É muito comum relacionar Segurança e Medicina do Trabalho somente à legislação brasileira e suas exigências para com as empresas. Exames admissionais e demissionais são bons exemplos, além de outras práticas que visam a prevenção de acidentes e enfermidades relacionadas ao trabalho. O objetivo é garantir a saúde e a integridade dos funcionários da empresa — mas não é só isso!
Pensando nisso, neste artigo trazemos as principais informações sobre o tema. A ideia é ressaltar tanto a importância quanto os objetivos dessa especialidade. Vamos lá?
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A Segurança e Medicina do Trabalho é um conjunto obrigatório de práticas médicas, técnicas e políticas que devem ser adotadas pelas empresas. Seu objetivo é garantir a saúde e a integridade física e psicológica de empregados, em um ambiente de trabalho seguro e saudável.
Essa regulamentação (Lei n° 6.514/1977) consta no capítulo V da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ela dita as regras e as responsabilidades das empresas e dos trabalhadores no que diz respeito à higiene básica, organização e ao conforto em qualquer atividade — além da segurança, é claro.
Uma série de 36 Normas Regulamentadoras detalham, por setores específicos, como devem ser as práticas médicas e de engenharia nesse ambientes. Essas normas tratam de manejo de equipamentos, eletricidade, água e atividades insalubres (devido ao uso de produtos químicos ou barulho).
Além da CLT e das NRs, outras portarias, decretos, normas brasileiras (NBRs) e convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) também ajudam a promover o exercício da Medicina e Segurança do Trabalho.
O conceito de Medicina do Trabalho tem muito valor. Ela ajuda na prevenção por meio de equipamentos de proteção individual e da realização de exames médicos pontuais.
Além do conhecimento de anatomia e fisiologia humanas, portanto, esse profissional precisa conhecer um pouco da legislação. Ao contrário de outros médicos, esse especialista quase não atua no tratamento de doenças, na prescrição de medicamentos ou na realização de cirurgias. Sua maior função é ajudar a promover a qualidade de vida e a prevenir acidentes, doenças e incapacidades relacionadas ao ambiente de trabalho!
Há várias formas de fazer isso. Os EPIs (equipamentos de proteção individual), como máscaras, capacetes e cinto de segurança para trabalho em altura, são alguns exemplos. Essa sigla ficou muito conhecida por conta das máscaras que se popularizaram com a pandemia de covid-19, mas não é a única!
Outra menos conhecida é a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)! Colaboradores e trabalhadores da empresa formam esse grupo, que zela pelo cumprimento de ações de Medicina e Segurança do Trabalho nas empresas, além da promoção de boas práticas. Também há a visita regular a consultórios médicos especializados nas enfermidades do trabalho.
Você sabia que o Brasil é quarto país com maior número de acidentes de trabalho no mundo? Os números são alarmantes!
Ao mesmo tempo, no site do MPT (Ministério Público do Trabalho) consta a triste estimativa de que a cada 5 minutos um colaborador morre no ambiente de trabalho. Além disso, registra-se a ocorrência de um acidente por minuto, como amputações, cortes, lacerações, fraturas e esmagamentos causados tanto por máquinas quanto produtos.
As entidades que atuam com saúde e segurança ocupacional também registraram no MPT que, em média, por algum tipo de doença adquirida ou acidente, mais de 600 pessoas são afastadas do emprego. Já pensou no estrago que isso causa na saúde das famílias, nas empresas e na sociedade?
Logo, é por isso que a atuação do médico do trabalho é tão importante! Ele é responsável pela orientação do trabalhador para a investigação das relações entre patologias e condições de trabalho.
É a pergunta que não quer calar! O que faz esse médico? Só atestados? Não, e nós vamos te explicar de vez qual é a diferença entre o Médico do Trabalho e o Técnico/Engenheiro em Segurança do Trabalho.
A Segurança do Trabalho atua na preservação da integridade física, com foco maior na prevenção de acidentes do trabalho. Técnicos, tecnólogos e engenheiros são os principais profissionais dessa área.
A Medicina do Trabalho, em contrapartida, é a especialidade médica que lida com as relações entre a saúde dos trabalhadores e sua atividade. Ela não cuida só da prevenção de doenças e de acidentes, mas também da promoção da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores.
Isso engloba todos: desde o trabalhador que tem riscos mínimos até os que trabalham em caldeiras industriais e têm riscos de saúde enormes! Para auxiliar os médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem atuam de maneira direta no PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional).
A verdade é que esses dois campos — Segurança e Medicina do Trabalho — andam juntos e de mãos dadas. Existem muitas ações articuladas para assegurar a saúde física e mental nas atividades laborais e nas relações das pessoas em seu ambiente de trabalho.
