O vírus Influenza H1N1 é o principal responsável por causar a tão conhecida gripe. Trata-se de uma infecção do sistema respiratório que, na maioria dos casos, evolui para a cura sem grandes complicações, mas também pode evoluir de forma grave.
Pensando nisso, preparamos este conteúdo com o intuito de abordar os principais detalhes sobre o vírus. Assim, você fica por dentro de tudo que o envolve, como sintomas, causas e tratamento para H1N1.
Durante a pandemia da COVID-19, o vírus Influenza perdeu espaço nos hospitais. Porém, é importante lembrar que, em 2019, ele foi responsável por mais da metade dos casos de síndrome gripal e cerca de 18% dos casos de síndrome respiratória aguda grave, muitas vezes, causando óbito.
Por isso, continua sendo um vírus de grande importância no Brasil e não pode ficar de fora dos estudos científicos e nem das políticas públicas de saúde. O vírus da Influenza é um RNA-vírus que pertence à família Ortomixiviridae, subdividida em três tipos: A, B e C. Confira abaixo:
Influenza tipo A | Influenza tipo B | Influenza tipo C |
– Responsável pela maioria das epidemias– Muitas variantes– Pode infectar humanos, cavalos, suínos, mamíferos marinhos e avesEx: H1N1, H2N3, etc. | – Exclusivo de humanos– Menor número de variantes– Está menos associado a epidemias | – Em humanos, causa apenas doença subclínica– Não causa epidemias– Também pode infectar suínos de forma subclínica |
A transmissão ocorre da mesma forma que na COVID-19, de pessoa a pessoa, pelas gotículas ao falar, espirrar e tossir, pelo contato com as gotículas suspensas no ar ou objetos e superfícies contaminados por meio das mãos que levam as partículas virais até a mucosa oral, nasal ou ocular.
A doença causada pelo vírus da Influenza H1N1 é sazonal, ou seja, os casos se concentram em épocas específicas do ano: no outono e no inverno. Os dados epidemiológicos da Influenza nos anos de 2020 e 2021 foram muito prejudicados pela sobreposição com a pandemia da COVID-19.
É importante lembrar que essa infecção do sistema respiratório possui ampla distribuição e tem potencial para causar epidemias. Porém, foi amenizada ao longo do tempo com as estratégias de prevenção, principalmente, a vacinação.
Atualmente, não dá para falar de Influenza H1N1 sem incluir SARS-CoV-2. Isso acontece porque os vírus têm predileção pelo sistema respiratório e podem desencadear quadros clínicos muito semelhantes.
Tanto na forma leve quanto na grave, é difícil fazer uma diferenciação entre os dois na prática diária, principalmente quando não se dispõe dos testes específicos para o diagnóstico.
O quadro clínico pode variar desde sintomas de uma gripe comum até um caso de insuficiência respiratória. Então, é importante saber diferenciar uma síndrome gripal comum da síndrome respiratória aguda grave, visto que o manejo clínico de ambas é completamente diferente. Confira os sintomas:
Síndrome gripal: febre + sinais de comprometimento de via aérea superior + pelo menos um sinal de comprometimento sistêmicoTraduzindo: febre + tosse e/ou coriza e/ou dor de garganta e/ou rouquidão + mal-estar e/ou calafrios e/ou cefaleia e/ou mialgia |
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): síndrome gripal acompanhada de algum sinal de gravidade (saturação O₂ < 95%, taquipneia, descompensação de doença de base ou hipotensão) |
Entenda que ambas as definições servem para casos sindrômicos. Dessa forma, não é possível fazer o diagnóstico etiológico apenas com a análise clínica do paciente. Tanto a síndrome gripal quanto a SRAG podem ser causadas por diversos vírus.
Entre eles, estão o vírus da Influenza H1N1, o SARS-CoV-2, o sincicial respiratório e o adenovírus, por exemplo. Em um primeiro momento, não é necessário o diagnóstico etiológico para propor as medidas terapêuticas adequadas.
Não se esqueça das condições clínicas que favorecem o desfecho ruim da síndrome gripal, ou seja, grupos de risco para complicações da infecção por Influenza H1N1:
Veja os números de SRAG distribuídos por agentes etiológicos até final de maio de 2021 para entender um pouco da dimensão do que estamos falando:
SRAG | Número de casos | Porcentagem do total |
SARS-CoV-2 | 617.812 | 71,5% |
Influenza | 567 | 0,1% |
Outros vírus respiratórios | 4.573 | 0,5% |
Outros agentes etiológicos | 1.401 | 0,2% |
Não especificada | 118.472 | 13,7% |
Em investigação | 121.451 | 14,1% |
Total | 864.276 | 100% |
Nos casos de SRAG, o paciente deve ser referenciado ao atendimento de urgência para internação hospitalar, onde são adotadas várias medidas de suporte a depender da gravidade do quadro. Porém, esse não é o nosso foco agora, mas a APS. Sendo assim, o que fazer com os pacientes com síndrome gripal na UBS?
Em pacientes sem sinais de alarme, que seguem em cuidados ambulatoriais, o tratamento envolve as orientações de possíveis complicações, o aumento da ingestão de líquidos e o repouso relativo, além da prescrição de medicações sintomáticas (analgésicos e antitérmicos) e a avaliação de que há ou não fatores de risco para complicações.
Caso o paciente seja de algum grupo de risco, a prescrição do oseltamivir deve ser feita. Trata-se do famoso TamifluⓇ, principal antiviral utilizado nos quadros de infecção por Influenza. Ele deve ser prescrito nos casos graves e leves em pessoas dos grupos de risco.
Não é preciso confirmação etiológica para iniciar o antiviral. O ideal é iniciar o uso em até 48h após o início dos sintomas. A utilização é permitida para crianças, gestantes e puérperas, enquanto a medicação é disponibilizada pelo SUS.
Nos dias de hoje, com a vigência da pandemia da COVID-19, um caso de síndrome gripal é considerado suspeita de Influenza H1N1 e SARS-CoV-2. Isso porque, dificilmente, em casos mais genéricos, dá para diferenciar clinicamente um caso de outro. Então, é importante adotar as medidas de acordo com ambas as suspeitas até que uma confirmação diagnóstica seja possível.
As medidas de prevenção à infecção por Influenza H1N1 baseiam-se na quebra da cadeia de transmissão da doença, na higiene pessoal e na vacinação dos grupos de risco. Então, fique atentos a:
Lembre-se que a APS é a principal responsável pela prevenção dos casos de Influenza H1N1 e das complicações dessa infecção na orientação das medidas de prevenção, na atuação direta nas campanhas de vacinação ou na identificação precoce de sinais de complicação com intervenção rápida e oportuna.
A APS é a maior porta de entrada do sistema de saúde. Então, esteja preparado para a maior variedade de apresentações clínicas possível e saiba manejar a síndrome gripal adequadamente para cumprir o seu papel na UBS, na vida do paciente e na rede de atenção à saúde.
É importante compreender a forma como os pacientes com infecção por Influenza H1N1 podem se apresentar e saber detectar os sinais de alarme. Além disso, referenciar o paciente para atendimento de urgência em ambiente hospitalar adequado é o que faz a diferença na vida daquela pessoa.
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Mineira, nascida em Uberlândia em 1990. Formada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2016, residência em Medicina de Família e Comunidade pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ), com conclusão em 2018. Ama a Saúde Pública e é apaixonada em cuidar do que a comunidade tem de melhor: as pessoas.