Olá, pessoal! Hoje nós vamos falar sobre as manifestações tomográficas da hemorragia intraparenquimatosa, uma das causas de acidente vascular encefálico.
Existem várias etiologias distintas para os hematomas parenquimatosos que variam conforme a sua localização no encéfalo.
Você sabe qual é a causa mais comum? Qual é o padrão de apresentação mais frequente? É isso que vamos revisar!
A hemorragia intraparenquimatosa é uma das causas dos acidentes vasculares encefálicos hemorrágicos.
De maneira distinta das hemorragias epidurais e subdurais, que se situam entre os folhetos meníngeos, e da hemorragia subaracnóidea, que está localizada no espaço subaracnóideo, a hemorragia parenquimatosa está no interior do parênquima encefálico.
Geralmente, manifestam-se como déficit neurológico focal agudo em associação à cefaleia de forte intensidade, por vezes se apresentando em conjunto com a síndrome da hipertensão intracraniana.
Um dos principais diferenciais dessa condição é o acidente vascular encefálico isquêmico e a hemorragia subaracnóidea aneurismática.
As hemorragias parenquimatosas podem ser divididas, basicamente, em duas categorias:
Cada categoria possui suas principais epidemiologias, etiologias e padrões de apresentação nos estudos de neuroimagem. Vamos falar um pouco sobre cada categoria.
As hemorragias primárias são aquelas que não possuem uma lesão parenquimatosa subjacente à hemorragia. Os dois grandes exemplos dessa categoria são as hemorragias de origem hipertensiva e as relacionadas à angiopatia amilóide.
A hemorragia hipertensiva possui localização típica, como a região nucleocapsular (especialmente o núcleo putâmen), tálamo, ponte e hemisfério cerebelar, sendo a principal causa de hemorragia parenquimatosa.
Embora menos comum, hemorragias nos hemisférios cerebrais (lobares) podem ocorrer como causa hipertensiva.
O paciente portador de hipertensão arterial sistêmica crônica não tratada, ao longo prazo, pode desenvolver pequenos aneurismas nas artérias perfurantes cerebrais, especialmente nas artérias lenticuloestriadas, chamados aneurismas de Charcot-Bouchard.
Durante picos hipertensivos, esses aneurismas podem romper, culminando em hematomas parenquimatosos nos locais típicos descritos acima (imagem 1).
Já as hemorragias relacionadas à angiopatia amiloide possuem outro perfil clínico-radiológico.
Essa categoria ocorre em pacientes idosos que apresentam depósito da proteína 𝛃-amiloide na túnica média e adventícia dos vasos leptomeníngeos e corticais cerebrais, determinando enfraquecimento das paredes vasculares e predispondo à ruptura.
Nos estudos de imagem, as hemorragias relacionadas à angiopatia amiloide apresentam distribuição preferencial pelos hemisférios cerebrais, podendo-se apresentar desde micro-hemorragias não detectáveis nos estudos tomográficos (encontradas apenas em sequências especiais da ressonância magnética do crânio) até grandes hematomas lobares (imagem 2).
São classificadas como secundárias aquelas hemorragias que representam uma complicação hemorrágica de alguma lesão intracraniana, como metástase, glioblastoma, cavernoma, malformações arteriovenosas e inúmeras outras lesões intraparenquimatosas.
Essa categoria de hemorragia não apresenta uma distribuição ou padrão específico (como as hemorragias primárias), pois podem ocorrer em associação com inúmeros tipos de lesões.
Portanto, frequentemente, além da hemorragia parenquimatosa, conseguimos caracterizar, nos estudos de imagens, sinais que possam nos indicar que existe uma lesão subjacente, como vasos calibrosos e tortuosos nos casos das malformações arteriovenosas, trombose dos seios durais nos casos de trombose venosa cerebral ou uma lesão expansiva com edema vasogênico nas metástases.
A suspeita de hemorragias secundárias deve ser levantada quando nos deparamos com quadros de hematomas parenquimatosos, que ocorrem em pacientes normotensos, pacientes jovens e naqueles que possuem sinais de doença sistêmica (neoplasias, vasculites, trombofilias, etc.).
Nas imagens abaixo, estão ilustradas algumas hemorragias parenquimatosas secundárias.
Esperamos ter esclarecido as dúvidas em torno das manifestações tomográficas da hemorragia intraparenquimatosas. Aqui, no nosso blog, disponibilizamos uma série de conteúdos sobre Medicina de Emergência e residência médica para contribuir com sua preparação.
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Capixaba raiz, nascido em 91. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com residência médica em Radiologia e especialização em Neurorradiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Fanático por filmes e apaixonado pela família. Siga no Instagram: @lorenzomarsolla