Fala, galera! Tudo tranquilo? Hoje nós vamos falar um pouco sobre sintomas de insuficiência adrenal. O que é insuficiência adrenal? Basicamente é uma deficiência na produção de hormônios pelas glândulas adrenais, também chamadas de suprarrenais.
Sendo assim, nada mais justo do que começarmos retomando a fisiologia desse eixo hormonal, certo? As glândulas suprarrenais possuem duas regiões distintas: a medula, mais interna, e o córtex, mais externo.
Na porção medular, ocorre a secreção de epinefrina e norepinefrina em resposta ao estímulo simpático. Contudo, tendo em vista que outros locais do organismo também sintetizam essas mesmas catecolaminas, a insuficiência adrenal não possui uma repercussão tão significativa na produção dessas substâncias.
Já no córtex adrenal, a história é completamente diferente! Para início de conversa, ele se divide em três zonas:
No grupo dos mineralocorticóides, temos a aldosterona como principal representante, assim como o cortisol é o nome mais importante dentro dos glicocorticóides. Portanto, neste artigo, utilizaremos esses termos como sinônimos.
Mas vamos lembrar aqui que a secreção desses hormônios é muito bem regulada dentro do nosso organismo. Sabe aquele famoso sistema renina-angiotensina-aldosterona? Então… A aldosterona é liberada pelo córtex adrenal quando as concentrações de angiotensina II e de potássio aumentam no sangue. Já o cortisol e os androgênios fazem parte do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Mas como funciona isso?
Bom, o hipotálamo produz o CRH (Hormônio Liberador de Corticotrofina), que exerce sua ação na hipófise, induzindo a síntese de ACTH (Hormônio Adrenocorticotrófico). O ACTH, por sua vez, atua nas glândulas adrenais, estimulando a secreção de cortisol e androgênios. O cortisol, por fim, realiza um feedback negativo no hipotálamo e na hipófise, reduzindo a liberação de CRH e de ACTH, fechando o ciclo.
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A partir disso, podemos perceber que, quando existe um problema intrínseco ao córtex adrenal, tanto a secreção de aldosterona quanto a de cortisol e de androgênios fica prejudicada.
É o que chamamos de insuficiência adrenal primária, cujas causas são majoritariamente autoimunes – como é o caso da Doença de Addison -, mas também podem ser infecciosas (ex.: tuberculose) e até neoplásicas (ex.: linfoma).
No entanto, quando estamos falando de um problema no eixo-hipotálamo-hipófise-adrenal, apenas a secreção de cortisol e de androgênios é afetada. A produção de aldosterona é poupada de impactos aqui, uma vez que a glândula adrenal encontra-se intacta e, portanto, apta a responder ao sistema renina-angiotensina-aldosterona.
É o que acontece na insuficiência adrenal secundária, que pode ter diversas origens, como tumores ou hemorragias hipofisários, deficiência de POMC (um precursor do ACTH), mas principalmente o excesso crônico de glicocorticoides.
Isso acontece porque, quando uma pessoa faz uso de corticoides exógenos por muito tempo, sobretudo em altas doses, há um feedback negativo dos fármacos na síntese de CRH e ACTH, o que faz com que as glândulas adrenais cessem a produção de cortisol.
Assim, se o tratamento for interrompido sem um desmame adequado, as adrenais, ‘’acostumadas’’ a não produzir mais corticoides endógenos, encontram-se incapazes de sintetizá-los de forma a suprir as demandas do organismo, tornando-se insuficientes.
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Voltando ao assunto, os sintomas irão depender do tipo de insuficiência adrenal – primária ou secundária -, justamente porque eles são um reflexo da carência de cada hormônio.
A aldosterona age no canal epitelial de sódio (ENaC), localizado nas células tubulares renais, estimulando a reabsorção de sódio e a excreção de potássio pelo rins. Como a reabsorção de sódio é acompanhada da reabsorção de água, um dos efeitos desse hormônio é a retenção de volume.
Desse jeito, não fica difícil entender que uma deficiência de aldosterona ocasionará:
O cortisol, por sua vez, consiste em um hormônio que contrapõe o estresse, promovendo, por exemplo, a gliconeogênese, bem como vários efeitos anti-inflamatórios.
A sua carência, portanto, gera um quadro clínico caracterizado por hipoglicemia, fadiga, falta de energia, perda de peso, anorexia, mialgia, dor articular, febre, hipotensão, eosinofilia, linfocitose, e por aí vai…
Cabe aqui comentarmos sobre um sintoma específico da insuficiência adrenal primária: a hiperpigmentação da pele.
No processo de produção do ACTH, o precursor pró-opiomelanocortina (POMC) gera, como subprodutos, peptídeos MSH, que estimulam a síntese de melanina.
Normalmente, não há quantidade suficiente desses peptídeos para que seus efeitos no organismo sejam percebidos. No entanto, na insuficiência adrenal primária, em virtude da falta de feedback negativo do cortisol, há um aumento de ACTH, o que faz com que os níveis de MSH também se elevem, causando um excesso de depósito de melanina.
Por fim, não podemos nos esquecer dos androgênios, cuja falta incide principalmente sobre as mulheres. Como os homens possuem, nos testículos, uma potente fonte de testosterona, os impactos da insuficiência androgênica das adrenais não costumam ser clinicamente significativos, havendo apenas falta de energia em alguns casos. Já nas mulheres, a deficiência de androgênios adrenais pode gerar sintomas mais nítidos, como pele seca e pruriginosa, perda da libido e perda de pelos pubianos e axilares.
O diagnóstico da insuficiência adrenal é papo para outro dia, mas já te adianto aqui que ele é embasado sobretudo no quadro clínico e nos exames laboratoriais.
Realiza-se, após estimulação com ACTH, uma dosagem dos níveis de cortisol, os quais, ao se encontrarem abaixo do limite inferior, confirmam a insuficiência adrenal.
Posteriormente, para determinar a origem primária ou secundária da doença, avaliam-se os níveis de ACTH, cujos valores se encontram elevados e diminuídos, respectivamente.
Exames mais específicos, como TC das suprarrenais e rastreamento de autoanticorpos esteroides, também podem ser empregados, a depender dos resultados dos testes supracitados e das principais hipóteses diagnósticas.
Ficou mais claro? Vai conseguir procurar os sintomas de insuficiência adrenal que te guiam para dar o diagnóstico? Espero do fundo do coração que sim! Bom, agora que você está mais informado sobre insuficiência adrenal, temos uma dica pra você. Confira mais conteúdos de Medicina de Emergência na Academia Medway. Por lá disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos! Por exemplo, o nosso e-book ECG Sem Mistérios ou o nosso minicurso Semana da Emergência são ótimas opções pra você estar preparado para qualquer plantão no país.
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Até mais, pessoal!
*Colaborou: Luísa Vieira Aarão Reis, aluna da UFF
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.