Galera, tudo bom? Quem nunca se tremeu ao ouvir sobre distúrbios ácido-básicos? Veremos hoje, no nosso texto, a Acidose Respiratória. aproveitamos esse gancho da COVID-19 (que fez bombar esse assunto), entenderemos um pouco melhor esse distúrbio e veremos que não tem segredo nenhum. Bora lá?
Não custa lembrar que esse distúrbio é diagnosticado através da gasometria. Começaremos com uma tabelinha com os parâmetros e seus respectivos valores de referência de uma gasometria arterial (Tabela 1).
Parâmetros | Valores de referência |
pH | 7,35 a 7,45 |
pO2 (mmHg) | 80 a 100 |
pCO2 (mmHg) | 35 a 45 |
HCO3-bicarbonato (mEq/L) | 22 a 26 |
BE-excesso de bases (mEq/L) | -2,5 a +2,5 |
Saturação de O2 | >92% |
A acidose respiratória é resultante de uma ventilação reduzida dos alvéolos pulmonares (se liga na fisiologia):
Em suma, a acidose respiratória é caracterizada por uma diminuição do pH secundária ao acúmulo de CO2. O Dióxido de carbono pode se acumular rápida ou lentamente e assim podemos classificá-la em aguda e crônica, confira (Tabela 2):
Acidose respiratória aguda | Acidose respiratória crônica |
pCO2 aumentado + acidemia (pH menor que 7,35) Aqui vamos pensar na retenção RÁPIDA de CO2 ou seja: casos de insuficiência respiratória aguda. Por exemplo: Masculino, 67 anos, apresenta há 5 dias tosse, fadiga e dispneia, piora importante nas últimas 24 horas. Da entrada no pronto socorro desorientado, sonolento, saturando 86% em ar ambiente, na coleta da gasometria apresenta um pH 7,30 pCO2 49 pO2 58 Sat 87% HCO3 24. Esse paciente apresentou um quadro de hipoventilação alveolar, resultando em hipercapnia (veja como o valor de pCO2 está acima da referência, e, consequentemente o pH abaixo do fisiológico). | pCO2 aumentado + pH normal + Bicarbonato sérico elevadoNesse caso o paciente apresenta uma retenção LENTA de CO2. Você pode estar se perguntando: “mas ué, cadê a acidose?” Como o acúmulo de CO2 foi lento, o organismo lança mão de uma ferramenta fisiológica de compensação: a retenção renal de bicarbonato. Essa compensação precisa de algumas semanas para ocorrer, e consegue corrigir o pH. O quadro clássico seria um paciente com diagnóstico de DPOC ou um paciente obeso mórbido (síndrome de Pickwick). |
Bom, até agora já vimos que a acidose pode ser classificada quanto a sua velocidade de instalação em AGUDA ou CRÔNICA. Ufa, respire fundo, continuaremos! Mas antes, queremos dar uma dica para você: o nosso Curso de Gasometria está com inscrições abertas! Esse curso foi pensado para te preparar para a interpretação descomplicada de qualquer gasometria, e abrange desde os temas básicos até os mais complexos! Com ele, você terá aulas específicas para discussão de casos clínicos, questões para treinamento e aulas completas! Clique aqui para se inscrever e torne-se um especialista!
Agora, vamos falar dos mecanismos que podem levar a acidose, ou seja, suas diferentes etiologias. Confira na Tabela 3: você deve estar pensando “Caramba, são muitos! Como vou decorar tudo isso?!”
Sem pânico, tá ok? Resumimos da seguinte forma: a acidose respiratória basicamente se deve a fatores que
Agora que você já entendeu os mecanismos, é um alívio saber que não precisa decorar as etiologias, não é mesmo?
Tabela 3: Etiologias da acidose respiratória
Alterações na musculatura respiratória é parede torácica | Aguda: crise miastênica, paralisia periódica, aminoácido, síndrome de Guillain-Barré, hipocalemia ou hipofosfatemia graves.Crônica: fraqueza muscular: poliomielite, esclerose lateral amiotrófica, mixedema; cifoescoliose; obesidade mórbida. |
Inibição do centro respiratório | Aguda: drogas: opióides, anestésicos e sedativos; oxigênio em pacientes com hipercapnia crônica; parada cardíaca; apnéia obstrutiva do sono.Crônica: obesidade mórbida (síndrome de Pickwick); lesões do SNC; alcalose metabólica. |
Obstrução de vias aéreas superiores | Aguda: aspiração de corpo estranho; broncoaspiração; apneia obstrutiva do sono; epiglotite; bócio obstrutivo; doenças laríngeas e traqueais graves ( estenose / tumores / angioedema / traqueomalácia ) |
Distúrbios das trocas gasosas nos capilares pulmonares | Aguda:DPOC exacerbado;síndrome respiratória aguda grave; edema agudo pulmonar cardiogênico; asma grave, pneumonia; pneumotórax e hemotórax.Crônica: doença pulmonar obstrutiva: enfisema, bronquite; obesidade mórbida. |
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Primeiramente devemos identificar a etiologia da acidose respiratória, para então elaborar um tratamento. Uma vez que o diagnóstico está estabelecido e a etiologia identificada e tratamento deve ser realizado em um ambiente monitorizado.
Promete que a partir de agora você vai ver gasometria com outros olhos? Nem foi tão difícil assim. Os pontos chaves são: Acidose respiratória é acidemia + aumento de pCO2, relacionada a diminuição na frequência e/ou volume respiratório (hipoventilação), saber diagnosticar a causa ajuda na decisão para o tratamento, como fornecer ventilação adequada seja com IOT ou VNI, se necessário.
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Bons estudos e até a próxima!
Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar. Siga no Instagram: @joaovitorsfernando