Se você tem ou almeja ter um número de CRM, é essencial saber indicar, aplicar e aproveitar uma grande facilitadora do processo de intubação: a máscara laríngea!
Existem muitos dispositivos de passagem simples que podem ajudar e literalmente salvar a vida do paciente que precisa de uma oxigenação tão urgentemente que não permite perder tempo com tentativas de intubação ou algo mais trabalhoso.
Entre os chamados dispositivos supraglóticos, a principal representante é a máscara laríngea. Ela é uma alternativa à ventilação pela cânula orotraqueal, com a exceção de que não protege completamente o paciente de aspiração ou laringoespasmo.
Apesar disso, ela cumpre muito bem o papel proposto, ou seja, fornecer oxigenação por meio de uma técnica simples e surpreendentemente eficiente no doente crítico!
Existem vários modelos, como a máscara laríngea descartável e a reutilizável. A essência do dispositivo configura-se em um tubo para ventilação de vias aéreas com um manguito semelhante a uma máscara na extremidade.
A principal diferença entre os tipos de máscaras laríngeas é que alguns possuem “barras” de abertura (uma “grade” sobre a entrada da laringe), que podem evitar a interferência da epiglote na ventilação.
Outros possuem “protetores” (ou “blocos”) de mordida, que protegem a máscara de um possível reflexo do paciente após a passagem. Mais importante que saber a diferença é conhecer a que está disponível no ambiente de trabalho e saber utilizá-la.
Devido à diversidade de modelos, é essencial compreender como usar a máscara laríngea. Para isso, é necessário estar atento ao tamanho utilizado no paciente.
Prever o tamanho da máscara laríngea é complexo. Isso porque uma boa vedação do manguito com a via aérea depende de muitos fatores, como a anatomia de cada paciente, a quantidade de ar insuflada e o tamanho do dispositivo.
Os fabricantes dividem os tamanhos em números completos (diferentemente das cânulas orotraqueais), por exemplo, 3-4-5-6, e a escolha depende do peso do paciente.
A dica é utilizar o tamanho 4 para a maioria das mulheres adultas e o tamanho 5 para homens adultos de até 100 kg. Lembre-se do volume de ar para insuflação: para uma máscara laríngea número 4, pode utilizar 30 mL; para a 5, 40 mL.
Se o tamanho escolhido não proporciona uma ventilação efetiva, considere a troca por um tamanho diferente ou até a intubação do paciente. É importante conhecer esses parâmetros descritos no corpo do dispositivo.
A passagem da máscara laríngea ainda exige um componente de sedação por mais que seja menos estimulante que um tubo. Nesse caso, valem opioides, hipnóticos e até agentes inalatórios para evitar o reflexo de tosse, engasgo, laringoespasmo ou esforço respiratório.
Existem relatos de colocação bem-sucedida em pacientes acordados com anestesia tópica, mas isso não é o ideal para o ambiente de emergência. Acompanhe o passo a passo realizado depois de lubrificar o manguito da máscara:
Esteja atento aos sinais de vazamento e lembre-se de verificar se deu tudo certo. Os passos são bem parecidos com a intubação com uma cânula, por meio de uma ventilação com baixas pressões e elevação adequada do tórax a cada respiração. Nesse caso, o padrão-ouro continua sendo o traçado da capnografia.
Não estranhe se aparecer um discreto inchaço no pescoço após o posicionamento. Se suspeitar de falha na técnica, vale lembrar que a causa mais comum de ventilação inadequada está relacionada à epiglote “dobrada” para baixo. Quando isso ocorre, a inserção pode ser necessária.
Para você não se perder na utilização, indicamos as principais armadilhas que a passagem da máscara laríngea pode trazer e como contorná-las. Identificando-as rapidamente, foque em repetir a passagem de forma rápida e prestando atenção para os mesmos erros não se repetirem.
Com o paciente em um plano mais superficial, a manipulação da via aérea com a máscara laríngea gera estímulos reflexos como laringoespasmo ou broncoespasmo, que dificultam o cenário. Além disso, o paciente pode manter o tônus das vias aéreas altas, impedindo o assentamento do dispositivo. Para resolver, capriche nos anestésicos.
Conforme a progressão da máscara, a ponta da epiglote pode “inverter” e dobrar, tendo como consequência uma respiração ruidosa ou até obstrução de via aérea. Para desdobrar, basta um movimento de “vai e vem” ou “para cima e para baixo”.
Conforme realiza essa manobra, retire entre dois e quatro centímetros da máscara e reinsira em seguida, sem desinsuflar o manguito. Nesse processo, a extensão da cabeça do paciente pode ajudar, mas se ainda não der certo, troque o dispositivo.
Em geral, pode ser resolvida com a troca da máscara laríngea por uma de calibre maior ou ao insuflar mais ar no manguito. Existem estudos que relacionam que o uso de numerações dois e três aumentam a incidência de falha no procedimento, por isso, a dica é utilizar os tamanhos quatro ou cinco.
Isso não é segredo quando o assunto é via aérea: se houver dificuldade na introdução, a rotação da máscara com o manguito parcialmente insuflado pode ser útil.
Agora que você já sabe utilizar a máscara laríngea, é só deixá-la à disposição para as emergências de plantão. Caso queira complementar os estudos, continue na Academia Medway e leia nosso Guia Rápido da Intubação Orotraqueal, que também traz várias informações importantes sobre a IOT.
Paulista, nascido em 89. Médico graduado pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), formado em Clínica Médica pelo HCFMUSP, Cardiologista e especialista em Aterosclerose pelo InCor-FMUSP. Experiência como médico assistente do Pronto-Socorro do InCor-FMUSP.