Imposto de renda para médicos: tudo o que você precisa saber​

Conteúdo / Residência Médica / Imposto de renda para médicos: tudo o que você precisa saber​

O Imposto de Renda é uma obrigação anual para milhões de brasileiros, mas quando falamos de imposto de renda para médicos, o processo pode ser ainda mais complexo.

Afinal, essa é uma categoria profissional que pode atuar de diversas formas — seja como pessoa física, pessoa jurídica ou até em diferentes regimes de contratação.

Se você é médico e tem dúvidas sobre como declarar corretamente seus rendimentos, este guia vai te ajudar a entender tudo o que você precisa saber. Continue a leitura e atualize-se!

Como funciona o Imposto de Renda para médicos?

Os médicos apresentam uma particularidade quando o assunto é Imposto de Renda: podem receber rendimentos de diferentes fontes.

Assim, eles podem ser empregados em hospitais, clínicas e postos de saúde, atuar como autônomos, ter um consultório próprio ou até uma empresa médica. A tributação varia conforme o modelo de trabalho:

  • médico CLT: o imposto é retido na fonte pela instituição empregadora;
  • médico autônomo: precisa preencher o Carnê-Leão e pagar mensalmente o imposto sobre os rendimentos;
  • médico com CNPJ: pode optar pelo Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real, dependendo do faturamento e do planejamento tributário.

Quais médicos precisam declarar Imposto de Renda?

A maioria dos médicos se enquadra nos critérios da Receita Federal. Para 2025, deve declarar quem se encaixar em pelo menos uma das seguintes condições:

  • recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888,00 em 2024 (salários, consultas particulares, plantões, entre outros); antes, esse valor era de R$ 30.639,90;
  • obteve rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte acima de R$ 200.000,00, como distribuição de lucros ou rendimentos de aplicações financeiras;
  • realizou operações na bolsa de valores acima de R$ 40.000,00 ou obteve lucro tributável;
  • possui bens ou direitos acima de R$ 800.000,00, incluindo imóveis, veículos ou investimentos;
  • teve receita bruta anual superior a R$ 169.440,00 em atividades rurais (antes, o limite era de R$ 153.999,50);
  • passou a residir no Brasil em qualquer mês do ano anterior;
  • médicos que trabalham com carteira assinada normalmente já têm o imposto retido na fonte, mas ainda assim devem declarar caso os rendimentos ultrapassem o limite estabelecido;
  • já os que atuam como autônomos precisam se atentar ao Carnê-Leão, que exige pagamentos mensais para evitar acúmulo de impostos no final do ano.

Mais um ponto importante é para médicos que têm CNPJ. Dependendo do regime tributário escolhido, pode haver isenções e deduções diferenciadas, tornando necessário o acompanhamento de um contador especializado.

Quais informações devem constar no Imposto de Renda?

Para garantir que sua declaração esteja correta e evitar problemas com a Receita Federal, é fundamental reunir todas as informações exigidas antes de preencher o documento:

1. Rendimentos Tributáveis

Esses são os valores que sofrem incidência de imposto e devem ser informados na declaração do Imposto de Renda para médicos. Incluem:

  • salários recebidos em hospitais, clínicas e postos de saúde (se for CLT);
  • honorários médicos recebidos de atendimentos particulares;
  • pagamentos recebidos de planos de saúde;
  • plantões médicos e serviços prestados como pessoa física.

2. Carnê-Leão

Médicos autônomos devem informar os valores recolhidos mensalmente no Carnê-Leão. O sistema da Receita Federal já calcula o imposto devido e os pagamentos mensais devem ser declarados na aba de “Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física e do Exterior”.

3. Rendimentos Isentos e Não Tributáveis

Alguns valores podem ser declarados como isentos, como: distribuição de lucros para médicos que possuem CNPJ; rendimentos de aplicações financeiras com isenção fiscal; indenizações e seguros recebidos.

4. Despesas Dedutíveis

Médicos podem abater diversas despesas na declaração para reduzir o imposto a pagar, como:

  • gastos com educação (cursos, especializações e congressos);
  • despesas médicas (planos de saúde, consultas e exames);
  • contribuições para o INSS ou previdência privada;
  • despesas com consultório ou clínica particular, como aluguel, energia e materiais.

