LGBTQIAPN+: as necessidades de saúde e vulnerabilidades dessa população

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Fala pessoal. Hoje vamos falar sobre um tema importante tanto para as provas quanto para a prática médica. Esse assunto vem sendo abordado por diversas bancas e a tendência é que essa cobrança só aumente. Então, apertem os cintos que vamos falar um pouco sobre a população LGBTQIAPN+ e suas principais necessidades de saúde. 

Antes de tudo, o que significam essas letras? A sigla LGBTQIAPN+ se refere a um conjunto de identidades de gênero e orientações sexuais. Importante ressaltar que essas pessoas historicamente sofreram (e ainda sofrem) muita discriminação e exclusão social, levando a maiores situações de vulnerabilidade. 

Conheça o significado das siglas LGBTQIAPN+

É fundamental que nós médicos ou acadêmicos de medicina, (e pessoas em geral!) compreendamos os significados e suas implicações para oferecer um atendimento de qualidade e equitativo a essa população. Vejamos cada letra: 

L – Lésbicas: mulheres que sentem atração sexual e/ou emocional por outras mulheres.

G – Gays: homens que sentem atração sexual e/ou emocional por outros homens.

B – Bissexuais: pessoas que sentem atração sexual e/ou emocional por pessoas de ambos os sexos.

T – Transexuais e Travestis: pessoas que se identificam com um gênero diferente daquele que lhes foi atribuído no nascimento. As pessoas transexuais são aquelas que fizeram a transição de gênero, ou seja, passaram por procedimentos médicos e/ou cirúrgicos (cirurgias de mudança de sexo ou tratamentos hormonais) para adequar seu corpo à sua identidade de gênero. Já as travestis são aquelas pessoas que se identificam com um gênero diferente do que foi atribuído no nascimento, mas não passaram por esses procedimentos.

Q – Queer: termo que abrange uma série de identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam nas categorias tradicionais.

I – Intersexuais: pessoas que nascem com características sexuais que não se encaixam nas definições binárias de masculino e feminino.

A – Assexuais: pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas.

P – Pansexuais: pessoas que sentem atração sexual e/ou emocional por pessoas de qualquer gênero.

N – Não-binários: pessoas que não se identificam como sendo nem homens nem mulheres.

  • – outras identidades de gênero e orientações sexuais que não foram incluídas nas letras da sigla.

É importante destacar que, diferente do que muitos acreditavam (e, absurdamente até hoje acreditam), essas identidades não são doenças, mas sim aspectos da diversidade humana que merecem respeito e acolhimento, além de um profundo entendimento sobre necessidades de saúde e vulnerabilidades.

Bom, agora que falamos os conceitos básicos e significados, vamos focar na saúde? 

Barreiras dessa comunidade

As pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam diversas barreiras no acesso à saúde, o que as torna mais vulneráveis a problemas de saúde e doenças. Além disso, elas também estão expostas a níveis mais elevados de discriminação, violência e preconceito, que podem afetar sua saúde mental e física. 

Podemos dizer que as principais necessidades de saúde dessa população envolvem questões como:

  • acesso à saúde integral;
  • acesso à atendimento especializado em saúde sexual e reprodutiva;
  • cuidados com a saúde mental;
  • prevenção de doenças crônicas, como HIV/AIDS e câncer de mama.

Essas pessoas também podem enfrentar vulnerabilidades específicas de saúde, como a falta de acesso a hormônios e cirurgias de redesignação sexual para pessoas transexuais e travestis, além de problemas de saúde mental como depressão, ansiedade e suicídio.

Além disso, muitas vezes o acesso a serviços de saúde é dificultado por diversos fatores, como falta de informação sobre direitos, medo de discriminação por parte de profissionais de saúde (que deveriam ser os acolhedores mas muitas vezes agem de maneira contrária) e barreiras financeiras.

É um papel importante dos professores, médicos e até de nós da Medway como educadores em Medicina, educar os profissionais de saúde sobre essas necessidades e sobre um atendimento inclusivo e sem preconceitos.

Independente do local de trabalho desses profissionais, seja em UBS, clínicas ou hospitais, deve haver atenção a essas vulnerabilidades e suporte e orientação adequados, além de encaminhamento para serviços especializados quando necessário. 

A relação com o SUS, Atenção Primária e seus princípios

Percebam: estamos falando sobre uma população muitas vezes mais vulnerável e marginalizada. Vamos relacionar com os princípios do nosso SUS. Vocês lembram qual deles fala sobre tratar de forma desigual os desiguais? Ou seja, dar mais a quem mais precisa? Ele mesmo galera, a equidade.

O princípio da equidade do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro se baseia na oferta de serviços de saúde de forma igualitária a todas as pessoas, sem distinção de gênero, raça, orientação sexual ou qualquer outra característica, mas dando mais a quem mais precisa, como falamos. 

Precisamos trabalhar para oferecer um atendimento equitativo a todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.

Algumas medidas que podemos tomar para oferecer um atendimento mais inclusivo e equitativo incluem:

  • evitar fazer suposições sobre a identidade de gênero ou orientação sexual dos pacientes;
  • utilizar pronomes e tratamentos adequados à identidade de gênero do paciente. Perguntem à pessoa como ela quer ser chamada!;
  • oferecer informações claras e acessíveis sobre serviços de saúde e direitos;
  • trabalhar para eliminar barreiras financeiras e geográficas no acesso a serviços de saúde;
  • respeitar a privacidade e a confidencialidade dos pacientes;
  • oferecer suporte emocional e encaminhamento para serviços especializados quando necessário.

Além disso temos outros princípios do SUS, que também devem estar em mente:

  • universalidade, com o direito de atendimento à saúde por todos;
  • integralidade: olhar integral à saúde e todas as suas necessidades, em todos os níveis de cuidado e complexidade. 

Podemos também citar os princípios da Atenção Primária:

  • acesso/primeiro contato para essa população;
  • longitudinalidade, com o seguimento em todas as etapas do tratamento hormonal para pessoas transexuais, por exemplo;
  • competência cultural para entender a cultura dessas pessoas e seus entendimentos sobre saúde e doença;

E por aí vai!

Trate seus pacientes com igualdade e equidade!

Pessoal espero que vocês tenham entendido que compreender a sigla LGBTQIAPN+ e suas implicações para a saúde é fundamental para oferecer um atendimento de qualidade e equitativo a essa população. Devemos sempre estar atentos às necessidades de saúde específicas dessa população, além de trabalhar para oferecer um atendimento inclusivo, livre de preconceitos e discriminação, visando o melhor cuidado. 

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