Inclusive, muitos não sabem, mas está prevista na NR 04 a atuação conjunta entre médicos e outros profissionais de segurança e saúde do trabalho.
Veja bem: o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) avalia e enquadra a empresa nos graus de riscos (1 a 4) e se responsabiliza pelas ações assertivas. Já os médicos se encarregam da orientação, exames e tudo relacionado à saúde do empregado antes de ser contratado, durante sua jornada na empresa e após seu desligamento.
É quase certo que empresas muito pequenas não precisam contratar um SESMT, mas devem se adequar às normas de segurança e saúde vigentes: todo mundo faz exame admissional, não faz? Toda empresa deve fornecer EPI — é um direito do colaborador! É basicamente isso. Sem a participação do médico do trabalho, ninguém contrata no Brasil, sob a CLT.
Enquanto os engenheiros e técnicos garantem o uso de equipamentos, médicos orientam e indicam seu uso. Mas cabe à empresa ou ao SESMT o preenchimento dos documentos que Ministério do Trabalho exige, como a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), que ficam na empresa.
Na maioria das vezes, isso não é suficiente para preservar a saúde e a segurança do empregado, mas são ações conjuntas que contribuem para melhorar a qualidade de vida do trabalhador. Este também deve fazer a parte dele: acatar ações de segurança e indicações dos médicos. Todo mundo junto faz a roda girar melhor.
Em conclusão, muitos profissionais diferentes atuam nesse campo pra garantir que tudo esteja adequado nas atividades laborais! E embora os profissionais de Segurança e Medicina do Trabalho atuem em conjunto, as duas disciplinas são distintas. É importante separar as coisas para entender onde é que você entra — já que essa pode ser a residência médica dos seus sonhos!
Já falamos, mas não faz mal reforçar: a Medicina do Trabalho tem como foco a prevenção de doenças e controle de riscos ambientais. É fazer a mediação entre as exigências da empresa para as atividades profissionais e o impacto na saúde dos colaboradores.
Portanto, tem que saber aproveitar todo o seu conhecimento sobre Medicina, juntá-lo com legislação e aprender sobre as particularidades da atividade profissional em avaliação para, aí sim, poder agir com segurança na tomada de decisões e orientações.
“Mas como é que o médico faz a mediação?”. Realizando (ou fazendo solicitações) de exames médicos para investigar, prevenir ou até mesmo acompanhar doenças relacionadas ao trabalho. Lembra da CLT? De acordo com o artigo 168 dela, para admissão, demissão e periodicamente, todo funcionário deve passar por um médico do trabalho.
Em tese, a tarefa do médico do trabalho não requer mudanças bruscas de rotina, nem exigências físicas, como os cirurgiões, por exemplo — mas nem por isso deixa de ser instigante e desafiadora!
Realizar avaliações e ações preventivas para garantir que as condições de trabalho ou o serviço realizado não prejudiquem a saúde do trabalhador requer olhos e ouvidos atentos para saber se serão necessários exames complementares como Eletrocardiograma, Eletroencefalograma ou Espirometria, por exemplo.
Não é simples. Para fazer um exame admissional, o médico precisa verificar as condições de saúde do colaborador, considerando a função que ele vai exercer. Aí, tem que fazer check-up geral, com avaliação da postura, pressão, frequência cardíaca etc, assim como exames específicos.
Se, durante o trabalho, o funcionário vai ficar exposto ao ruído, por exemplo, uma audiometria é necessária. Procedimentos parecidos podem ser feitos numa mudança de função, retorno de férias ou licença médica.
Para a demissão de funcionários, a empresa também precisa recorrer à Medicina do Trabalho. É o médico quem avalia a condição de saúde e verifica se o trabalho causou algum prejuízo ao colaborador. Se constatarem que causou, gera responsabilidade indenizatória para a empresa contratante.
Por isso é importante que o médico esteja antenado sobre os assuntos relacionados ao universo do trabalho, legislações, políticas públicas, questões sociológicas e demográficas, além de saber lidar com a burocracia e papelada que envolvem esse processo.
O lado bom dessa especialidade é que não há plantão, a rotina é pouco estressante e dá para agregar mais atividades remuneratórias, como consultas em consultórios compartilhados, palestras e inspeções nos ambientes de trabalho.
O mercado é bem amplo e as chances são boas para quem quer se tornar funcionário público! As melhores ofertas ficam nas regiões mais industrializadas, devido ao grande volume de funcionários e empresas de maior porte.
Como essa é uma especialidade que acompanha o crescimento do país, trabalho não falta, já que praticamente toda empresa privada ou pública precisa dos serviços do médico do trabalho.