5. Bens e Direitos

Se o médico possui bens como imóveis, veículos, equipamentos médicos e investimentos financeiros acima de R$ 800.000,00, deve informá-los na ficha de “Bens e Direitos”.

6. Pagamentos e Doações

A Receita Federal exige que sejam informados pagamentos feitos a outros profissionais, como contadores, advogados e secretárias. Além disso, doações para entidades beneficentes podem ser deduzidas.

Manter todos esses registros organizados ao longo do ano facilita o preenchimento da declaração e evita surpresas desagradáveis com o Fisco.

Como fazer a declaração de Imposto de Renda para médicos

A declaração do Imposto de Renda para médicos pode parecer complicada, mas seguindo um passo a passo organizado, o processo se torna mais simples e eficiente. Para facilitar, dividimos os principais passos a serem seguidos.

Reúna toda a documentação necessária

Antes de começar o preenchimento, reúna todos os documentos e comprovantes. Os principais são:

  • informe de rendimentos de hospitais, clínicas ou planos de saúde;
  • comprovantes de pagamentos e recebimentos de consultas particulares;
  • guias pagas do Carnê-Leão (se for autônomo);
  • recibos de despesas dedutíveis (educação, saúde, previdência privada);
  •  extratos bancários e investimentos;
  • documentos de bens adquiridos no ano anterior.

Acesse o Programa da Receita Federal

O primeiro passo para a declaração é acessar o Programa Gerador do Imposto de Renda (PGD IRPF) ou utilizar o aplicativo Meu Imposto de Renda, disponível para computadores e celulares.

Escolha o tipo de declaração

Os médicos podem optar entre dois modelos de declaração: simplificada e completa. Veja em que elas diferem entre si:

  •  declaração simplificada: recomendada para quem tem poucas despesas dedutíveis, pois aplica um desconto padrão de 20% sobre os rendimentos tributáveis;
  • declaração completa: ideal para quem possui muitas deduções, como despesas médicas, educação e previdência privada.

Informe os rendimentos

Nesta etapa, todos os rendimentos devem ser informados corretamente. É importante conferir que os números estão realmente certos:

  • rendimentos tributáveis (como salários, honorários, plantões);
  • rendimentos isentos (como distribuição de lucros, indenizações);
  •  outras fontes de renda (aluguéis, bolsa de valores e outras).

Se o médico atuou como autônomo, deve preencher a aba “Rendimentos Recebidos de Pessoa Física” e importar os dados do Carnê-Leão.

Declare as despesas dedutíveis

Aqui, o profissional pode inserir todas as despesas que reduzem o imposto devido. Entre elas, destacamos:

  • gastos com saúde e educação;
  • contribuições previdenciárias;
  • despesas com consultório próprio.

Informe os bens e direitos

Os médicos devem declarar imóveis, veículos, equipamentos médicos e outros bens adquiridos. Também devem informar contas bancárias com saldo acima de R$ 140,00 e investimentos.

Revise e envie a declaração

Antes de finalizar, aconselhamos a revisar todos os dados e verificar se há pendências. Após a conferência, a declaração deve ser enviada pelo próprio sistema da Receita Federal.

Acompanhe a situação na Receita Federal

Depois do envio, é importante acessar regularmente o e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte) para verificar se a declaração foi processada corretamente ou se caiu na malha fina.

Erros a serem evitados na declaração

A declaração do Imposto de Renda para Médicos requer atenção a detalhes. Para evitar problemas com a Receita Federal, fique atento aos principais equívocos:

Omitir rendimentos

Muitos médicos recebem valores de diferentes fontes, como hospitais, clínicas, atendimentos particulares e planos de saúde. A omissão de qualquer um desses rendimentos pode gerar inconsistências na declaração.

Não declarar o Carnê-Leão

Médicos autônomos que recebem de pessoas físicas precisam preencher o Carnê-Leão e pagar o imposto mensalmente.

Se esses valores não forem corretamente declarados, o profissional pode ter que pagar multas e juros sobre os impostos devidos.

