada de bactérias que podem causar uma infecção, principalmente da fáscia e do tecido adiposo subjacente. 

Normalmente, o tecido muscular é poupado, tendo em vista que é rico em suprimento sanguíneo (tendo mais e melhores mecanismos de defesa); diferentemente da fáscia, que é pobre em vasos sanguíneos. 


A fasceíte necrotizante pode se manifestar de dois modos, do ponto de vista microbiológico:

  • Tipo I → POLIMICROBIANA. Participam do processo de infecção bactérias anaeróbicas e aeróbicas. As anaeróbicas (que não realizam a produção de energia através das moléculas de oxigênio) são: Bacteroides e Clostridium; juntamente com anaeróbicos facultativos: Enterobacteriaceae (ex.: E. coli, Klebsiella, Proteus…).

Um exemplo é a Síndrome de Fournier, uma infecção necrotizante das partes moles da região perineal, podendo se estender até o abdome inferior e raiz das coxas.

A Infecção necrosante da cabeça e pescoço é causada por bactérias anaeróbicas que habitam a cavidade oral (por ex.: Fusobacteria). 

  • Tipo II → MONOMICROBIANA. Streptococcus do grupo A (SGA) ou outros estreptococos beta-hemolíticos. O Staphylococcus aureus também pode estar envolvido. Na infecção do tipo II, 50% das infecções não terão uma porta de entrada esclarecida. Tendo isso em vista, muito provavelmente  existe a translocação hematogênica do SGA através da cavidade oral (sendo a principal porta de entrada na AUSÊNCIA de uma lesão de pele).

A proteína M (proteína monoclonal) é uma proteína com potencial virulento que pode ser produzida por algumas bactérias (por exemplo, o SGA). 

A proteína M é altamente anti-fagocítica; além disso, ela se liga ao fator H do soro e destrói a C3 convertase (que participa da cascata do complemento). 

E por que estamos falando da proteína M? Porque ela está fortemente ligada à virulência do SGA. Foi observado que infecções por cepas da proteína M tipo 1 e tipo 3  do SGA estão associadas à Síndrome do Choque Tóxico em METADE dos casos. 

Aliás, tenho certeza que você já ouviu falar dessa síndrome em algum lugar… A Síndrome do Choque Tóxico é aquela que está escrita nas embalagens de absorventes internos! 

Em caso de permanência do absorvente interno por muito tempo (normalmente > 8h) dentro do canal vaginal, esta síndrome poderia ser casada. Entretanto, essa via de afecção é rara (<5%).                         

Curtiu saber mais sobre a fasceíte necrotizante?

Esperamos ter esclarecido as dúvidas em torno da fasceíte necrotizante e qual é o manejo correto dessa condição. Aqui, no nosso blog, disponibilizamos uma série de conteúdos sobre Medicina de Emergência e residência médica para contribuir com sua preparação.

Para quem quer acumular mais conhecimento ainda sobre a área, o PSMedway, nosso curso de Medicina de Emergência, pode ser uma boa opção. Lá, mostramos exatamente como é a atuação médica na Sala de Emergência.

Referências:

  1. Visão Geral das infecções nas mãos – Fasceíte Necrotizante – UpToDate
  2. Infecções necrosantes de tecidos moles – UpToDate 
  3. Diagnosis of monoclonal gammopathy of undetermined significance – UpToDate

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FláviaTroiani

Flávia Troiani

Nascida em Santos em 1995 e formada pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2019. Residência em Clínica Médica pela Secretaria Municipal de Saúde (SUS - SMS) em São Paulo. Seu próximo passo é entrar em Cardiologia, inspirada pela sua mãe, médica da área.