Glaucoma congênito: conheça o glaucoma que afeta crianças

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Você sabe o que é glaucoma congênito? A doença é relativamente rara, mas ao atuar na área de Oftalmologia, você vai ter contato com ela mais cedo ou mais tarde, já que o diagnóstico precoce é decisivo para o sucesso do tratamento.

Como o problema acomete crianças, também é importante que pediatras e clínicos saibam mais sobre o assunto. Assim, podem encaminhar os pacientes para um especialista adequado logo que identificarem os sintomas.

Antes de partirmos direto para esse quadro específico, porém, vamos relembrar o que é glaucoma. Afinal, esse grupo de doenças também envolve o glaucoma congênito, e há várias características em comum.

O que é glaucoma?

O termo “glaucoma” serve para definir toda uma gama de doenças que afetam a visão. Por isso, há muitos oftalmologistas que passam a vida estudando o tema e atendendo somente esses casos, tornando-se especialistas glaumatólogos.

Essas doenças são agrupadas por algumas características em comum, como neuropatia óptica progressiva, com alterações do nervo óptico e da camada de fibras nervosas da retina. De forma bem resumida, ocorre a morte de células que formam as fibras nervosas constituintes do nervo óptico.

A pressão intraocular elevada é um dos principais fatores de progressão do problema, que, ao longo do tempo, pode causar perda de campo visual. Em casos mais graves ou não tratados adequadamente, o glaucoma pode culminar em cegueira.

O que é glaucoma congênito?

Agora que relembramos as características do agrupamento, vamos definir o que é glaucoma congênito. Trata-se de uma doença rara (incidência de 1: 10.000), também chamada de glaucoma primário infantil, que afeta principalmente bebês e crianças de até 3 anos.

O problema se caracteriza por anormalidades na drenagem de líquidos da região ocular, o humor aquoso. O acúmulo desses líquidos leva ao aumento da pressão nos olhos, o que lesiona as células do nervo óptico e pode causar a perda de visão.

O glaucoma congênito é mais comum em meninos, geralmente, bilateral, mas normalmente assimétrico. Existem três tipos: glaucoma congênito verdadeiro (40%, desenvolve-se ainda intraútero), glaucoma infantil (55%, antes dos 3 anos de idade), e glaucoma juvenil (menos comum, dos 3 aos 16 anos).

Como identificar a doença

Para fazer o encaminhamento adequado, é importante saber quais são os sintomas de glaucoma congênito. Os olhos grandes, causados pelo inchaço da córnea e pelo aumento da pressão, estão entre os sinais mais visíveis. Como há esticamento da esclera (parte branca do olho), o tom fica mais azulado.

Entre outros sintomas comuns, estão: lacrimejamento excessivo, visão turva, fotofobia e blefarospasmo (contração involuntária das pálpebras), inchaço ou vermelhidão na região dos olhos. Se a criança já consegue se comunicar, também pode apresentar queixas de dor nos olhos.

Outros sintomas, como opacificação da córnea e elevação da pressão ocular, devem ser observados pelo especialista, pois, em alguns casos, é necessário o procedimento com aplicação de anestesia geral para avaliar melhor as estruturas envolvidas.

Teste do olhinho

Um exame importante para o glaucoma congênito ser rapidamente identificado em recém-nascidos é o teste do olhinho. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) defende que esse teste seja feito ainda na maternidade, logo após o nascimento do bebê ou na primeira consulta com o pediatra.

O procedimento pode identificar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual e é feito de forma simples, rápida e indolor. O médico ilumina o olho do bebê com um feixe de luz. Dependendo de como estiver o reflexo, dá para perceber possíveis anormalidades e encaminhar o caso a um especialista.

Tratamento do glaucoma congênito

Por se tratar de uma doença crônica, o glaucoma congênito não tem cura. No entanto, o tratamento adequado pode controlar o problema, garantir uma melhor qualidade de vida à criança e prevenir a perda de visão. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental.

A primeira fase do tratamento envolve terapia medicamentosa. O oftalmologista indica o uso de um colírio próprio para casos de glaucoma, que diminui a pressão dos olhos e, consequentemente, ameniza alguns dos sintomas, gerando um alívio temporário ao paciente.

No entanto, boa parte dos casos exige procedimentos mais invasivos, como colocação de próteses de drenagem para os líquidos intraoculares e cirurgias, como goniotomia e trabeculotomia, também indicadas para outros casos de glaucoma.

Cirurgias para glaucoma congênito

O manejo cirúrgico para o tratamento de glaucoma congênito tem altas taxas de sucesso, de 80 a 90%. No entanto, embora a cirurgia possa prevenir a perda de visão adicional, dificilmente reverte danos prévios, o que reforça a importância do diagnóstico precoce com tratamento imediato.

A goniotomia é uma das técnicas mais utilizadas em crianças pequenas, pois usa uma lente para visualizar as estruturas internas do olho. Por meio de uma incisão (goniotomia), abre-se a rede trabecular do ângulo da câmara anterior, facilitando o escoamento do humor aquoso.  

Já a trabeculotomia produz cirurgicamente uma válvula para o escoamento desses líquidos. Pode ser feita com diferentes técnicas, como a laser e a laser seletiva, dependendo da indicação para cada caso.                                                                           

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RafaelErthal Robbs

Rafael Erthal Robbs

Nascido e criado em Niterói, médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Residência em Oftalmologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).