Fala, pessoal! Tudo em cima? No texto de hoje, vamos entender como pode ser feito um procedimento muito relevante na ginecologia: a laqueadura tubária (esterilização cirúrgica feminina definitiva).
No planejamento familiar, a esterilização cirúrgica é o único método contraceptivo definitivo. A laqueadura tubária é uma cirurgia simples que evita gestações não planejadas, reduzindo, assim, a morbimortalidade materna e infantil.
A esterilização cirúrgica é um método anticoncepcional adotado por diversas pacientes. Porém, não são todas que podem realizá-la. Neste post, você pode conferir quem está apta para fazer esse procedimento. Confira!
Galera, o planejamento familiar representa um progresso na sociedade e na ginecologia, uma vez que ele permite a programação de quando e quantas vezes gestar.
Além disso, ele previne gravidez não planejada, condição que põe em risco a saúde da mãe e do feto. Atualmente, existem diversos métodos contraceptivos, sendo os principais classificados da seguinte maneira:
LARC (Long Acting Reversible Contraceptives)
A paciente deve escolher o método anticoncepcional que atinge suas expectativas, levando em consideração os efeitos colaterais, a eficácia e a posologia de cada método.
A escolha do contraceptivo não é simples, pois cada anticoncepcional possui prós e contras, e muitas mulheres experimentam alguns métodos até encontrarem um que se adeque à sua realidade.
E antes de seguirmos para a laqueadura tubária, quero aproveitar para te contar que temos um e-book completo e gratuito com os temas mais relevantes para o acompanhamento de rotina da gestante, com base nas recomendações mais recentes do Ministério da Saúde e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Estou falando do e-book ABC do pré-natal: o que todo estudante de medicina deve saber! Aproveita para já fazer download clicando AQUI.
Pessoal, a laqueadura tubária é uma forma de contracepção cirúrgica definitiva e, na maior parte dos casos, ela é irreversível. Portanto, devemos indicar para pacientes sem desejo reprodutivo futuro, devendo ser tratada como uma forma definitiva de anticoncepção.
O procedimento cirúrgico caracteriza-se por ligadura e secção das tubas uterinas. Sendo assim, impossibilita que o espermatozoide atinja o óvulo, impedindo a fecundação e a gestação.
Aproximadamente 30% dos casais e 10% das pacientes sexualmente ativas solteiras escolhem a laqueadura tubária como método contraceptivo.
A esterilização cirúrgica feminina é eficaz como anticoncepcional, e o índice de Pearl (índice de falha) das diferentes técnicas de laqueadura tubária é de 0,1 a 0,3 a cada 100 mulheres ao ano.
Pessoal, se liguem nessa atualização quentíssima: em 5 de agosto de 2022 foi sancionada e publicada em diário oficial a nova lei 14.443/2022 que modifica alguns aspectos da regulamentação deste procedimento.
A nova lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro altera a antiga legislação (lei federal 9.263/96 de 12 de janeiro de 1996) para “determinar prazo para oferecimento de métodos e técnicas contraceptivas e disciplinar condições para esterilização no âmbito do planejamento familiar”.
As principais alterações incluem:
Essa alteração na lei entra em vigor em um prazo de 180 dias do momento em que foi publicada no diário oficial da união.
Lembrando que algumas regulamentações se mantém, como a assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido específico para esse procedimento pelo paciente, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. Essa é uma condição essencial e, sem ela, não podemos realizar a cirurgia.
Outras condições que se mantiveram são:
Existem, basicamente, três formas (e suas modificações) para realizar a ligadura tubária. Podemos utilizar clipes ou anéis permanentes para ocluir as tubas uterinas, realizar eletrocoagulação em um segmento das tubas uterinas ou ligar as tubas uterinas com fios para sutura. A longo prazo, todas essas técnicas possuem eficácia favorável.
Ela pode ser feita por laparotomia, cirurgia videolaparoscópica ou pelo fundo de saco vaginal. A videolaparoscopia, atualmente, é o padrão-ouro para o procedimento, porque possui tempo cirúrgico mais breve, menor morbidade, cicatrização mais estética e recuperação mais veloz.
