Fala, galera, beleza? Sei que você pode ter muitas dúvidas sobre distúrbios hidroeletrolíticos, inclusive sobre a hipocalemia. Quando estamos de plantão, pedimos exames laboratoriais e, dentre eles, os eletrólitos de sempre. Mas essa não é a parte difícil.
As maiores questões são: o que significa cada resultado? Como tratar os distúrbios hidroeletrolíticos, caso apresentem alguma alteração? O que pode acarretar para o paciente caso apresente algum distúrbio? Não se preocupe, aqui no blog vamos discutir todos os distúrbios hidroeletrolíticos e terminar a leitura prontos para atender em qualquer PS.
Bom, o queridinho de hoje vai ser o Potássio, vamos falar de hipocalemia. Deixa a preguiça de lado e bora lá!
O potássio é um íon de predomínio intracelular, sendo as células musculares esqueléticas o principal reservatório. E você sabe quem controla o potássio dentro do nosso corpo? Pois bem, são alguns dos nossos hormônios. A (1)Aldosterona aumenta a excreção renal de potássio, no néfron distal, já a (2)Insulina e a (3)Adrenalina estimulam a entrada do potássio na célula. A alta concentração de potássio gera a hipercalemia e falta dele resulta na hipocalemia, assunto do post de hoje.
A hipocalemia, ou hipopotassemia, é definida pela concentração sérica de potássio menor que 3,5 mEq/L. Que é dividida em (1)leve, (2)moderada e (3)grave
***OBS: As manifestações clínicas geralmente aparecem quando o potássio está menor que 2,5 mEq/L.
No nosso e-book Desmistificando a gasometria: distúrbios hidroeletrolíticos falamos mais sobre esse e outros distúrbios hidroeletrolíticos, incluindo como identificá-los, suas etiologias e como manejá-los no dia a dia então, antes de seguirmos falando sobre as causas da hipocalemia, já faz download e fica com ele salvo para poder expandir seus conhecimentos depois, que tal?
Basicamente, existem dois mecanismos principais e um muito raro:
Fizemos uma tabela para te ajudar a entender as drogas associadas à hipocalemia. Dá uma olhada!
Drogas associadas a shift intracelular de potássio | Drogas que aumentam a excreção renal | Drogas que aumentam a perda de potássio nas fezes |
InsulinaTeofilinaCafeínaVarepamilCloroquinaAgonistas beta-2-adrenérgicos: epinefrina / broncodilatadores ( salbutamol, fenoterol, terbutalina ) | Diuréticos de alça ( furosemia )Tiazídicos ( hidroclorotiazida / clortalidona )Penicilina G / Ampicilina ( ambas em altas doses )Acetazolimida | Fosfato de sódio oralPoliestirenossulfonato de cálcio |
É importante saber, também, que as perdas gastrointestinais envolvem vômitos, drenagem gástrica, diarréias prolongadas, preparo para colonoscopia e pseudo-obstrução colônica. Já as perdas urinárias resultantes da hipocalemia envolvem diuréticos, aumento da atividade mineralocorticóide, hipomagnesemia e tubulopatias genéticas.
Antes de darmos detalhes sobre as manifestações clínicas da hipocalcemia, queremos dar uma dica para você: o nosso Curso de Gasometria está com inscrições abertas! Esse curso foi pensado para te preparar para a interpretação descomplicada de qualquer gasometria, e abrange desde os temas básicos até os mais complexos! Com ele, você terá aulas específicas para discussão de casos clínicos, questões para treinamento e aulas completas! Clique aqui para se inscrever e torne-se um especialista!
Voltando ao nosso tema, a hipocalemia altera as propriedades eletrofisiológicas da membrana plasmática das células musculares, basicamente, isso significa que as manifestações são neuromusculares e cardíacas. A gravidade da hipocalemia depende tanto do valor sérico do potássio, como da velocidade que ele reduz. Com isso, vemos que hipocalemias leves, são frequentemente assintomáticas.
Vale lembrar que uma anamnese e um exame físico bem feito fazem toda a diferença, não é mesmo? Portanto, não podemos esquecer de perguntar ao paciente as medicações de uso contínuo, uma vez que as drogas têm relação com a hipocalemia e também com a história patológica e sintomas associados.
Antes de continuarmos, uma dica: nosso Manual para correção dos principais distúrbios eletrolíticos em pacientes internados. Este guia apresenta a forma certa de repor os eletrólitos ou corrigir distúrbios no paciente internado, facilitando a realização dos cálculos! Baixe gratuitamente para ter este guia completo na palma da sua mão e agilizar o seu trabalho!
Voltando ao nosso tema, para todo paciente que apresente hipocalemia moderada ou grave, é recomendado a realização de um eletrocardiograma na avaliação inicial. Então, se você está com um paciente no PS que apresenta as manifestações clínicas citadas acima ou apresenta uma hipocalemia, não deixe passar batido a solicitação do ECG, pois esse paciente tem grande risco de apresentar uma arritmia cardíaca.
As alterações eletrocardiográficas na hipocalemia variam conforme a queda do potássio sérico, veja as figuras abaixo.
K = 2,8 mEq/L
K = 2,5 mEq/L
K = 2,0 mEq/L
K = 1,7 mEq/L
O tratamento da hipocalemia se baseia principalmente na reposição do potássio, visando prevenir ou tratar os sintomas e evitar suas complicações graves.
Pode ser realizada apenas reposição via oral se esta for viável, se não houver alterações em ECG. Deve ser administrado o xarope de Cloreto de Potássio (KCL) 6% – 10 a 20 ml após refeições, 3 a 4 vezes por dia VO (15 mL = 12 mEq) ou em cápsula de Cloreto de Potássio (KCL) 600mg/cápsula = 8 mEq/cápsula.
É recomendado prescrever de 10 a 20 mEq de 2-4x/dia, não podendo ultrapassar de 200 mEq/dia.
Reposição endovenosa, de preferência diluído em solução fisiológica 0,9%, concomitante a via oral, se possível.
O KCl 19,1% 1 ml = 2,5 mEq, sendo 10 ml = 25 mEq.
A concentração máxima em veia periférica é de 50 mEq/L, com velocidade de reposição ideal de 5 a 10 mEq/h e concentração máxima em veia central de 100 mEq/L, com velocidade de reposição ideal de 20-30 mEq/h (com monitorização eletrocardiográfica).
*** ALGO A MAIS: É sabido que muitas vezes a hipocalemia vem acompanhada de hipomagnesemia, portanto, a reposição isolada de potássio se apresenta refratária. Já existem estudos que mostram que a reposição de magnésio concomitante ao potássio traz benefícios.
Podemos fazer 1 ampola de Sulfato de MG 20% diluída em 100ml de SF 0,9% em uma hora.
Bom, pessoal, espero que tenham gostado do artigo de hoje! Vamos seguir aqui no blog com outros distúrbios hidroeletrolíticos e, se você ainda não domina o plantão de pronto-socorro 100%, fica aqui uma sugestão: temos um material que pode te ajudar com isso, que é o nosso Guia de Prescrições. Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil.
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Bons estudos e até a próxima!
Nascida em Catanduva, interior de São Paulo. Médica pela faculdade do Oeste Paulista, louca e apaixonada pela Medicina de Emergência e Medicina Humanitária. Residência em Medicina de Emergência no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pós-graduação em Medicina Aeroespacial.