Você acha que sabe tudo sobre ascite e líquido ascítico quiloso? Olha só: atendimento no plantão e você já identifica clinicamente o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal! Realiza a paracentese diagnóstica e — opa! O líquido ascítico é leitoso e, além disso, o bioquímico te liga para falar que a concentração de triglicérides é maior do que 200 mg/dl.
E aí, você pensaria em líquido ascítico quiloso? Sabe quais as etiologias relacionadas? Sem estresse, pois hoje vamos tirar todas as suas dúvidas!
O líquido ascítico quiloso, ou ascite quilosa, é uma condição RARA, que se caracteriza por líquido ascítico leitoso e rico em triglicerídeos (>200 mg/dl). Sua fisiopatologia está relacionada à presença de linfa (líquido intersticial, que drena para o sistema linfático) torácica ou intestinal na cavidade abdominal.
Fiz o diagnóstico de ascite quilosa, todas essas etiologias estão na minha cabeça… mas por onde eu começo?
Ué, ainda é uma ascite, não é? Então vamos analisar esse líquido ascítico quiloso já pensando nas principais etiologias que discutimos acima, ok?
COR | Leitoso e turvo |
NÍVEL DE TRIGLICERÍDEOS | Acima de 200mg/dl |
CONTAGEM DE CÉLULAS | Acima de 500 (predominância de linfócitos) |
PROTEÍNA TOTAL | Entre 2,5 – 7,0 g/dl |
ALBUMINA SORO/ASCITE | Abaixo de 1,1 g/dl |
COLESTEROL | Baixo (proporção ascíte/soro <1) |
LACTATO DESIDROGENASE | Entre 110-200 UI/L |
CULTURA | Positiva em casos selecionados de tuberculose |
ADENOSINA DESAMINASE | Elevado em casos de tuberculose |
CITOLOGIA | Positivo em malignidade |
GLICOSE | Abaixo de 100mg/dl |
AMILASE | Elevado (>40U/L) em casos de pancreatite aguda ou crônica |
Sim! Os exames de imagem podem auxiliar a identificar a etiologia!
A tomografia é útil para avaliar presença de neoplasias, linfonodos intra-abdominais suspeitos e identificar lesões dos ductos linfáticos. Mas a linfangiografia é o exame padrão-ouro para identificar as obstruções e locais do vazamento, podendo ser, além de diagnóstica, terapêutica quando é realizada a embolização desses locais de vazamento.
E o manejo? Além do tratamento com base na etiologia, os pacientes podem se beneficiar de:
O nome líquido ascítico quiloso e a raridade do quadro podem te deixar inseguro, mas não aqui! Vem na revisão que não tem erro:
Tem ascite → TG >200 mg/dl → Análise do líquido ascítico quiloso → TC/Linfangiografia → Tratar causa base
Beleza, galera? Agora pode ter certeza que esse débito leitoso em uma paracentese não vai te deixar confuso, pois estamos craques! Definição, etiologia, diagnóstico e cuidados… tudo na ponta da língua!
Mas antes de você ir, só mais uma dica! Se você ainda não domina o plantão de pronto-socorro 100%, temos um material que pode te ajudar com isso: o nosso Guia de Prescrições! Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil.
Pra quem quer acumular mais conhecimento ainda sobre a área, o PSMedway, nosso curso de Medicina de Emergência, pode ser uma boa opção. Lá, vamos te mostrar exatamente como é a atuação médica dentro da Sala de Emergência!
Grande abraço e até a próxima!
* Colaborou Amanda Rodrigues Vale, graduanda do 5º ano de Medicina na Universidade Federal de São Carlos
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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