Fala pessoal! Beleza? O tema agora é mamografia! Este exame de imagem baratinho, rápido e muito disponível que tem uma importância incrível no rastreamento e no diagnóstico do câncer de mama.
A mamografia nada mais é que uma radiografia da mama que é feita com a compressão mamária por duas placas plásticas (dói um pouco, mas nada de outro mundo). O exame gera uma imagem com uma resolução muito, mas muito boa mesmo, por reduzir a espessura da mama, a sobreposição de estruturas e a radiação espalhada!
É importante lembrar que para que possamos localizar as alterações, sempre realizamos duas incidências básicas: a mediolateral-oblíqua (apelidada de MLO) e a craniocaudal (também chamada de CC).
Caso seja necessário, podemos incluir incidências adicionais, como compressão localizada ou magnificação de alguma alteração que tenha deixado dúvida.
A técnica permite a detecção de nódulos, assimetrias do parênquima mamário e, mais importante, de microcalcificações, que são uma das manifestações radiológicas da neoplasia mamária e que não é bem avaliada pela ultrassonografia, outro método disponível para a análise das mamas.
Por este motivo, a mamografia é a queridinha do rastreamento do câncer de mama. Vamos revisar as indicações!
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia, está indicado o rastreamento do câncer de mama com mamografia anual para mulheres com idade maior ou igual a 40 anos, sendo mantida até 70 anos.
Já segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde, está indicado rastreamento do câncer de mama com mamografia a cada 2 anos (bienal) para mulheres entre 50 e 69 anos. Mulheres após os 70 anos devem ter conduta individualizada.
Agora, quando a mulher sente uma alteração na mama ou quando o exame clínico é suspeito, ou seja, fora de um contexto de rastreamento, devemos considerar um detalhe muito importante. A mamografia não é um exame bom para mamas densas pela grande sobreposição de tecido glandular, obscurecendo algumas lesões. Além disso, se a paciente tem um nódulo palpável, a mamografia não vai conseguir te dizer se aquele nódulo é sólido ou se é um cisto.
É aí que entra a ultrassonografia mamária, que é igualmente incrível no diagnóstico das afecções mamárias, sendo preferida na avaliação de pacientes mais jovens – para poupar essa mama jovem de receber a radiação ionizante da mamografia e também pelo fato das mamas jovens serem mais densas, reduzindo muito a sensibilidade da mamografia.
Indicações de mamografia: |
Rastreamento de câncer de mama |
Sintomas mamários (mastalgia, por exemplo) |
Suspeita clínica de tumor mamário |
Seguimento pós-operatório |
A interpretação da mamografia é padronizada pelo método BI-RADS, do Colégio Americano de Radiologia (ACR). Você já deve ter ouvido falar dele! Este sistema define o léxico (os nomes padronizados que devemos usar para descrever as lesões), bem como uma classificação das lesões mamárias baseada no risco de malignidade.
O método se consagrou por sua simplicidade e usabilidade, fornecendo uma linguagem única entre mastologistas, ginecologistas e radiologistas. Além disso, permite sugestão de condutas baseadas no risco de malignidade, como manter a rotina anual de rastreamento, controle da lesão ou biópsia.
Para você ter uma noção de como esse método é bem-sucedido na história da radiologia, o BI-RADS foi idealizado pela primeira vez em 1992 pelo ACR e introduzido no Brasil em 1998. Portanto, já são quase 30 anos sem cair em desuso (pelo contrário, só está se aprimorando).
Em 2003, por exemplo, a sistematização foi expandida para os relatórios de ultrassonografia e de ressonância magnética das mamas. Hoje em dia, não existe imagem da mama sem BI-RADS. Virou nossa linguagem!
Então, pessoal, com base nos achados, classificamos então a mama da paciente em uma das 7 categorias do BI-RADS (0 a 6) que você pode conferir abaixo:
Como já adiantamos, uma das grandes vantagens da classificação BI-RADS é permitir uma sugestão de conduta:
Bom, pessoal, é isso! Neste texto, revisamos um pouco sobre a técnica, as aplicações e a interpretação da mamografia.
A interpretação dos achados de imagem e a classificação BI-RADS são muito mais amplos, eu sei! Mas aqui está tudo o que você precisa saber para orientar – e muito bem – uma paciente (seja ela real ou na prova de residência).
Pra cima! Até a próxima.
Mineira, millennial e radiologista fanática. Formou-se em Radiologia pelo HCFMUSP na turma 2017-2020 e realizou fellow em Radiologia Torácica e Abdominal em 2020-2021 no mesmo instituto, além de ter sido preceptora da residência de Radiologia por 1 ano e meio. Apaixonada por pão de queijo, café e ensinar radiologia.