Ao contrário do que muitos podem imaginar, o desempenho em uma atividade profissional está diretamente ligado ao sentido de utilidade, e isso o médico do trabalho tem de sobra! Isso significa que eles não estão ali simplesmente pelo dinheiro, mas também em busca de valorização.
A Medicina do Trabalho é muito forte em áreas predominantemente industriais. No Brasil, São Paulo é o estado que mais contrata esse tipo de profissional.
Um médico do trabalho ganha, em média, R$ 10.861,99 no mercado brasileiro para uma jornada de trabalho de 28 horas semanais, de acordo com pesquisa do Salario.com.br junto a dados oficiais do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web. Essa pesquisa considera um total de 3.605 salários de profissionais admitidos e desligados pelas empresas em 2023/2024.
Não varia muito da média salarial inicial de outros especialistas, juntamente com a vantagem de ter uma rotina menos agitada e não haver procedimentos cirúrgicos nem plantões — que geram mais renda, mas também mais desgaste.
É claro que com maior conhecimento e com outras atividades remuneradas incluídas, como palestras, aulas e atendimentos em mais de um consultório ou clínica, os rendimentos podem ser substancialmente maiores.
Talvez não seja uma boa pedida ser funcionário público se você estiver pensando em termos de salário e não em estabilidade — a média salarial entre os concursados dessa especialidade, assim como os de Medicina da Família e Comunidade, é 45% menor do que os que ocupam cargos em empresas privadas. Fica a dica pra você analisar que estilo de vida te agrada mais!
A maior prova de que uma área é bem vista entre os recém-formados é a busca por vagas. São quase 16 mil médicos formados desde o reconhecimento da Medicina e Segurança do Trabalho como especialidade médica pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) em 2003.
Analogamente, a especialidade tende a crescer cada vez mais, mas infelizmente ainda depende muito da economia do país. Tempos de crise diminuem as contratações e, com isso, a demanda de médicos do trabalho. Todavia, graças ao desenvolvimento científico e às novidades no diagnóstico e tratamento de patologias que surgem no ambiente de trabalho, a tendência é de crescimento na área.
Da mesma forma, é bom ficar ligado aos assuntos referentes ao stress no trabalho se você se interessa por Medicina e Segurança do Trabalho, afinal de contas, o mundo moderno tem exigido cada vez mais produtividade em tempo recorde, acarretando uma série de problemas laborais, como por exemplo a Síndrome de Burnout.
A residência médica em Medicina do Trabalho é de acesso direto, com duração de 2 anos. Nesse período, o residente roda em ambulatórios de especialidades como Dermatologia; Ortopedia; Clínica da Dor; Otorrinolaringologia e Pneumologia. Assim, conhece e aprende a e identificar com segurança as principais doenças relacionadas aos vários ambientes de trabalho.
Na intenção de gerar resultados efetivos no aprimoramento de condutas de urgência e emergência, é comum que os estágios no serviço de atendimento pré-hospitalar sejam os favoritos dos residentes, por conta dos acidentes de trabalho. Uma ótima oportunidade de ver casos mais graves e entrar em contato com algumas subespecialidades.
Sim! Uma outra alternativa atraente para quem quer fazer residência em Medicina e Segurança do Trabalho são as subespecializações em áreas afins e que interagem com a especialidade. Isso porque a Medicina e Segurança do trabalho é uma especialidade exclusivamente dedicada à saúde clínica do trabalhador e não há subespecialidades que a exijam como pré-requisito.
Seja como for, o que não falta é opção para quem deseja se embrenhar por outros caminhos que cruzam a Medicina do Trabalho, veja só: Medicina Aeroespacial, Medicina Hiperbárica, Clínica da Dor e Perícia Médica, por exemplo.
Só depende de você a conquista de bons resultados em qualquer área! E se você acha que a residência em Medicina e Segurança do Trabalho é pra você, bora correr atrás? Em São Paulo, dois exemplos de instituição com bons programas de residência em Medicina e Segurança do Trabalho é a USP-SP e a Unicamp, que recentemente liberaram os editais de 2021.
Nesse sentido, você pode começar essa jornada aqui com a gente, estudando do jeito certo e com direcionamento para chegar no fim do ano mandando bem em todas as provas! Na Academia Medway você encontra todos os nossos materiais gratuitos para dar um gás na sua preparação para a residência médica dos seus sonhos! Lá tem guias estatísticos gratuitos dessas instituições e vários minicursos com aulas grátis!
Carioca da gema, nasceu em 93 e formou-se Pediatra pela UFRJ em 2019. No mesmo ano, prestou novo concurso de Residência Médica e foi aprovada em Neurologia no HCFMUSP, porém, não ingressou. Acredita firmemente que a vida não tem só um caminho certo e, por isso, desde então trabalha com suas duas grandes paixões: o ensino e a medicina. Siga no Instagram: @jodamedway