E aí galera, belê? Hoje viemos com um assunto que é queridinho para alguns, porém um grande fantasma para muitos! A intubação orotraqueal é um dos procedimento potencialmente salvador de vida e necessita de expertise do médico operador. Durante a leitura vamos discutir alguns pontos para que a IOT deixe de ser um bicho de sete cabeças ok?
Bora lá!
A IOT tem como objetivo garantir a permeabilidade das vias aéreas de maneira definitiva. Devemos ter em mente duas perguntas para nos basearmos na decisão de realizar uma IOT em um paciente:
1. Existe uma falha na manutenção ou proteção das vias aéreas?
2. Existe falha de ventilação ou oxigenação?
Com isso vamos ver a tabela abaixo para avaliar as principais indicações de IOT:
PERMEABILIDADE DE VA | SUPORTE VENTILATÓRIO |
Rebaixamento de nível de consciência | Insuficiência respiratória aguda |
Corpo estranho | SRAG |
Trauma de face | Edema agudo de pulmão |
Edema de glote | DPOC exacerbado |
Procedimentos/cirurgias | Asma grave |
Inalação de fumaça | Pneumonia grave |
Antes de seguirmos com o assunto, queremos dar uma super dica: se você quer descobrir mais sobre o mundo das UTIs e emergências, baixe gratuitamente o nosso Manual de diluições em emergência e UTI. Esse material traz temas super importantes para quem quer atuar nas UTIs e salas de emergência, como drogas vasoativas e sedoanalgesia. Faça o download AQUI e aprenda mais!
Voltando ao nosso tema: todos os pacientes que serão submetidos à intubação orotraqueal devem ser avaliados, visando pesquisar preditores de via aérea difícil antes de iniciar o procedimento.
Você já ouviu falar em via aérea difícil e via aérea falha na IOT?? Pois bem, a via aérea difícil está relacionada com a anatomia do paciente avaliado e a via aérea falha é quando a técnica escolhida falhou, e o resgate deve ser realizado imediatamente.
Dentro da avaliação de via aérea difícil, podemos dividir em:
A técnica de LEMON é utilizada na sala de emergência:
LEMON
L – Look externally | Edema, traumas faciais, desvio de traquéia, obesidade, alterações anatômicas, sangramento |
E – Evaluate | 3-3-2. Abertura oral correspondente a 3 dedos, distância mento-hióideo de três dedos, hio-tireóideo de dois dedos |
M – Mallampati | relação entre abertura oral, tamanho da língua do paciente e tamanho daorofaringe ( segue imagem abaixo) |
O – Obstruction | Traumas, epiglotites, abcessos, voz abafada, salivação excessiva. |
N – Neck mobility | restrição extrínseca(colar cervical) ou intrínseca (doenças reumáticas) |
MALLAMPATI
OBS: quanto maior a classificação mais relacionado a falha na intubação.
Porém existe uma classificação que só conseguimos avaliar após a laringoscopia, Cormarck Lehane:
Cormarck Lehane
Os materiais necessários para a realização da IOT são:
Dispositivo bolsa-valva-máscara |
Cânula de intubação (tubo orotraqueal) |
Bougie |
Fio-guia |
Luvas |
Laringoscópio |
Seringa de 20 mL |
Lidocaína spray |
Aspirador |
É de extrema importância sempre ter uma segunda opção quando for realizar a IOT. Deixar dispositivos extra-glóticos separados é fundamental para manejo da via aérea. Segue abaixo a sequência para a realização da intubação orotraqueal com segurança:
Neste momento devemos manter uma FIO2 de 100% de 3-5min, com isso o paciente consegue manter uma saturação de hemoglobina > 90% no momento de apneia para realização de IOT. Em alguns pacientes é necessário realizar VNI para otimizar a pré-oxigenação.
Esse é um momento que está trazendo muitas controversas, já sabemos que o fentanil e a lidocaína estao caindo em desuso, não sendo mais mandatório realizar em todos as IOTs
Nesta etapa devemos avaliar cada caso para utilizar a medicação correta (iremos discutir em outro tópico sobre as medicações e suas indicações). Identificar as medicações e realizar em bolus.
Esse momento é crucial para um procedimento bem sucedido. A posição olfativa deixa os eixos oro-faríngeo e laringo-traqueal alinhados
Assim facilitando a visualização da via aérea.
Chegou o momento mais crucial do nosso procedimento, nesta etapa devemos separar as lâminas tradicionais e sempre deixar reservado um método alternativo (dispositivos extra-glóticos) e também o material para crico.
Podemos usar algumas manobras que colaborem com o sucesso da IOT, como tração de rima labial, elevação da cabeça com a mão direita, manipulação externa bimanual da laringe e hiperextensão da cabeça. Além das manobras, o uso do Bougie é recomendado na laringoscopia ( Se você quiser saber algo mais sobre o Bougie, corre na publicação https://www.medway.com.br/conteudos/bougie-uma-maozinha-quando-o-assunto-e-via-aerea-avancada/ e fique por dentro de tudo).
A capnografia em forma de onda é o padrão-ouro para confirmação da IOT, porém hoje já está sendo muito usado o USG Point Of Care para confirmação da intubação orotraqueal. Com o probe linear, perpendicular à região da fúrcula do esterno, em direção ao lóbulo esquerdo da tireóide, para tentar visualizar o esófago. Se a intubação for esofágica haverá o sinal da dupla sombra, caso haja apenas uma sombra você pode confirmar a IOT.
Lembrando que após introdução do tubo se faz necessário a insuflação do Cuff e o uso de um cuffômetro para avaliar a pressão que nele está sendo realizada. Com isso seguimos para ausculta, em ordem: estômago, base pulmonar esquerda, base pulmonar direita, ápice esquerda, ápice direita.
Chegamos na última fase, onde o tubo já está alocado e bem posicionado. Vamos fixar o tubo na rima labial, verificar os sinais vitais, colocar em ventilação mecânica e solicitar um Rx para avaliação. Não esquecer de iniciar a sedação contínua em bomba de infusão.
E se você quer dominar a base da analgesia e sedação pra se sentir seguro para prescrever um plano de analgesia otimizado e individualizado, sugiro fazer o nosso Curso de Analgesia e Sedação: do PS à UTI, que é gratuito e oferece certificado de conclusão! Nele, vamos te dar a base que você precisa para entender como e por que prescrever determinadas drogas, tudo por meio de aulas com uma abordagem direta, simples e sem enrolação, com apostilas, questões de revisão e muito mais.
Devemos ficar atentos para alguns sinais de alarme como volume corrente baixo, enfisema subcutâneo e alarme de pressão inspiratória elevada.
Galera eu espero que vocês tenham gostado do tema de hoje. A expertise e o manejo da IOT são essenciais para a desenvoltura na sala de emergência! Aliás, dá uma olhada também no vídeo que fizemos para o canal do PSMedway do Youtube sobre esse assunto:
Também tem vídeo sobre Passagem de Tubo e Cormack e sobre medicações mais usadas na sequência rápida de intubação.
Bons estudos e até a próxima! E se caso você ainda não domina o plantão de pronto-socorro 100%, fica aqui uma sugestão: temos um material que pode te ajudar com isso, que é o nosso Guia de Prescrições. Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil.
Bons estudos e até a próxima!
Nascida em Catanduva, interior de São Paulo. Médica pela faculdade do Oeste Paulista, louca e apaixonada pela Medicina de Emergência e Medicina Humanitária. Residência em Medicina de Emergência no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pós-graduação em Medicina Aeroespacial.
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