E aí, pessoal! Como vão? Este artigo é pra quem sempre fica preocupado quando o assunto é oftalmologia, mais precisamente em relação ao glaucoma. Mas vocês podem ficar tranquilos, porque depois desta leitura, tudo sobre os tipos de glaucoma ficará esclarecido, de modo a construir uma melhor base para entender essa área tão particular da medicina.
Antes de tudo, veremos as estruturas envolvidas na sua gênese. Lembrando que seu desfecho envolve, principalmente:
O olho é dividido em 2 compartimentos pelo cristalino:
É justamente por uma alteração no compartimento anterior que se desenvolve o glaucoma. O desbalanço entre formação e reabsorção de humor aquoso eleva a PIO. Ele é produzido pelo corpo ciliar e sua drenagem ocorre pelo corpo ciliar na via uveoscleral e, sobretudo, via malha trabecular e canal de Schlemm. Essa via se localiza na junção entre a íris e a córnea, formando o ângulo iridocorneano.
O valor normal da PIO é de 15 mmHg (variando entre 12-20 mmHg). Podemos avaliá-la pelo tonômetro no exame oftalmológico. O problema é que nem toda tonometria reflete a PIO real (ex.: a córnea pode estar mais fina do que a média, levando a uma medição maior, ou mais espessa, levando a uma medição mais baixa). Assim, nem todo caso se manifesta com PIO elevada.
A elevação da PIO, tanto por compressão axonal direta quanto por diminuição do fluxo sanguíneo, culmina na nutrição inadequada das fibras do nervo óptico e morte celular. Como os primeiros axônios a serem danificados são os que entram pelas artérias temporais inferior e superior do disco, tipicamente as manifestações iniciais são escotomas arqueados à campimetria.
A contínua destruição de fibras leva à retração do disco óptico e desenvolvimento da “escavação” patológica.
Assim, tendo essa base anatômica e fisiológica padrão Medway, conseguimos iniciar a construção desse raciocínio.
Podemos definir o glaucoma como uma neuropatia óptica multifatorial, secundária a alterações no nervo óptico e na camada de fibras nervosas da retina. Não muito diferente das demais doenças oculares, se manifesta com perda de campo visual (porém, é uma perda característica).
Damos uma importância maior a esse acometimento ocular pois é a principal causa de cegueira no mundo em pessoas acima dos 60 anos e também de cegueira irreversível.
Os principais fatores de risco são:
Temos como outros fatores de risco:
Uma vez compreendidas anatomia e fisiologia de drenagem ocular, fica mais fácil entender a classificação.
Temos 2 tipos de glaucoma: de ângulo aberto e de ângulo fechado.
Podemos classificá-lo também em: primário (causa desconhecida) ou secundário (doença conhecida).
Os pacientes, normalmente, são assintomáticos no início. Ou seja, quando há manifestação, pode já ser um acometimento tardio. Apenas o glaucoma agudo de ângulo fechado apresenta episódios de manifestação precoce, em crises, e pode ser diagnosticado por tonometria ou gonioscopia na crise aguda.
Assim, é fundamental o rastreio, sobretudo em pacientes com disco óptico anormal à oftalmoscopia, PIO elevada, perda típica de campo visual e histórico familiar.
A triagem pode ser realizada inclusive na atenção primária com perimetria de tecnologia de frequência dupla (FDT) e avaliação oftalmoscópica do nervo óptico.
Na investigação, os exames utilizados são:
Depois de toda essa investigação, fechamos o diagnóstico com a observação do aumento progressivo da escavação e a detecção de escotoma arqueado ou de degrau nasal na campimetria computadorizada. A OCT revela perda correspondente de fibras ao longo das vias arqueadas na camada de fibras nervosas.
E, finalmente, concluímos nossa condução do glaucoma, com excelência, com o tratamento. Esse pode ser clínico ou cirúrgico.
Inicialmente, optamos pelo tratamento clínico com a tentativa de redução da PIO com colírios (betabloqueadores, inibidores da anidrase carbônica, agonistas adrenérgicos, agentes colinérgicos, análogos de prostaglandinas). Obs.: acetazolamida é via oral.
Se ineficaz, recorremos ao laser (trabeculoplastia) ou cirurgia incisional (trabeculectomia ou dispositivos de drenagem).
Podemos também realizar o tratamento clínico profilático, indicado em pacientes com PIO > 30 mmHg, mesmo se campo visual normal e disco óptico parecer saudável.
Agora, um resumo para não deixarmos o mais importante passar batido.
O glaucoma é uma neuropatia óptica por acometimento do nervo óptico e camada de fibras nervosas da retina. Além disso, sua classificação é dada em ângulo aberto e ângulo fechado. Apresenta uma manifestação característica de perda do campo visual (escotoma arqueado). Por fim, o glaucoma pode ser diagnosticado pelo aumento progressivo da escavação do nervo óptico (campimetria computadorizada) e pela perda de fibras nervosas (na OCT). Podemos tratar clinicamente (colírios) ou cirurgicamente (trabeculoplastia e trabeculectomia)
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Colaborou para a produção deste artigo: Pedro Paulo Clark de Oliveira
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.