Erros no preenchimento de despesas dedutíveis

A Receita Federal permite a dedução de diversas despesas, mas qualquer erro pode levar à malha fina. Os principais problemas incluem:

  • declarar despesas médicas sem comprovantes válidos;
  • informar gastos com educação que não se encaixam nos critérios (como cursos livres e idiomas);
  • incluir despesas de terceiros sem vínculo de dependência.

Declarar dependentes de forma irregular

Cada dependente incluído na declaração aumenta as deduções possíveis, mas a Receita Federal exige comprovação. Erros comuns abrangem:

  • declarar dependentes que já constam na declaração de outro contribuinte;
  •  informar dependentes sem documentação que confirme o vínculo.

Esquecer de informar bens e direitos

Médicos que possuem imóveis, veículos ou investimentos devem registrar essas informações na declaração.

Se a Receita Federal identificar aumento patrimonial incompatível com os rendimentos declarados, o contribuinte pode ser chamado para prestar esclarecimentos.

Deixar para declarar na última hora

O prazo para entrega do Imposto de Renda referente a 2024 vai de 17 de março a 30 de maio de 2025 abril, e muitos profissionais deixam para preencher a declaração nos últimos dias, aumentando as chances de erros.

Não acompanhar a situação na Receita Federal

Mesmo após enviar a declaração, o contribuinte precisa acompanhar o status no portal e-CAC da Receita Federal. Caso haja alguma pendência, o médico pode corrigir as informações e evitar maiores complicações.

Como fazer a declaração em caso de sociedade

Muitos médicos atuam como sócios em clínicas, hospitais ou empresas médicas. Essa modalidade oferece benefícios tributários, mas também demanda atenção na hora de declarar o IR. A forma de tributação varia conforme o regime escolhido para a empresa.

Escolha do regime tributário

Se o médico tem CNPJ, o primeiro passo é verificar o regime tributário adotado pela empresa. Os principais regimes são:

  • Simples Nacional: mais vantajoso para empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões ao ano. A tributação é feita de forma unificada e varia conforme a receita bruta;
  • Lucro Presumido: indicado para médicos que faturam acima do limite do Simples ou que têm despesas elevadas. A alíquota de imposto é fixa e incide sobre um percentual da receita;
  • Lucro Real: recomendado para empresas com despesas operacionais muito altas, pois o imposto incide sobre o lucro efetivo da clínica.

Distribuição de lucros e rendimentos

Os lucros distribuídos entre os sócios são isentos de Imposto de Renda. Porém, é necessário que a empresa esteja regularizada e apresente a escrituração contábil correta.

O médico deve informar esses valores na ficha de “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”.

Já os pró-labores, que são os pagamentos feitos ao sócio pelo trabalho exercido na clínica, são considerados rendimentos tributáveis e devem ser declarados na aba de “Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica”.

Como declarar as informações da empresa

Se o médico for sócio de uma clínica ou empresa médica, deve incluir sua participação societária na aba de “Bens e Direitos”, informando:

  • nome e CNPJ da empresa;
  • percentual de participação no capital social;
  • valor da participação.

Além disso, se houver empréstimos entre o médico e a empresa, esses valores também precisam ser declarados corretamente para evitar problemas com o Fisco.

Despesas profissionais e deduções

Médicos que atuam como pessoa jurídica podem deduzir diversas despesas relacionadas à atividade profissional, como:

  • aluguel do consultório;
  • pagamento de funcionários e secretárias;
  • equipamentos médicos;
  •  custos com materiais de trabalho.

Agora você sabe tudo sobre o Imposto de Renda para médicos!

A declaração do Imposto de Renda para médicos pode parecer complicada, mas com organização e planejamento, é possível cumprir essa obrigação de forma tranquila e sem surpresas desagradáveis.

Se você ainda tem dúvidas ou quer garantir uma declaração de Imposto de Renda para médicos sem complicações, contar com a ajuda de um contador especializado é sempre uma boa escolha.

Quer mais dicas sobre gestão financeira para médicos? Acesse nosso blog e fique por dentro de conteúdos exclusivos que vão te ajudar a otimizar sua carreira e suas finanças!

Daniel Haber Feijo

Daniel Haber Feijo

Professor da Medway. Formado pela Universidade do Estado do Pará, com Residência em Cirurgia Geral pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP). Siga no Instagram: @danielhaber.medway