Fratura de Chance: biomecânica e achados de imagem

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Também chamada de “fratura do cinto de segurança”, a fratura de Chance leva o nome em homenagem ao radiologista irlandês George Quentin Chance, que a descreveu pela primeira vez em 1948, em um relato de 3 casos de acidente automobilístico relacionado ao cinto de segurança de 2 pontos. 

Ao longo deste artigo, você vai tirar todas as dúvidas sobre a fratura de Chance. Tudo referente à imagem é um obstáculo para muitos médicos. Por isso, vamos apresentar o assunto de forma bem didática para você entender de uma vez por todas. 

A boa saúde e a qualidade de vida do paciente são os principais objetivos todos os dias nos plantões. Aqui vai uma dica para complementar os estudos com boas lições e treinos de leitura de imagem. Agora, entenda mais sobre a fratura de Chance!

Fratura de Chance: biomecânica e estabilidade da coluna vertebral

Antes de explicarmos sobre o funcionamento da fratura de Chance, vamos resgatar alguns conceitos importantes. As primeiras coisas são as três regiões biomecânicas na coluna toracolombar. 

  • a torácica superior (T1 a T8) é rígida, em decorrência das costelas que compõem a caixa torácica e proporcionam estabilidade.
  • a zona de transição (T9 a L2) é mais suscetível a lesões, visto que é o ponto de maior mobilidade. É aqui que ocorrem as fraturas de Chance.
  • a inferior (L3 ao sacro) é flexível, porém mais suscetível a lesões por carga axial, tendo em vista que sustenta o peso das três colunas.

A estabilidade da coluna depende da integridade das três colunas, que envolvem estruturas ósseas e ligamentares, seguindo exatamente o modelo das três colunas de Denis. Na lesão na coluna lombar, exclusivamente, a estabilidade depende da integridade de pelo menos duas colunas. Confira elas a seguir:

  • coluna anterior;
  • coluna intermediária/média;
  • coluna posterior. 

O que é a fratura de Chance?

Agora que você conhece os conceitos básicos, vamos explicar sobre a fratura na coluna. A fratura de Chance é classificada como flexão-distração, instável (ou seja, envolve as três colunas de Denis), horizontal, altamente associada a lesão de órgãos abdominais.

De antemão, você sabe que, nesse caso, a coluna fraturada está totalmente associada à hiperflexão da coluna, como as ocorridas em acidentes de carro.

Entenda a fisiopatologia envolvida

O mecanismo da fratura de Chance está relacionado à hiperflexão do tronco, com região subabdominal “presa”, situação que ocorre no acidente automobilístico com uso de cinto de dois pontos.

Explicando como acontece: sem a alça para o ombro, o corpo dobra sobre o abdômen, o que leva à lesão de compressão das colunas anterior e média, além de distração da coluna posterior.

Ou seja, a coluna tem um limite de resistência para as forças aplicadas que atinge as vértebras, os ligamentos, as articulações e todos os elementos que a compõem. Quando essa força aplicada ultrapassa o limite biomecânico da coluna, ocasiona a lesão. 

Analisando a imagem no caso de lesão na coluna

A característica de imagem mais marcante da fratura de Chance é a morfologia horizontal, estendendo-se pelas estruturas ósseas e pelos ligamentares das três colunas de Denis.

É válido reforçar o estudo teórico e a análise da maior quantidade de estudos de casos clínicos que você puder, como casos de fratura l1 e l2. Assim, você vai aprimorando suas percepções e fica bem mais preparado para as urgências que aparecerem no plantão. 

Qual é o tratamento adequado para tratar a fratura?

Ficou com dúvida sobre como seria o tratamento para esses casos? Isso é mais frequente do que você imagina. Vamos lá!

Primeiro, não tem como dizer qual é o tratamento certo a oferecer porque cada caso tem particularidades. É preciso analisar todo o histórico da lesão e do paciente, além de saber identificar corretamente a fratura. A partir do conhecimento desses três pilares, você saber qual é o melhor caminho a seguir.

Anota essas dicas

  • Sempre fique atento à história do trauma. É comum haver uma “pista” no enunciado da questão;
  • Fraturas de Chance são de alto risco para lesões em órgãos abdominais, informação que pode te ajudar;
  • Atente-se à morfologia da fratura.

E aí, curtiu saber sobre a fratura de Chance?

Agora que você entendeu toda a parte biomecânica e o conceito da fratura de Chance, ficou bem mais fácil identificar e lidar com essa emergência médica no plantão, não é mesmo? 

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Bárbara Trapp