Pessoal, vocês já ouviram falar das glândulas de Bartholin? As glândulas de Bartholin encontram-se na vulva, bilateralmente, em sua porção inferior. Elas produzem muco para lubrificar a vagina, principalmente durante a relação sexual.
Normalmente elas são pequenas e imperceptíveis visualmente e no toque vaginal. No entanto, existem algumas condições em que elas podem aumentar de volume. As duas principais condições que acometem as glândulas de Bartholin são a formação de cistos e abscessos, decorrentes da obstrução dos ductos das glândulas. Então vamos abordar os principais aspectos dessas pequenas e importantes glândulas femininas.
Gente, as glândulas de Bartholin, também conhecidas como glândulas vestibulares maiores, são glândulas ovais que encontram-se bilateralmente, simetricamente e internamente aos pequenos lábios da vulva, na porção distal da vagina. Em condições fisiológicas elas não são visíveis e palpáveis, pois são pequenas e internas.
Elas possuem ductos de transporte do conteúdo mucoso que elas produzem que têm aproximadamente 2 cm de comprimento. Esses ductos possuem orifícios de saída com cerca de meio centímetro de diâmetro, que localizam-se posteriormente ao intróito vaginal, às 4 e 8 horas na porção distal da vagina.
As glândulas de Bartholin são produtoras de muco e, quando há estímulo sexual, elas liberam o muco para lubrificar a vulva e a vagina. A principal função da glândula de Bartholin é garantir a lubrificação da vulva e da vagina.
Galera, as duas principais complicações que podem acometer as glândulas de Bartholin são a formação de cistos e abscessos. Esses fenômenos são decorrentes da obstrução do ducto que liga a glândula na vagina, impedindo a saída do muco e gerando acúmulo de conteúdo mucoide na glândula.
Existem algumas condições que podem obstruir o orifício vaginal da glândula de Bartholin, propiciando a formação de uma lesão cística que pode infectar e culminar em um abscesso. Entre elas, temos: infecção prévia, trauma, estreitamento congênito do ducto de Bartholin e muco espesso.
Os cistos e abscessos da glândula de Bartholin acometem principalmente pacientes em idade reprodutiva, alguns estudos estimam que a maior incidência ocorre até a quarta década de vida, decaindo a partir dos quarenta anos. Se uma paciente na menopausa apresentar um cisto da glândula de Bartholin, é interessante realizar biópsia para excluir patologias malignas da vulva, pois ele não é comum nessa faixa etária.
O diagnóstico dessas condições é clínico, baseado na anamnese e exame físico. Nos cistos de Bartholin a paciente se queixa de tumoração na vulva e pode ter desconforto associado. Já os abscessos são bem sintomáticos e a paciente se queixa de tumoração na vulva, dor intensa, edema local e pode haver saída de secreção purulenta pela vagina.
Gente, ele é a lesão cística mais comum da vulva. O cisto de Bartholin corresponde a uma tumoração vulvar que se forma na glândula devido a obstrução do ducto, sendo que a produção de muco continua, portanto a glândula aumenta de tamanho, uma vez que o muco não consegue ser drenado e se acumula na própria glândula.
Essa condição é muito comum e pode acometer até 2% das pacientes na mencame. É uma lesão benigna, porém pode causar impacto na vida das pacientes, pois pode ser desconfortável e recorrente.
Inicialmente o cisto possui volume pequeno e as pacientes são assintomáticas. Com o passar do tempo o cisto pode crescer e quando ele atinge diâmetro de pelo menos um centímetro ele pode ser perceptível. Nesses casos, as pacientes notam uma pequena nodulação vulvar que, na maioria das vezes, é indolor.
Se os cistos das glândulas de Bartholin continuarem a crescer eles podem causar desconforto e dor local, que podem piorar na relação sexual, quando a paciente deambula ou senta. A dor local é o sintoma mais associado aos cistos.
Galera, se o cisto não gerar sintomas na paciente ele não deve ser tratado, pois na maioria das vezes ele regride espontaneamente. No entanto, se o cisto for volumoso ou estiver causando desconforto na paciente ele deve ser tratado.
