Entenda a hemorragia parenquimatosa

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Quanto mais informação você tiver, mais eficiente será sua forma de abordagem e indicação do tratamento. Então, é muito importante entender bem as doenças e os acidentes que podem acometer o corpo humano, como a hemorragia parenquimatosa

Existe mais de uma forma de manifestar a hemorragia. As possibilidades de consequências também são diversas. Porém, fique calmo e acompanhe este artigo até o final para dominar o caso da hemorragia parenquimatosa e tirar suas dúvidas de uma vez por todas.

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O que é a hemorragia parenquimatosa?

A hemorragia parenquimatosa pode ser entendida como uma hemorragia no cérebro. É considerada a segunda causa mais comum de acidente vascular cerebral. Por isso, é muito importante entender a teoria completamente e saber identificar o diagnóstico na prática. 

Trata-se de um tipo de acidente vascular cerebral hemorrágico, também chamado de AVC hemorrágico ou somente AVCh, em que um vaso ou uma artéria se rompe no cérebro, causando sangramento. 

Em questão de dados, é importante ressaltar que a hemorragia parenquimatosa representa de 10% a 15% de todos os casos clínicos de AVC, daí a necessidade de entendimento completo para impedir que o paciente fique com sequelas ou reduza a gravidade. 

Estruturas do cérebro e os tipos de AVC hemorrágico.
 Estruturas do cérebro e os tipos de AVC hemorrágico. Fonte: msdmanuals.com

Registros de dados de casos clínicos

O AVC que interfere no parênquima cerebral, como já previamente relatado acima, tem uma incidência relevante nos hospitais. Trouxemos em números algumas características mais evidenciadas pela equipe médica. 

  • Em 30 dias, entre 35% e 50% de casos de paciente vieram a óbito;
  • Metade das mortes ocorre nos primeiros 2 dias do evento;
  • Cerca de 50% dos sobreviventes ficam dependentes de outras pessoas para as atividades diárias.

Antes de falarmos sobre os principais fatores de risco da hemorragia parenquimatosa, é sempre importante lembrar que saber desconfiar de um AVC é fundamental, afinal, é uma doença muito comum de surgir no PS. Sabemos que o manejo desses pacientes com AVC não é fácil e, principalmente por ser uma corrida contra o tempo, não diagnosticá-lo pode alterar completamente a vida do doente. No nosso e-book gratuito AVC: do diagnóstico ao tratamento, te ensinamos o manejo do AVC, desde o primeiro contato com o paciente até a alta hospitalar. Informação nunca é demais, então que tal dar uma olhada lá também? Clique AQUI e baixe gratuitamente!

Principais fatores de risco da hemorragia parenquimatosa

Agora, vamos explicar detalhadamente os principais fatores de risco da hemorragia parenquimatosa. O leque é bem mais amplo, porém dominar esses fatores é decisivo nos cuidados com o paciente. Acompanhe a seguir.

Hipertensão arterial sistêmica (HAS)

A pressão arterial elevada é considerada o principal motivo que ocasiona AVC com sangramento no cérebro, estando presente entre 70% e 80% dos pacientes acometidos por um acidente vascular cerebral, aumentando em 9 vezes o risco da hemorragia parenquimatosa. 

Aqui, estamos nos referindo aos casos de pacientes que não têm a pressão arterial controlada, por isso sempre há a recomendação do uso de medicamentos receitados e do acompanhamento médico com cardiologista. Adotando essas medidas preventivas, a chance de um AVC é reduzida para 50%.

Vale enfatizar os casos de aneurismas de Charcot-Bouchard, lesões crônicas nas artérias, desencadeando quadros de hemorragia intraparenquimatosa, a partir de um pico hipertensivo. Aí a necessidade da consciência do paciente do controle da pressão arterial. 

Imagem de um aneurisma de Charcot-Bouchard. (Hemorragia intraparenquimatosa: quais são os fatores de risco?)
Imagem de um aneurisma de Charcot-Bouchard. Fonte: sciencedirect.com 

Angiopatia amiloide cerebral

Na angiopatia amiloide cerebral (AAC), não precisa haver descontrole da pressão arterial. Pelo contrário, ocorre com a HAS na normalidade. Porém, os pacientes mais acometidos são idosos, e existe uma relação com o Alzheimer. Você pode fazer um estudo mais aprofundado para entender a ligação.

O que se pode entender é que existe uma alteração vascular degenerativa, ocasionando produção e depósito de proteína beta-amiloide, assim como leptomeninge. O excesso dessa produção ocasiona a hemorragia cerebral. 

É importante reforçar que a hemorragia parenquimatosa lobar está completamente atrelada à idade, dificilmente ocorrendo em pessoas com menos de 60 anos. Existem casos esporádicos, como pacientes que possuem alguma limitação neurocognitiva, como demência.

 Imagem de uma TC de crânio sem contraste na qual é possível perceber um sangramento ("mancha branca") de localização lobar à direita. Possivelmente se trata de um paciente idoso com angiopatia amiloide cerebral.
Imagem de uma TC de crânio sem contraste na qual é possível perceber um sangramento (“mancha branca”) de localização lobar à direita. Possivelmente se trata de um paciente idoso com angiopatia amiloide cerebral. Fonte: iepmoinhos.com.br

Outros fatores de risco da hemorragia parenquimatosa 

Até agora, você verificou os principais fatores de risco que ocasionam a hemorragia parenquimatosa, porém isso não quer dizer que esses são os únicos agentes ativos do acidente vascular. Como você já sabe, é preciso entender todo o quadro clínico do paciente, o que pode incluir outras patologias e fatores. 

  • Malformação arteriovenosa: principalmente em crianças e adolescentes;
  • Uso excessivo de álcool: aumenta o risco de hemorragia parenquimatosa em 70%.
  • Tabagismo: fumantes têm risco 2,5 vezes maior que não fumantes;
  • Uso de cocaína: principalmente secundário a picos hipertensivos e/ou vasoespasmos;
  • Coagulopatias primárias e secundárias: anticoagulantes orais aumentam o risco de hemorragia parenquimatosa em 8 ou 10 vezes (sendo que os anticoagulantes orais diretos apresentam de 30 a 60% menos risco que varfarina). Drogas antiplaquetárias e trombolíticos também estão associados a maior risco de sangramento intracraniano;
  • Outros fatores de risco: idade > 55 anos, etnia negra, colesterol total < 160 mg/dL e doença do tecido conectivo subjacente. 

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Agora que você já ficou ligado nos principais pontos da hemorragia parenquimatosa, vale a pena se preparar melhor para os casos de emergência nos plantões. Com o PSMedway, você se capacita para todas as emergências médicas. Vem com a gente! 

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BrunoBlaas

Bruno Blaas

Gaúcho, de Pelotas, nascido em 1997 e graduado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Residente de Clínica Médica na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Filho de um médico e de uma professora, compartilha de ambas paixões: ser médico e ensinar.