Essa é a forma de realizar laqueadura tubária via abdominal por minilaparotomia. Ela corresponde à remoção do terço médio da tuba uterina, e as extremidades seccionadas sofrem fibrose e reperitonealização, então, serão fechadas. As técnicas mais utilizadas são de Parkland e Pomeroy.
A salpingectomia parcial de intervalo é realizada em apenas cerca de 4% das pacientes nos Estados Unidos da América (EUA), pois se realiza muito mais a técnica laparoscópica, devido à melhor recuperação pós-operatória.
Portanto, a realização por minilaparotomia fica reservada para os casos em que a laparoscopia não é recomendada ou disponível.
Passo a passo da cirurgia:
Pessoal, cerca de 700.000 laqueaduras tubárias são feitas por ano nos EUA e a maioria é pela via laparoscópica, porque ela possui menor tempo cirúrgico e melhor recuperação pós-operatória.
A esterilização laparoscópica pode ser realizada ligando as tubas uterinas com grampos, clipes, bandas ou suturas e com eletrocauterização com a pinça bipolar.
Temos que dizer a todas as pacientes que desejam realizar laqueadura tubária que esse procedimento é definitivo e irreversível.
Uma pequena parcela das pacientes submetidas à esterilização cirúrgica se arrepende e as taxas de arrependimento são maiores nas pacientes mais jovens, portanto, elas devem ser especialmente orientadas sobre o caráter permanente do procedimento.
Além disso, é muito importante orientar que a laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico que possui riscos, como qualquer outro procedimento cirúrgico, podendo ocorrer infecção, sangramento e lesão de órgãos pélvicos.
Também temos que informar às pacientes que as chances de sucesso da laqueadura tubária são altas e sua eficácia é boa, porém o método, como qualquer outro, pode falhar.
A esterilização cirúrgica pode não ter sucesso devido a erros operatórios (principalmente quando o ligamento redondo é ligado ao invés da tuba uterina), formação de fístulas tubárias ou reanastomose espontânea das porções tubárias.
Ademais, é relevante falar à paciente que a laqueadura tubária é um método anticoncepcional, sendo assim, ela não aumenta as taxas de gestação ectópicas. Porém, se ocorrer fecundação após a esterilização cirúrgica feminina, existe um risco maior de implantação ectópica.
Por fim, é imprescindível informar a paciente que a reversão da laqueadura nem sempre é possível. Então, se ela optar por realizar o procedimento, deve entender que, se mudar de ideia, talvez não consiga engravidar espontaneamente.
A reanastomose das tubas uterinas é um procedimento difícil e que às vezes não é plausível. Além disso, a gravidez, após a reversão da esterilização, possui risco aumentado de ser ectópica.
A laqueadura tubária é a forma de esterilização definitiva feminina que pode ser realizada em pacientes com mais de 21 anos ou pelo menos dois filhos vivos (essa redução da idade mínima passa a valer somente após 180 dias da publicação da nova lei 14.443/2022). Ela é um procedimento cirúrgico simples, que pode ser feito pela via abdominal, vaginal e laparoscópica.
No entanto, possui riscos que devem ser informados para a paciente, assim como deve ficar claro o seu caráter permanente, pois nem sempre é possível reverter a laqueadura.
O método cirúrgico padrão-ouro na atualidade é a laqueadura tubária por videolaparoscopia, porque esse método possui menor tempo cirúrgico e melhor recuperação após a operação.
No entanto, nem sempre ele é disponível, pois seus equipamentos são mais caros e alguns cirurgiões não sabem realizar cirurgias laparoscópicas. Nesse contexto, a cirurgia por via abdominal é mais realizada. Por minilaparotomia, existem duas técnicas que são mais utilizadas: Parkland e Pomeroy.
É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!
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Paulista, nascida em Ribeirão Preto em 1994. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em 2019. Residência em Ginecologia e Obstetrícia na EPM-UNIFESP. "Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo." - Paulo Freire.