Formas de identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem

Conteúdo / Medicina de Emergência / Formas de identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem

Antes de aprender a identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem, que tal saber mais detalhes sobre essa doença tão comum no PS? A diverticulite é uma inflamação ou infecção de herniações da mucosa colônica, chamadas de divertículos. Inicialmente, elas não são complicadas e são infrequentes em pacientes com idade abaixo de 40 anos. 

É importante saber que a diverticulite apresenta-se, na maior parte da população ocidental, como uma “apendicite do lado esquerdo”. Porém, já foi até questão de prova que, em populações asiáticas, a apresentação no lado direito é mais comum. 

Hoje, não falaremos sobre o tratamento, nem sobre a dieta adequada para pacientes com essa doença. Vamos nos aprofundar um pouquinho nos achados radiológicos nessa aba do abdome agudo inflamatório, para ajudar você, que trabalha na Emergência, a identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem

Bora ver algumas opções de exames, como TC, ultrassonografia abdominal e ressonância magnética?

Como identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem da TC?

A Tomografia Computadorizada (TC) é um ótimo exame, com boa especificidade e sensibilidade, sendo o recurso mais comum para diagnóstico radiológico de diverticulite.

TC da pelve em paciente com uma diverticulite aguda leve

Acima, vemos uma TC da pelve em paciente com uma diverticulite aguda leve. Na seta contínua, temos um processo inflamatório na gordura pericólica (imagem em borramento). Já na seta pontilhada, podemos ver um espessamento da parede do sigmoide (>4mm), sendo estes os achados encontrados mais rotineiramente em quadros de diverticulite. Além disso, as cabeças de seta apontam para outros divertículos no segmento.

O exame também diagnostica fístulas e abcessos, se liga:

Abcesso comprimindo o sigmoide

Nessa imagem, dá pra observar, na região anterior, um abcesso comprimindo o sigmoide, que já está bem estreito.

É um exame super confiável e ajuda muito a descobrir o local exato do divertículo ou da complicação, mas temos alguns poréns: pacientes instáveis hemodinamicamente não podem fazer uso deste exame e, por conta da exposição à radiação, não podemos recomendar para qualquer pessoa – as grávidas, por exemplo, ficam de fora aqui. 

Quando utilizar a ultrassonografia abdominal?

A ultrassonografia abdominal pode ser utilizada para identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem caso não haja TC disponível ou em pacientes que não são elegíveis ao exame. 

Abscesso visto como massa anecoica contendo debris ecogênicos

Achados sugestivos de diverticulite incluem: imagem peridiverticular hipoecoica, sugerindo reação inflamatória; abscesso mural e peridiverticular com ou sem emissão gasosa; espessamento mural segmentar >4mm, em que o paciente tem dor e divertículos ao redor. Também, podem ser vistas as complicações, como um abscesso visto como massa anecoica contendo debris ecogênicos, demonstrado na imagem acima.

E a ressonância magnética?

A ressonância magnética possui como grande vantagem a ausência de radiação, sendo, portanto, um exame de alta qualidade de imagem que pode ser utilizado em pacientes que não são elegíveis a TC. Os achados são similares aos outros exames: espessamento da parede e sinais de inflamação pericólica.

Apesar dos prós, também há os contras, como a pouca disponibilidade em muitos serviços e alto custo. Para você que trabalha no PS, é bom saber utilizar outros recursos, pois a chance da ressonância magnética ser viável na Emergência é baixa.

A colonoscopia e o raio x podem ser utilizados para identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem?

Vamos lá, a colonoscopia não deve ser feita de rotina em pacientes com diverticulite aguda. É um exame utilizado 4 a 6 semanas depois da intervenção no caso agudo, mas NÃO utilize no paciente que chega com dor e você suspeita de diverticulite! Você pode ocasionar uma iatrogenia nele. 

Já a radiografia apresenta anormalidades inespecíficas em menos de 50% dos pacientes, logo, não vale tanto a pena lançar mão dessa ferramenta diagnóstica.  

Resumo

Por meio do entendimento sobre como identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem, você consegue delimitar o Hinchey do paciente e programar a melhor conduta a ser tomada! Então, estude bem os achados radiográficos. Para te ajudar ainda mais, deixamos aqui uma tabelinha para te auxiliar a associar o achado de cada imagem na diverticulite:

EXAMEINDICAÇÕESACHADOS MAIS FREQUENTES
TCMaior parte dos casosBorramento da gordura pericólica, espessamento da parede do segmento acometido>4mm, divertículos.
USGIndisponibilidade da TC, restrição à radiação.Imagem peridiverticular hipoecoica, abcesso mural ou peridiverticular, espessamento mural, divertículos.
RNM TC indisponível ou inconclusiva, restrição à radiação.Similar aos outros exames – espessamento, sinais de inflamação pericólica, divertículos.

Gostou de saber como identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem?

Agora você não vai ter mais dúvidas sobre como identificar a diverticulite no diagnóstico por imagem. Espero que tenhamos te ajudado!

Se você também quer dicas de como medicar seus pacientes da melhor maneira possível, dá uma olhada no nosso Guia de Prescrições! Ele vai te preparar para encarar qualquer plantão do Brasil!

E para aprender ainda mais sobre a área, confira o PSMedway, nosso curso de Medicina de Emergência que vai te mostrar exatamente como é a atuação médica dentro da Sala de Emergência. Lá, você terá acesso a simulações realísticas, aulas teóricas e conteúdo interativo. Curtiu? Então não perca tempo e se inscreva!

Valeu, pessoal! 

* Colaborou Emilli Lorrayne Bertão Vieira, aluna da faculdade UNISL.

É médico e quer contribuir para o blog da Medway?

Cadastre-se
AnuarSaleh

Anuar Saleh

Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.