O tratamento depende das características do cisto, da sintomatologia da paciente e do volume do cisto, podendo conservar a glândula ou basear-se na remoção cirúrgica da mesma.
O tratamento padrão-ouro para o cisto da glândula de Bartholin é a exérese cirúrgica da glândula, porém a Bartholinectomia possui complicações cirúrgicas e reduz a lubrificação vaginal fisiológica, portanto ela é indicada quando outras opções conservadoras não foram efetivas no tratamento ou em casos de recidivas.
Atualmente existem opções terapêuticas pouco invasivas que são interessantes, vamos entender um pouco de cada uma delas:
Gente, o abscesso da glândula de Bartholin, ou bartholinite, é a complicação infecciosa do cisto de Bartholin. Ele ocorre quando o muco de dentro do cisto se contamina com bactérias da flora vaginal ou outras bactérias patogênicas. Os principais agentes etiológicos são as bactérias da microbiota vaginal, Escherichia coli e Staphylococcus aureus, no entanto, alguns estudos revelam também a possibilidade de contaminação por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis.
A bartholinite gera sintomas inflamatórios intensos como dor local, edema, hiperemia e aumento da temperatura da região. A paciente pode ter febre, porém isso não é comum e acontece na minoria dos casos. Pode ser que ocorra drenagem espontânea do abscesso e que a paciente se queixe de saída de líquido amarelo com aspecto de pus pela vagina. Após a drenagem a paciente conta que os sintomas melhoraram exponencialmente.
O tratamento do abscesso da glândula de Bartholin varia de acordo com o tamanho e sintomatologia da paciente, mas basicamente consiste no uso de antibióticos de amplo espectro e drenagem se o abscesso for volumoso e houver ponto de flutuação.
Se o volume do abscesso for pequeno e a paciente sentir pouca dor podemos prescrever antibiótico e banho de assento frequente para estimular a drenagem espontânea do abscesso e alívio sintomático.
Se o abcesso for maior devemos realizar drenagem que pode ser ambulatorial ou cirúrgica, feita com uma incisão no ponto de flutuação da lesão sob anestesia local. Após a drenagem, pode ser optado por colocar um cateter dentro do cisto para evitar que haja acúmulo de conteúdo purulento e posteriormente esses cateter é removido.
A grande maioria dos autores recomenda que o esquema antibiótico deve cobrir Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, pois elas podem estar presentes nos quadros de bartholinite. Portanto, um esquema muito utilizado consiste em Ceftriaxone 2 gramas endovenoso em dose única ou 500 miligramas intramuscular em dose única, juntamente com Doxiciclina 100 miligramas de 12 em 12 horas, via oral, por 14 dias e Metronidazol 500 ou 400 miligramas de 12 em 12 horas, via oral, por 14 dias.
Pessoal, as glândulas de Bartholin são importantes para a lubrificação da vagina e da vulva, pois produzem muco, principalmente com estímulo sexual. Normalmente elas não são perceptíveis, entretanto, se o seu ducto de drenagem obstruir elas podem aumentar de tamanho e podemos ter um cisto ou pseudocisto de Bartholin ou abscesso, se esse cisto infeccionar.
O cisto de Bartholin só deve ser tratado se ele for volumoso ou se a paciente tiver desconforto. Existem várias opções terapêuticas conservadoras, porém o tratamento padrão-ouro é a remoção cirúrgica da glândula, que só deve ser feito se outros tratamentos não forem suficientes ou em casos de recidiva.
O abscesso de Bartholin ocorre quando o conteúdo do cisto de Bartholin se contamina com bactérias e seu tratamento é realizado primordialmente com drenagem e uso de antibióticos. Lembrando novamente da máxima da cirurgia geral que abscesso é igual a drenagem (isso nem sempre é válido, porém na maioria das vezes sim)!
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Paulista, nascida em Ribeirão Preto em 1994. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em 2019. Residência em Ginecologia e Obstetrícia na EPM-UNIFESP. "Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo." - Paulo Freire.