Após passar um tempo atendendo em hospitais, você vai ver que é extremamente comum receber pacientes reclamando de dor lombar. Essa condição, tecnicamente chamada de lombalgia, é muito frequente nas salas de emergência (representa cerca de 5% das consultas), por isso é tão importante saber mais sobre ela.
Afinal, ao examinar um paciente reclamando de dor nas costas, você sabe o que deve ser perguntado ativamente, ou seja, quais são os sinais de alarme? Quais remédios devem ser prescritos? Quais exames de imagem devem ser solicitados? A gente explica tudo isso aqui. Confira!
Antes de recomendar o tratamento, é importante saber o que causa lombalgia. O principal motivo da lombalgia decorre da contratura da musculatura paravertebral (lombalgia mecânica). Além disso, alguns outros fatores são:
Existem três tipos de classificação para a dor na lombar. A primeira delas é a lombalgia inespecífica (90-95% dos casos), sem etiologia clara, normalmente contratura muscular e/ou discopatias.
A segunda é a lombalgia com radiculopatia ou ciática, a qual sugere compressão radicular. Por fim, a lombalgia específica é associada a certos diagnósticos, como cólica nefrética ou pielonefrite.
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Na hora de conversar com o paciente para saber o histórico dele, é preciso prestar atenção em determinadas informações. Febre ou retenção urinária, por exemplo, são sinais de alerta.
Se o paciente tiver mais de 20 ou menos de 50 anos, os indícios de perigo são infecções, neoplasias e doença vascular. Se houver histórico de neoplasia, fique atento à metástase.
Caso ocorra perda de peso, repare se há neoplasias. Se o paciente tiver febre, note se há abscesso epidural ou osteomielite. Imunodeprimidos e usuários de drogas injetáveis requerem atenção para abscesso epidural, metástase e osteomielite.
Além disso, podem ser sinais: bacteremia (infecções), história de aneurisma de aorta (ruptura retroperitoneal), déficit neurológico motor (compressão medular), retenção urinária, incontinência fecal ou anestesia em sela (síndrome da cauda equina) e trauma (traumatismo raquimedular).
Após obter as respostas necessárias para descobrir o histórico do paciente, é muito provável estar apto para fazer o diagnóstico, sem a necessidade de nenhum tipo de exame.
Isso porque, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, exames de imagem não costumam ser solicitados quando há sintomas de lombalgia aguda, apenas quando são observados sinais de alerta, como os citados acima.
Nesse caso, o raio x simples costuma ser o mais indicado como primeiro exame. Além dele, outros testes que podem ajudar a elucidar o quadro são: tomografia computadorizada, ressonância magnética e mielografia.
Vale destacar que os exames só devem ser pedidos em caso de suspeita específica. Isso porque um exame de imagem alterado não necessariamente explica a causa da dor. Da mesma forma, uma pessoa com dor na lombar pode não apresentar alteração no exame.
A indicação de tratamento depende da causa da lombalgia. No entanto, aqui, para simplificar, vamos focar na lombalgia mecânica (contratura muscular), que, como já foi falado, é a mais comum.
Os analgésicos não opiodes costumam ser a primeira escolha. Analgésicos simples e AINEs (anti-inflamatórios não hormonais) não apresentam diferenças na literatura. AINEs não devem ser usados por longos períodos. Opioides devem ser usados se houver refratariedade após o uso dos analgésicos simples/AINEs
Devem ser usados como terapia adjuvante aos analgésicos, não de forma isolada. O uso melhora a mobilidade e a dor. Outras modalidades terapêuticas são a eletroacupuntura e as técnicas ultrassonográficas, que podem ser usadas (alguns estudos demonstraram eficácia), mesmo não tendo tanta relevância no departamento de emergência.
Já técnicas térmicas, estimulação elétrica transcutânea e colchicina não apresentam evidência na literatura que recomenda o uso rotineiro nos casos de lombalgia, então é melhor que sejam evitadas.
Manter-se ativo é bom para a melhora da dor e o retorno às atividades habituais. Sempre avalie o tipo de trabalho do paciente, já que ele deve se manter ativo, mas sem fazer esforço extenuante. Dependendo do caso, o atestado para repouso absoluto é necessário, mas evite recomendar que o paciente fique “de cama”. Fechou?
Se não houver indicação de exames de imagem (como já falamos no tópico sobre exames complementares), inicie o tratamento farmacológico. Caso não haja melhora após quatro semanas, considere solicitar TC ou RM.
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Gaúcho, de Pelotas, nascido em 1997 e graduado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Residente de Clínica Médica na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Filho de um médico e de uma professora, compartilha de ambas paixões: ser médico e ensinar.